sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O pessimismo de Pelé

Pelé é, sem dúvida, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Maradona, Garrincha, Messi, Di Stéfano e Puskas são outros exemplos de craques extraordinários, mas Pelé é superior a todos, um verdadeiro gênio. Porém, ao contrário do que alguns possam pensar, a genialidade não é multifatorial, ela se concentra num determinado dom ou habilidade. Sendo assim, alguém que atinge a condição de gênio numa atividade, poderá ser medíocre em outros campos de atuação. No caso específico de Pelé, ele nunca demonstrou o mesmo brilho em qualquer outra área com que tenha se envolvido. Ele já aventurou-se como compositor, mas as músicas que criou constrangem pelo primarismo. Também já arriscou-se como ator e, igualmente, não despertou nenhum entusiasmo pelo seu desempenho. Como ministro dos Esportes no governo de Fernando Henrique Cardoso, criou a malfadada lei que leva o seu nome e que, sob o pretexto de libertar os jogadores da "escravidão", prejudicou imensamente os clubes, favorecendo intermediários que, usando a alcunha de "empresários", nada mais são do que gigolôs fazendo fortuna às custas do suor alheio. Ao longo do tempo, as manifestações públicas de Pelé também foram, em geral, desastradas. Ficou célebre uma declaração sua, ainda nos tempos da ditadura, dizendo que o povo brasileiro não sabia votar. Seus muitos disparates fizeram com que, certa vez, o também ex-jogador Romário dissesse que " De boca fechada, Pelé é um poeta". Agora, em  mais uma declaração inoportuna e infeliz, Pelé afirmou que não acredita no êxito do movimento Bom Senso F.C., criado por jogadores, que visa obter mudanças na estrutura do futebol brasileiro, principalmente em relação ao calendário. O movimento, criado há pouco mais de um mês, já conseguiu que os campeonatos estaduais de 2014 tivessem sua duração reduzida, o que, parece, não foi observado por Pelé. O Bom Senso F.C. pretende, entre outras coisas, um calendário mais enxuto e racional, com um mês de pré-temporada. Os jogadores já fizeram manifestações de protesto antes de partidas do Campeonato Brasileiro, e pretendem intensificar suas ações na rodada desse fim de semana da competição, por entenderem que a CBF não está correspondendo às expectativas do movimento quanto às mudanças no futebol do país. Em vez de juntar sua voz com a dos jogadores, valendo-se da representatividade que sua figura possui, Pelé manifesta seu pessimismo quanto ao atendimento das reivindicações que eles encaminharam. Mais uma vez, Pelé presta-se a um triste papel, andando de mãos dadas com as forças mais retrógradas do futebol brasileiro. Comprova, com isso, que sua genialidade ficou restrita ao que fazia dentro do campo. Fora dele, quase sempre, mete os pés pelas mãos.