segunda-feira, 23 de julho de 2012

Um festival de besteiras

Vez por outra, talvez numa tentativa de causar impacto e obter seus quinze minutos de fama, pensadores, sociólogos e outros profissionais do ramo das ciências humanas aparecem defendendo posições conflitantes com os comportamentos socialmente preponderantes. Dessa forma, conceitos superados e práticas arquivadas pela evolução natural da sociedade são trazidos ao debate novamente. A edição dessa semana da revista "Veja" apresenta uma entrevista com a socióloga inglesa Catherine Hakim. Ela é considerada uma expoente do chamado novo feminismo europeu. Trata-se do que a revista classifica como "feminismo às avessas". Ao longo da entrevista, Catherine desfila uma série de ideias retrógradas, capazes de despertar a ira das ativas e independentes mulheres dos tempos atuais. Catherine diz, por exemplo, que atratividade e beleza são fundamentais para a ascensão profissional das mulheres nas sociedades modernas. Seguindo nessa linha, a socióloga sustenta que, no que concerne ao sucesso, ninguém duvida do mérito dos inteligentes nem questiona a exclusão dos ignorantes, sendo natural que se recompense, também, quem se destaca pela aparência. Catherine argumenta que o mito feminista da igualdade dos sexos é tão infundado quanto a afirmação de que todas as mulheres almejam a total simetria nos papéis familiares, emprego e salário. Ela afirma que, ao contrário do que defendem as feministas, diversos estudos indicam que a maioria das mulheres prefere ficar em casa em tempo integral quando os filhos são pequenos, e que um parceiro bem-sucedido torna essa opção mais viável. Catherine chega ao ponto de dizer que tornar-se uma dona de casa "à toa", em tempo integral, é uma utopia moderna para a maioria das mulheres. Mais uma vez calcando-se em inespecíficos "estudos" realizados em "todo o mundo", a socióloga argumenta que as mulheres preferem homens com recursos, pois isso viabiliza a permanência delas no lar. Prosseguindo com seus disparates, Catherine diz que a legislação, por ter sido inventada pelos homens para os seus próprios interesses, impede, muitas vezes, que as mulheres recebam integralmente o lucro de seus talentos, com valor comercial adequado. Nesse sentido, considera que a barriga de aluguel é um fluxo de receita inexplorado e do qual as mulheres poderiam se beneficiar. Essas e outras tantas ideias expostas por Catherine Hakin ao longo da entrevista poderiam ser classificadas como excêntricas e anacrônicas, e o são, efetivamente. Porém, mais do que isso, por estarem em absoluto descompasso com a evolução alcançada pela mulher na sociedade, merecem ser tidas, tão somente, como um festival de besteiras.