quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Alienação

Causou muito má impressão o fato de que dentre os atuais jogadores da Seleção Brasileira só Gabriel Jesus tenha usado as redes sociais para fazer referência a morte de Carlos Alberto, um dos grandes mitos do futebol brasileiro, falecido anteontem. Os demais jogadores não se manifestaram. Eis aí o retrato da alienação e do egocentrismo dos jogadores de futebol na atualidade. Com a independência financeira conquistada ainda muito cedo, tornam-se mimados e autocentrados. O maior nome da Seleção Brasileira nos dias de hoje, Neymar, é um exemplo disso. Neymar não é mais um menino, tem 24 anos, e até já é pai de um garotinho. Porém, se comporta como um eterno adolescente. Deslumbrado com o que o dinheiro pode proporcionar, usufrui uma vida de festas, carrões e mulheres bonitas. Não se posiciona sobre temas polêmicos, nem revela preferências políticas. Seu estilo de vida é claramente hedonista, voltado para a satisfação dos próprios prazeres. Gabriel Jesus tem apenas 19 anos, não viu Carlos Alberto jogar, mas, por estar bem informado sobre quem ele foi, ou tendo sido bem orientado pelos seus assessores, portou-se adequadamente diante da perda de um ícone do futebol brasileiro. Os demais jogadores da Seleção Brasileira, por desinformação ou desinteresse, hipóteses igualmente execráveis, nada referiram sobre a morte de Carlos Alberto. O futebol não é uma ilha. Ele é um microcosmo de uma sociedade mergulhada na vacuidade e no individualismo exacerbado. Uma sociedade frívola e consumista, onde impera o imediatismo e se despreza a memória. A tarefa de recuperar a combalida imagem da Seleção Brasileira não se resume ao futebol dentro do campo. Será preciso reformar a postura de seus jogadores como cidadãos.