terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lennon remasterizado

Foi lançada, no final do ano passado, a reedição de todos os discos da carreira solo de John Lennon, em cds remasterizados. A iniciativa teve um óbvio cunho mercadológico, para aproveitar as datas redondas completadas em 2010, ou seja, os 70 anos de seu nascimento, em 9 de outubro, e os 30 anos de sua morte, em 8 de dezembro, mas isso não vem ao caso. O melhor de tudo é que para ter acesso aos cds não é preciso adquirir o estojo que, além deles, traz um kit com diversos outros itens e cujo preço varia entre 750 e 1000 reais, fora, portanto do alcance do bolso da maioria das pessoas. É possível adquirir cada cd separadamente, a preço de mercado, isto é, cerca de 25 reais. Uma oportunidade imperdível para conferir a obra solo do mais controvertido dos Beatles.

Os estaduais estão de volta

No próximo fim de semana começarão a maioria dos campeonatos estaduais de futebol de 2011. Passado o período de férias dos jogadores, o futebol retoma a sua rotina. É verdade que, graças aos direitos de transmissão pagos pela televisão, os campeonatos estaduais já não são caravanas da miséria, como no passado. Tecnicamente, porém, nada acrescentam. Os estaduais são uma herança de uma época em que as dimensões continentais do país não permitiam grandes deslocamentos para os clubes, devido a falta de estrutura e logística. Disso resultou que, só em 1971, quando o Brasil já havia conquistado três Copas do Mundo, é que foi organizado o primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol. Hoje, com o Campeonato Brasileiro plenamente consolidado e com outras competições atrativas para o torcedor como Copa do Brasil e Libertadores, os campeonatos estaduais perderam o sentido, ao menos em termos de grandes clubes. Não há porque ocupar quase um semestre com uma competição de tão pouco interesse, sabendo-se que, paralelamente, os grandes clubes tem de se ocupar de disputas mais importantes. A redução do tempo de disputa dos estaduais beneficiaria muito o planejamento dos maiores clubes brasileiros. Foi-se o tempo em que ser campeão da sua aldeia motivava os torcedores. Hoje, eles almejam glórias cada vez maiores, títulos nacionais, continentais e mundiais. Os campeonatos estaduais, são cada vez mais, um anacronismo, como as galochas ou a fita cassete.

Um início promissor

Os primeiros dias do governo da presidente Dilma Roussef, já apresentam uma característica que deve ser destacada. Dilma, coerente com seu perfil técnico, tem se mantido concentrada nas ações de governo, permanecendo recolhida em seu gabinete. Algo muito diferente de seu antecessor, o presidente Lula, sempre disposto ao contato com o povo nas ruas e com a imprensa e, mais ainda, da pirotecnia dos primeiros momentos do governo de Fernando Collor de Melo, recheados de ações espetaculosas. Discrição e contenção que não surpreendem quem já conhecia a forma de trabalhar de Dilma Roussef, e que, certamente, redundarão em benefício da eficiência da administração.

Um triste espetáculo

O episódio envolvendo Ronaldinho, Grêmio, Flamengo e Palmeiras, que frequentou o noticiário esportivo por um quase um mês, constituiu-se num triste espetáculo. O que era para ser o saudado retorno de um craque ao seu país de origem, transformou-se num leilão dos mais vulgares. O irmão e procurador de Ronaldinho, Roberto de Assis Moreira, o Assis, garantiu para os três clubes que o negócio estava fechado. Como se sabe agora, Ronaldinho foi para o Flamengo e Grêmio e Palmeiras, ludibriados que foram, tratam de lamber suas feridas. Um triste retrato do futebol atual, onde o dinheiro a tudo se sobrepõe. Não é só a magia da técnica dos grandes craques que se perdeu com o tempo. Também o nível de conduta das pessoas envolvidas com o futebol piorou. Além de praticarem um futebol inigualável nos tempos atuais, jogadores como Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino, entre outros nomes do passado, jamais agiriam da forma como o fizeram Ronaldinho e seu irmão. Não é só dentro do campo que o futebol de outros tempos deixou saudade. No comportamento ético, também.

Os 70 anos de Gérson

Os 70 anos de idade de Gérson, o Canhotinha de Ouro, completados hoje, merecem ser devidamente comemorados. Depois de Pelé, em outubro, é mais um ícone da inesquecível Seleção Brasileira de 1970 a atingir tal idade. É verdade que Félix, o goleiro daquela seleção foi o primeiro a atingir tal marca, mas ao contrário de Pelé e Gérson, sempre foi um jogador contestado. É uma pena que a maioria das pessoas que hoje acompanham o futebol não tenham visto Gérson jogar. Eu mesmo, ainda criança, só testemunhei o final de sua carreira. Foi o bastante, no entanto, para me encantar com a maestria e a inteligência do seu futebol. Um futebol com tal nível de técnica e refinamento que causa constrangimento qualquer tentativa de comparação com o que se pratica hoje, nos campos pelo mundo afora. Há quem diga que jogadores como Gérson não teriam lugar no futebol de hoje, caracterizado pela forte marcação e ocupação de espaços. Já se disse o mesmo até em relação a Garrincha! Um total despropósito! Jogadores como Gérson e Garrincha sempre teriam vez em qualquer época do futebol. Muitos dos que hoje ganham fortunas é que não ficariam nem no banco nos anos dourados do futebol brasileiro e mundial. Gérson foi um dos exemplos mais bem acabados do jogador de armação do meio de campo. Um autêntico pensador de jogadas, que ditava o ritmo do time. Seu lançamento, desde a metade do campo, para Pelé, dentro da grande área, matar no peito e marcar um de seus gols na Copa de 70, é uma da jogadas mais lindas da história do futebol. Os privilegiados que viram Gérson jogar, morrem de saudade. Os demais, não sabem o que perderam. Parabéns Canhotinha!!!