terça-feira, 17 de agosto de 2021

O ápice da estultice

Um artista conservador é, em si, uma contradição insanável. A arte é, por natureza, libertária e transgressora. Não há como combinar arte e fascismo, até porque, uma das caracteríscas principais dessa corrente ideológica é o seu ódio à cultura. A manifestação do cantor Sérgio Reis, de apoio a uma paralisação de caminhoneiros no país para que fossem aprovados o voto impresso e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, é o ápice da estultice que tomou conta do Brasil no governo Jair Bolsonaro, mas a resposta da opinião pública ao fato mostra que os ventos da política brasileira estão mesmo mudando. Sérgio Reis surgiu no cenário artístico brasileiro como um cantor da Jovem Guarda. Nesse período, emplacou um único sucesso, a música "Coração de Papel", de 1967. Depois disso, caiu no ostracismo, de onde só foi resgatado em meados dos anos 70, quando deu uma guinada em sua carreira tornando-se um popular cantor sertanejo. Nas década de 80 e 90, participou, inclusive, de novelas de televisão. Com o tempo, Sérgio Reis decidiu ingressar no meio político, e chegou a cumprir um mandato de deputado federal, por um partido de direita. Bolsonarista assumido, Sérgio Reis não percebeu que o "gado" que apoia o presidente genocida vem encolhendo cada vez mais, e se surpreendeu com o repúdio gerado contra suas manifestações. Muitas pessoas, nas redes sociais, pediram que fosse decretada a sua prisào, por sua incitação contra a ordem constitucional. A partir da repercussão extremamente negativa de suas falas, Sérgio Reis sentiu-se deprimido e tem tido crises de choro. Porém, o cantor não se mostra arrependido, e tenta justificar suas execráveis posições. Com o velho discurso de apoio aos que "enchem os navios de carga", Sérgio Reis alinha-se a um dos setores mais retrógrados e deletérios do país, o do chamado "agronegócio". Suas lágrimas não devem comover ninguém, são apenas o reflexo dos arroubos autoritários de um artista medíocre, representante de um péssimo gênero musical que massacra os ouvidos brasileiros.