terça-feira, 15 de maio de 2012

Jogadores notívagos

Não há nada de errado no fato de pessoas jovens e saudáveis procurarem os prazeres e divertimentos da vida noturna. Em se tratando de jogadores de futebol contratados por grandes clubes, o fato é mais natural ainda, pois recebem altos salários e dispõem de muito dinheiro para gastar com o lazer. No entanto, nesse caso específico, estão ocorrendo exageros. Jogadores como Adriano, atualmente sem clube, e Ronaldinho, do Flamengo, praticamente abriram mão de jogar futebol para dedicarem-se inteiramente às "baladas", em festas animadíssimas que vão até o amanhecer. Milionários e mimados, os jogadores mostram-se indiferentes à repercussão negativa de tal tipo de comportamento junto aos torcedores e à imprensa. O fato envolvendo Jô e Jajá, ambos do Inter, é bastante ilustrativo a esse respeito. Os dois jogadores, logo após o Inter perder para o Fluminense e ser eliminado da Libertadores, maior objetivo do clube em 2012, saíram direto do Engenhão e entregaram-se às delícias da noite do Rio de Janeiro, sem sequer retornar com a delegação para o hotel, para onde só voltaram pela manhã. Jó já é reincidente, pois faltou a uma viagem para um jogo na Bolívia e promoveu uma ruidosa festa de aniversário na mansão onde mora em Porto Alegre, perturbando o sossego de seus vizinhos, que protestaram. Hoje, o volante Sandro Silva, grande destaque do Inter nos últimos jogos, apareceu com um corte no joelho que o deixará fora da estréia do clube no Campeonato Brasileiro, no domingo, contra o Coritiba, no Beira-Rio. O corte no joelho de Sandro Silva foi consequência de uma briga em que ele se envolveu ao comemorar o título de campeão gaúcho numa "balada" em Porto Alegre. O próprio jogador disse que excedeu-se na comemoração do título. Não estou entre os que adotam uma visão censória e moralista sobre o assunto, pois, como coloquei nesse mesmo texto, não há nada de errado em divertir-se na noite. Porém, um mínimo de postura é algo que se pode e deve exigir de profissionais tão bem remunerados. Sabe-se, há muito tempo, que os jogadores não tem mais nenhum amor à camiseta, estando atrás, apenas, do dinheiro. Ainda assim, é inaceitável, no caso de Jô e Jajá, que os dois jogadores tivessem ânimo para sair direto do estádio para as badalações noturnas, momentos após uma eliminação tão dolorosa para o clube e sua torcida. O futebol, com seus polpudos salários, criou uma casta de privilegiados que só olha para os próprios interesses, dando de ombros para tudo o mais que os cerca. Está mais do que na hora de se estabelecer uma relação de maior respeito dos jogadores para com os clubes que os pagam e os torcedores. Como se alcançará isso é algo ainda a se pensar, mas é uma providência que não pode mais ser adiada.