terça-feira, 1 de novembro de 2016

Voto obrigatório

Bastou o fato de que as eleições de 2016 apresentaram uma grande abstenção e um alto número de votos brancos e nulos para que uma velha questão voltasse a ser discutida. O assunto em tela é o fim do voto obrigatório. Os defensores do voto facultativo argumentam que ele é adotado na maioria dos países. Sustentam, também, que votar deve ser um direito, não uma obrigação. Porém, ainda que a ideia possa ser teoricamente sedutora, penso que a implantação do voto facultativo não seria boa para o Brasil. Em primeiro lugar porque não há justificativa aceitável para alguém se eximir de votar, pois o ato não exige nenhum sacrifício do eleitor já que as seções são sempre próximas de seu local de residência. O tempo necessário para o ato de votar também não é grande e, portanto, em nada atrapalha a vida do eleitor. O fim do voto obrigatório afastaria ainda mais o cidadão da política, o que é muito ruim. Afora isso, abriria espaço para que pessoas desinteressadas de votar aceitassem fazê-lo por dinheiro, que receberiam para favorecer determinados candidatos. Num país ainda muito despolitizado como é o Brasil, o fim do voto obrigatório só favoreceria os adeptos da demofobia. A leitura que deve ser feita sobre o comportamento do eleitor no pleito de 2016 não é a de que ele queira ser desobrigado de votar. O que ele deseja é uma ampla reforma política. Retirar a obrigatoriedade do voto e manter a mesma carcomida estrutura política seria um desastre. Só quem deseja isso são as forças conservadoras. O país não pode embarcar nessa canoa furada.