quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Um exemplo a ser seguido

A atitude do atacante polonês, naturalizado alemão, Klose, do Lazio (ITA), que confessou ao árbitro do jogo do seu clube contra o Nápoli, pelo Campeonato Italiano, que havia feito um gol com a mão, repercutiu no mundo inteiro. O árbitro havia consignado o gol e, depois do que lhe disse Klose, voltou atrás. O jogador foi cumprimentado pelos adversários e aplaudido pelos torcedores. Não é a primeira vez que algo assim acontece no futebol europeu. Há alguns anos, na Inglaterra, um jogador pediu ao árbitro que voltasse atrás na marcação de um pênalti, pois o adversário não havia cometido falta sobre ele. Ao me deparar com exemplos assim, fico envergonhado, como brasileiro, de constatar como as coisas são diferentes por aqui. No Brasil, os jogadores tentam ludibriar os árbitros, simulando faltas e contusões, para obter proveito para si e para seu time, atitude que é altamente reprovada pelo público europeu. Na nossa peculiar maneira de encarar o futebol e a vida, é preciso "ser esperto", levar vantagem. Para os padrões brasileiros, a atitude de Klose é coisa de "trouxa". Não seria de se espantar se, caso um jogador brasileiro agisse como o atacante do Lazio, sua própria família ficasse contra ele. São fatos como esse que mostram o fosso civilizatório que nos separa do chamado "Primeiro Mundo". O Brasil já tem, em muitos setores, um padrão de excelência próximo dos países desenvolvidos, e sua economia já é a sexta do mundo. Porém, quando se trata das relações humanas, da vida em sociedade, da educação e da urbanidade, parecemos, por vezes, ainda estarmos na Idade da Pedra. Klose provou, com seu gesto, que mesmo num esporte milionário como o futebol, e cheio de interesses nem sempre muito elevados em torno de si, há espaço para a honestidade. Na Europa a chamada "Lei de Gérson", aquela que diz que o importante é levar vantagem em tudo, tão apreciada no Brasil, não prospera. Os europeus não são anjos, longe disso, mas ainda cultivam valores essenciais para a convivência em sociedade. Klose deu um exemplo a ser seguido, mostrando que há limites a serem respeitados, que não se pode buscar a vitória a qualquer preço. Seria bom se os jovens brasileiros que estão iniciando carreira no futebol não encarassem a atitude de Klose como uma excentricidade, mas como um modelo de comportamento.