domingo, 18 de agosto de 2019

A volta de uma ideia nefasta

Aventada muitas vezes, e nunca concretizada, a ideia de transformar os clubes de futebol brasileiros em empresas está para ser novamente levantada pela Câmara dos Deputados com o projeto de lei 5.082/16, que institui a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em tempos de neoliberalismo galopante, essa possibilidade desperta o interesse de muitos, mas é a volta de uma ideia nefasta. Os clubes brasileiros são associações sem fins lucrativos, e foi sob essa condição que o futebol se desenvolveu no país. O torcedor brasileiro é, antes de tudo, um apaixonado, e não um cliente. Fatos que ocorrem com clubes europeus, que são adquiridos por milionários ou grupos econômicos estrangeiros não seriam tolerados no Brasil. Os métodos de administração dos clubes podem e devem ser modernizados, e isso está sendo feito, mas para tanto não é necessário que se transformem em empresas. Novos cargos remunerados foram criados pelos clubes há alguns anos, como os de gerente de futebol e CEO, dando uma face mais profissional na administração. Portanto, é possível modernizar a administração sem fazer com que os clubes se tornem empresas. No Brasil, os clubes tem forte relação com as suas comunidades, e dela retiraram a força para o seu crescimento. Os que querem a transformação dos clubes em empresas o fazem por pensar em obter lucros. O futebol tornou-se um negócio milionário, mas não se pode matar a paixão.