sábado, 15 de julho de 2023

As estranhas posturas de Eduardo Leite

Certa vez, Tim Maia, com toda a sua irreverência, disse que o Brasil é um país que não pode dar certo porque, nele, prostitutas se apaixonam, cafetões sentem ciúmes, traficantes se viciam, e pobres são de direita. Nessa linha de pensamento, chamam a atenção as estranhas posturas de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, reeleito em 2022. Leite assumiu publicamente a sua condição de homossexual no programa "Conversa com Bial", da Rede Globo, em 2021. Num país homofóbico como o Brasil, Leite teve um ato de coragem. Porém, Leite adotou, inusitadamente, um papel de gay conservador. Na entrevista em que saiu do armário, Leite disse que era um governador gay, mas não um gay governador. Com isso, Leite deixava claro que não seria um militante da "causa", já que, politica e economicamente, sua sintonia é com os conservadores da sociedade, que defendem o estado mínimo, privatizações, e toda sorte de medidas demofóbicas, e não toleram pautas progressistas e de afirmação de grupos minoritários. Leite declarou que pretende manter as escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul, mesmo depois de, na quarta-feira, o presidente Luís Inácio Lula da Silva ter determinado a extinção do programa que as implantava. O governador não tem problemas em se assumir gaý, mas recusa a militãncia por saber que se trata de uma pauta da esquerda. Direitista, Leite defende as escolas cívico-militares, para agradar os setores retrógrados da sociedade, os mesmos que sempre oprimiram e perseguiram os gays. Tim Maia tinha razão, o Brasil não pode, mesmo, dar certo, pois acrescentou um novo ser exótico em sua paisagem, o gay reacionário.