terça-feira, 10 de junho de 2014

A incoerência dos palanques

O quadro político visando às eleições de outubro revela, sem disfarces, a total ausência de coerência ou princípios de partidos e de candidatos. Movidos, tão somente, pela busca desenfreada pelo poder, partidos se enfrentam nos estados ao mesmo tempo em que firmam aliança no plano nacional. Basta percorrer o noticiário para verificar a dissonância entre as decisões do diretório nacional de algumas legendas e de suas instâncias estaduais. O PMDB talvez seja o exemplo mais gritante. Na eleição presidencial, o PMDB seguirá aliado ao PT, inclusive com Michel Temer, novamente, como vice na chapa da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição. O diretório do Rio Grande do Sul, no entanto, apoiará o candidato do PSB, Eduardo Campos. Por sua vez, o diretório do Rio de Janeiro, antigo aliado do PT, rompeu a parceria e apoiará Aécio Neves, candidato do PSDB.. O PP nacional apóia o governo federal, mas diretórios estaduais discordam dessa postura e apoiarão adversários de Dilma. O que leva os partidos a essa estranha dicotomia? A busca de cargos no governo federal, por parte dos diretórios nacionais, e as rivalidades locais, em se tratando das instâncias estaduais. Essa situação, no entanto, demonstra o nível de deterioração da política brasileira. Não há mais vestígios de idealismo ou de embasamento ideológico na ação dos partidos e dos candidatos. A atividade política tornou-se um balcão de negócios, um toma lá e dá cá, caótico e incoerente em termos programáticos. A consequência, óbvia, é um descrédito crescente da política aos olhos da população. O Brasil é um país que tem tido avanços notáveis em vários campos de atividade. Porém, a política tem caminhado em sentido contrário. A incoerência entre os palanques que estão sendo formados para as eleições só servem para confundir e desencantar o eleitor.