sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Aposentadoria adiada

A decisão do goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, hoje anunciada, de assinar um novo contrato até agosto de 2015, mostra o quanto é difícil saber o momento adequado de encerrar uma carreira. Com uma trajetória exitosa no São Paulo, seu único clube, muitos consideram Rogério o maior jogador da história da instituição. Marcou, até hoje, mais de 100 gols, todos em cobranças de faltas e pênaltis, um feito único para um jogador da sua posição. No entanto, Rogério já está próximo de completar 42 anos. Ele já havia prometido encerrar a carreira em 2013. Porém, acabou decidindo continuar jogando por mais um ano. Em abril último, declarou que 2014 era, decididamente, o seu derradeiro ano de carreira. Agora, voltou atrás novamente. Penso ser uma escolha equivocada. O fato de ter tido um bom desempenho esse ano, somado à classificação do São Paulo para a Libertadores, influiu na atitude de Rogério, mas ela é mais emocional do que racional. Seria muito mais conveniente parar num bom momento, preservando integralmente sua imagem de ídolo, do que sujeitar-se a um súbito decréscimo técnico, o que é sempre uma hipótese para um jogador de idade tão avançada. Não é fácil tomar a decisão de encerrar a carreira para quem alcançou a fama e a fortuna. Sair do foco dos holofotes, deixar de fazer novos contratos milionários, são perspectivas que atormentam os grandes jogadores. Porém, ao contrário de outras profissões, a de jogador de futebol depende de um físico jovem e de grande vitalidade, e Rogério já é um veterano. Com seus sucessivos adiamentos do final de carreira, Rogério corre o risco de vir a fazê-lo num momento menos favorável, empanando uma trajetória tão bem sucedida, e dificulta a sua própria adaptação a um novo projeto profissional, o que, mais cedo ou mais tarde, terá de acontecer.