segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Técnicos estrangeiros

A imprensa esportiva brasileira costuma ser assomada por paixões repentinas. Crítica severa dos técnicos brasileiros, que julga defasados, na sua maioria, vibrou com o surgimento, há poucos anos, de treinadores jovens e emergentes. Nomes como Roger Machado, Jair Ventura e Fábio Carille foram saudados como a tão necessária renovação entre os técnicos do país. O entusiasmo se revelou precipitado. Roger Machado não conseguiu se firmar profissionalmente, mesmo tendo a oportunidade de ser técnico de três dos maiores clubes do Brasil, Grêmio, Palmeiras e Atlético Mineiro. Seu último trabalho, num clube médio, o Bahia, também não foi bom. Jair Ventura, após um início promissor no Botafogo, fracassou rotundamente em Santos e Corinthians, ficou dois anos desempregado, e tenta recomeçar sua carreira no Sport. Fábio Carille, após um êxito fulgurante no Corinthians, saiu do clube e voltou, pouco depois, para um segundo trabalho decepcionante. Hoje, está no futebol árabe. A partir de 2019,uma outra paixão acometeu a crônica esportiva brasileira. Foi pelos técnicos estrangeiros. O sucesso do português Jorge Jesus, no Flamengo, e do argentino Jorge Sampaoli, no Santos, gerou um grande entusiasmo com os técnicos vindos de fora. Essa postura se refletiu em outros clubes, que também foram buscar técnicos fora do país. O problema é que, afora Jorge Jesus, os demais técnicos vindos do exterior, incluindo o próprio Sampaoli, estão deixando a desejar. O trabalho do argentino no Santos foi superestimado. Foi vice-campeão brasileiro, é verdade, mas chegou dezesseis pontos atrás do campeão, o Flamengo, e fracassou em todas as outras competições, sem ganhar nenhum título. Agora, no Atlético Mineiro, que o contratou a peso de ouro para ser campeão brasileiro, depois de um início afirmativo, vem caindo muito de rendimento, acumulando tropeços. Os demais técnicos estrangeiros que tem vindo para o Brasil não estão sendo bem sucedidos. O argentino Eduardo Coudet, embora a boa vontade da imprensa com o seu trabalho, vinha tendo um desempenho discutível, e saiu abruptamente do Inter, deixando o clube na mão. O português Ricardo Sá Pinto, do Vasco, não consegue tirar o clube da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A exceção nesse rol de desempenhos insatisfatórios é outro português, Abel Ferreira, de boa campanha no Palmeiras. A verdade é que a qualidade de um técnico não depende da sua nacionalidade. A exagerada apreciação dos técnicos estrangeiros pela imprensa esportiva é, apenas, mais uma manifestação do conhecido complexo de vira-lata que acomete muitos brasileiros.