sábado, 31 de janeiro de 2015

Obrigação cumprida

O Grêmio cumpriu com sua obrigação ao golear o União Frederiquense por 3 x 0, hoje, na Arena, em sua estreia no Campeonato Gaúcho. Não se poderia admitir outro resultado em casa de um clube da grandeza do Grêmio, contra um adversário fundado há cinco anos e que debuta na primeira divisão estadual, que não fosse a vitória, e, se possível, com folga no placar, como ocorreu. Apresentando um time muito modificado em relação ao ano passado, com vários garotos, e que ficou, na última hora, sem Douglas, por problemas contratuais, o Grêmio começou cedo a construir o resultado. Ainda no primeiro tempo, chegou aos 2 x 0. No segundo tempo, diminuiu seu ritmo e ficou com um jogador a menos, devido à expulsão de Araújo, mas, já no final da partida, estabeleceu a goleada. O grande nome do jogo foi Barcos, autor dos dois primeiros gols e que fez o cruzamento para o terceiro, marcado por Éverton. Curiosamente, Barcos pode estar de saída para o futebol chinês, numa transação que traria importantes recursos para os cofres do Grêmio, afora gerar a economia de R$ 700 mil por mês, valor de seu salário. Entre os garotos, os desempenhos foram díspares. Lincoln confirmou tudo o que dele tem sido dito. Com  apenas 16 anos, completados em novembro, mostrou grande capacidade técnica e naturalidade para jogar seu futebol. Marcelo Hermes pareceu ser muito fraco tecnicamente, Araújo mostrou-se promissor, mas imaturo, o que resultou em sua expulsão por faltas cometidas em duas jogadas nas quais estava distraído, Luan, mais uma vez, teve mais pose de craque do que efetividade, errando quase todas os lances, e Éverton, que jogou apenas alguns minutos, reafirmou suas qualidades marcando o último gol. Foi apenas a estreia no Gauchão, contra um adversário modesto e inexperiente, mas a vitória sempre oxigena o ambiente. O time do Grêmio continua em construção, com a possibilidade de novas saídas e chegadas. Seria conveniente, no entanto, que esse processo não se prolongasse por muito tempo, para que se defina, de uma vez, o grupo de jogadores para 2015.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Recomeço

Depois de quase dois meses, somando férias e pré-temporada, as competições oficiais estarão de volta ao futebol brasileiro a partir de amanhã. Como de hábito, caberá aos anacrônicos campeonatos estaduais, a abertura do ano futebolístico no país. Não bastasse o pouco interesse que essas competições despertam, os grandes clubes brasileiros, que vivem, na sua maioria, uma grave crise financeira, não montaram times fortes, capazes de empolgar o torcedor. A tendência é termos disputas estaduais marcadas pelo baixo nível técnico. Com exceção do Inter, que fez contratações de peso, a maior parte dos grandes clubes iniciará 2015 com um time inferior ao do ano passado. O caso do Cruzeiro, bicampeão brasileiro, é emblemático. O clube se desfez de vários titulares, entre eles, seus dois maiores destaques, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. As contratações feitas não foram no mesmo nível, e a mais badalada delas, a do meia uruguaio De Arrascaeta, na verdade, é uma aposta. Seu maior rival, o Atlético Mineiro, é o outro clube que, a exemplo do Inter, começa o ano bem credenciado. O clube perdeu um titular importante, Diego Tardelli, mas fez uma reposição qualificada, com o argentino Lucas Pratto, e manteve o restante do time, que é muito bom. O Grêmio partiu para uma contenção de gastos feroz, se desfez de vários jogadores, e realizou contratações modestas. O Flamengo manteve a base de 2014, o que está longe de ser suficiente, e, ainda assim, é o melhor entre os grandes clubes do Rio de Janeiro. O Fluminense, que perdeu o seu principal patrocinador, o Vasco, recém egresso da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, e o Botafogo, que fez o caminho inverso e foi rebaixado, vivem fase de enorme aperto financeiro e efetuaram contratações em quantidade, mas de pouca qualidade. No futebol paulista, o São Paulo fez poucas contratações, nenhuma delas de grande vulto, o Corinthians manteve sua base, que é boa, e parece apostar mesmo é na qualidade do técnico Tite, que voltou ao clube. O Santos também passa por graves problemas financeiros, perdeu jogadores e fez contratações de eficácia duvidosa. O Palmeiras já contratou 18 jogadores, mas, é claro, nem todos eles deverão aprovar. Ainda assim é o clube que mais motivou o seu torcedor com suas várias aquisições. Como se vê, o panorama do recomeço do futebol brasileiro não é dos mais animadores. Resta esperar que, ao longo do ano, esse quadro possa se alterar para melhor.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A regulação da mídia

Um assunto que vai e volta no noticiário é a regulação da mídia. Proposições existem há anos, mas a pressão dos proprietários dos meios de comunicação impede que qualquer projeto de lei nesse sentido seja votado. Os veículos da grande imprensa procuram desqualificar as propostas de regulação da mídia, tentando impingir na opinião pública a imagem de que elas são ideias de esquerdistas radicais que querem interferir na liberdade de expressão e censurar a imprensa. Nada mais falso. O que se vê na estrutura da comunicação social brasileira é um quadro escandaloso, que jamais seria permitido, por exemplo, nos Estados Unidos, país que sempre serve de referência aos defensores do neoliberalismo. Naquele país, empresas que publicam jornais e revistas não podem controlar emissoras de rádio e tevê. Os americanos entendem que tamanha concentração de poder em termos de difusão da informação é prejudicial à democracia e à livre concorrência de mercado. No Brasil, no entanto, há vários conglomerados de comunicação que controlam jornais, revistas, rádios, canais de tevê aberta e paga, sites de internet, e até editoras de livros e gravadoras musicais. Uma prova do descalabro da comunicação social no Brasil é que o capítulo da Constituição que é dedicado a ela, o V, até hoje não teve nenhum artigo regulamentado. O artigo 220, por exemplo, estabelece que não pode haver monopólio ou oligopólio na comunicação social eletrônica. Porém, atualmente, a Rede Globo, sozinha, detém 70% do mercado de tevê aberta. Outro artigo, o 221, define que as produções regionais e independentes devem ser estimuladas. Entretanto, 98% de toda a produção de tevê no país é feita no eixo Rio-São Paulo pelas próprias redes, e  não por produtoras independentes. O artigo 223, por sua vez, expressa que o sistema de comunicação no país deve respeitar a complementaridade entre os setores público, privado e estatal. Todavia, a imensa maioria do espectro de radiodifusão é ocupada por canais privados com fins lucrativos. Paralelamente a isso, as cinco mil rádios comunitárias autorizadas no país são proibidas de operar com potência superior a 25 watts, enquanto uma única rádio comercial privada chega a funcionar com potências superiores a 400.000 watts. De outra parte, o artigo 54 determina que deputados e senadores não podem ser donos de concessionários de serviço público. Contudo, senadores como José Sarney, Fernando Collor de Melo, José Agripino Maia e Édison Lobão Filho, entre outros membros do Congresso Nacional, controlam inúmeros canais em seus estados. Diante do quadro aqui exposto, fica claro o porquê de os grandes grupos de mídia não desejarem quaisquer mudanças na regulação do setor. Como fica, também, evidente, da necessidade imperiosa e urgente de realizar essas mudanças, em defesa da democracia e da livre informação.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ousadia

A minissérie "Felizes Para Sempre?", que, desde segunda-feira, está sendo exibida pela Rede Globo, chama a atenção pela ousadia, e por isso mesmo, já vem sendo comentada em muitas rodas de conversa. O sexo é um tema recorrente na obra, que aborda, sem pudores, temas como "ménage a trois", impotência, adultério, lesbianismo, prostituição. Tendo Brasília como cenário, "Felizes para Sempre?" também mostra a busca por poder e dinheiro, com obras superfaturadas e negócios escusos. Uma "pulada de cerca" em um motel termina com uma vítima de atropelamento sendo deixada agonizante no asfalto, numa atitude execrável e criminosa, para evitar o escândalo que acabaria com os casamentos e as carreiras dos cônjuges traidores. Muitos conservadores devem estar escandalizados com um tratamento tão direto de temáticas "pesadas" em plena tevê aberta. Porém nada há a condenar. A exibição se dá em horário tardio, apropriado para a abordagem de assuntos mais fortes. O conteúdo da minissérie é condizente com os tempos em que vivemos. Os desencontros, as dúvidas, os desejos, as fantasias, as frustrações, tudo o que cerca as relações afetivas e sexuais dos personagens é tratado de uma forma crua, sem rodeios. Pode perturbar os mais sensíveis, mas, longe de ser vulgar, é uma exposição realista dos conflitos e estímulos a que estamos expostos nos relacionamentos amorosos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dois anos de uma tragédia

O tempo parece passar cada vez mais rápido, e, hoje, completam-se dois anos do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS). Uma tragédia que resultou na morte de 242 pessoas. Um acontecimento de repercussão internacional, pois só há registros de dois outros fatos semelhantes, na proporção, em casas noturnas, na Argentina e nos Estados Unidos. A associação dos familiares das vítimas procura não deixar o assunto cair no esquecimento e mantém sua luta pela punição dos responsáveis. O drama dos que se envolveram diretamente com aquela noite fatídica está longe de acabar. Pessoas que estiveram na boate e sobreviveram, bem como algumas que auxiliaram as vítimas, e que se mostravam bem, começam a desenvolver problemas de saúde, devido à exposição às substâncias tóxicas expelidas no incêndio. Esse reflexo tardio ainda poderá ocorrer com outras pessoas, até mesmo muitos anos depois do fato, conforme fontes médicas. Essa circunstância torna ainda maior o pesadelo envolvendo a tragédia da boate Kiss. A dor das famílias dos 242 mortos nunca irá acabar, e os transtornos para os sobreviventes tendem a se prolongar. O único consolo seria a punição exemplar daqueles que, por ação deliberada ou negligência, foram causadores do incêndio. Porém, no Brasil, a tendência, na maioria das ocorrências criminais, é pela impunidade ou aplicação de penas brandas. Resta esperar que a opinião pública pressione as autoridades para que a justiça seja feita.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uma demonstração de autoestima

Vanessa Vöss Braga é uma garota de apenas 14 anos e mora na zona rural de Canguçu, no interior do Rio Grande do Sul, mas tornou-se um dos grandes assuntos em todo o Estado no dia de hoje. Tudo porque, numa notável demonstração de confiança e autoestima, Vanessa, que tem 1,61m e 70kg, desafiou os padrões de beleza predominantes e participou da seletiva do seu município do tradicional concurso "Garota Verão". O mais interessante é que a ideia de participação no concurso surgiu da mãe de Vanessa, Cristina Braga. Ela disse que Vanessa sempre quis entrar no concurso, mas que, no início, ficou com receio.Cristina, então, explicou para a filha que não se pode ter vergonha do próprio corpo. "Ela á e gordinha, mas é linda", declarou. "Sempre fui cheinha, mas eu me acho bonita", revelou Vanessa, seguindo na mesma linha. Ela, que sonha em ser cantora, não esperava que sua atitude tivesse tanta repercussão. Vanessa não imaginava que ia ser notada ou que iriam falar sobre ela. "Estava errada. Eu fui lá e arrasei", afirmou. A coragem de Vanessa lhe rendeu o carinho de Canguçu e das redes sociais. Ela, e sua mãe, são exemplos a serem seguidos. Sua decisão de desfilar, e a boa repercussão de seu ato, só confirmam que vivemos uma época de libertação do jugo de preconceitos e padrões preestabelecidos. Não é à toa que há tanto choro e ranger de dentes, por parte dos que se acostumaram a reprimir e impor padrões, com as mudanças comportamentais que ocorrem com intensidade no mundo. Não há mais lugar para eles. Os tempos são outros. Vanessa, na inocência de uma garota interiorana de 14 anos, foi mais uma evidência dessa nova e saudável realidade.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Desalento

O momento que vive o Grêmio, para o seu torcedor, é de total desalento. Hoje, jogando no Estádio Olímpico Municipal, em Cascavel (PR), o Grêmio não saiu de um empate em 1 x 1 com o Cascavel. O pior é que o Grêmio começou atrás no placar, e só empatou devido a um gol em flagrante impedimento, que foi validado pelo árbitro. Antes de sua estreia no Campeonato Gaúcho, que será no próximo sábado, o Grêmio fez dois amistosos, contra adversários modestos, Novo Hamburgo e Cascavel, e empatou ambos. Assim, o que era uma impressão antes da bola rolar, pela miserabilidade da política de futebol do clube, se confirma na prática, isto é, pouco ou quase nada se pode esperar do Grêmio, em 2015, mantido o seu padrão atual. Há 14 anos, o Grêmio não ganha um título de expressão. Seu último título foi o do Gauchão de 2010. Por sinal, nas últimas 14 edições do campeonato estadual, o Grêmio só foi campeão em quatro! o que pode ser pior para um clube de tanta grandeza? A ingenuidade de muitos torcedores, que sempre acreditam que o melhor vai acontecer e que confiam cegamente no ex-presidente Fábio Koff, integrante da atual diretoria, e o apoio de grande parte da imprensa, identificada com o Inter, à política de futebol do clube, estão encaminhando o Grêmio para o abismo técnico, e para um futuro imediato cuja única perspectiva é o fracasso.

sábado, 24 de janeiro de 2015

A realidade superando a ficção

A literatura e o cinema, vez por outra, lançam mão de enredos catastróficos, em que cidades, países, continentes, ou o mundo inteiro, são vitimados por desastres climáticos e devastações de toda ordem. Em geral, são histórias muito imaginativas, quase delirantes, que fazem o deleite dos apreciadores do gênero. No entanto, o Brasil está perto de vivenciar um desastre em que a realidade superará a ficção. A extrema severidade dos dois últimos verões, com temperaturas altíssimas e baixa ocorrência de chuvas, fez os reservatórios hídricos de São Paulo e da região Sudeste sofrerem uma redução dramática. Desde 2014, a cidade de São Paulo, a maior do país, enfrenta problemas no abastecimento de água. Porém, o que antes era um problema, tornou-se um drama. Com o segundo verão seguido de poucas chuvas, os reservatórios seguem tendo seu volume reduzido. O racionamento de água, antes apenas uma hipótese, começa a tomar contornos de providência inevitável nos próximos meses. O que antes era uma situação localizada no Estado de São Paulo já se reflete em toda a região Sudeste, e o espectro da escassez de água já alcança o Rio de Janeiro. Em poucos meses, caso o volume de chuvas não cresça significativamente, poderemos ter as duas maiores cidades do Brasil paralisadas pela falta de água e, em consequência, pelo racionamento de energia. Seria um desastre, pois São Paulo é a locomotiva econômica que puxa o país, e todo o Brasil sofreria os reflexos desse acontecimento. A ação irresponsável do homem em relação a natureza está gerando abalos ambientais em todas as partes do mundo. O  que está ocorrendo em São Paulo é um deles. Ainda assim, não se pode, apenas, culpar a natureza. Faltou uma ação administrativa mais eficaz. O PSDB governa o Estado de São Paulo há cerca de vinte anos. Em todo esse período, contou, apenas, com as costumeiramente abundantes chuvas de verão para que os reservatórios fossem abastecidos. Com as prolongadas secas dos dois últimos anos, o governo se viu surpreendido, e não consegue achar uma solução satisfatória para a escassez de água. O problema está longe de ter atingido o seu ápice. Os próximos meses poderão levar o país a uma crise sem precedentes, por falta de água e luz para fazer girar a economia.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Derrota inesperada

Foi, apenas, o segundo amistoso do Inter em 2015, mas a derrota para o Shakthar Donetsk (UCR), por 2 x 1, hoje à noite, no Beira-Rio, era inesperada. Afinal, o Inter vinha de uma vitória por 3 x 1 sobre o Juventude, no Alfredo Jaconi, e o Shakthar Donetsk, que excursiona pelo Brasil, havia perdido para Bahia e Atlético Mineiro e empatado com o Flamengo, exibindo pouco futebol. Hoje, no entanto, o time ucraniano mostro-se superior desde o início, abrindo o placar logo no começo do jogo. Aos 24 minutos do primeiro tempo, o Shakthar já fazia 2 x 0. Daí, até o intervalo, foi uma sucessão de chances perdidas pelo clube do leste europeu, que poderia ter estabelecido uma goleada constrangedora. O início do segundo tempo repetiu esse quadro. Em apenas três minutos, o Shakthar perdeu dois gols feitos. Como, conforme uma das máximas do futebol, quem não faz leva, o Inter descontou logo aos seis minutos, o que deu a impressão de que uma reação pudesse estar a caminho, o que não aconteceu, mesmo com o apoio de mais de 35 mil torcedores que se fizeram presentes ao Beira-Rio. O Shakthar voltou a perder gols, em função da defesa do Inter mostrar muitos furos, e soube garantir-se na defesa. O resultado não diz o que foi o jogo. A vitória do Shakthar poderia ter sido por um placar muito mais amplo. A derrota do Inter, em si, não significa muito, por ser, somente, o início de um trabalho. Porém, o futebol pobre apresentado pelo Inter, somado à pouca vibração do time em campo, já trazem alguma inquietação ao torcedor. No primeiro jogo do ano em seu estádio, o Inter reverteu a expectativa do seu torcedor. Pelo que se viu, o técnico do Inter, Diego Aguirre, terá muito trabalho até que o time atinja um estágio confiável.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Desleixo

No Brasil, os governantes adoram fazer obras. Elas dão visibilidade às suas administrações, e proporcionam ganhos vultosos às construtoras, que retribuem com generosas quantias para financiar campanhas de candidatos. Porém, uma vez concluídas, essas obras não recebem a mesma atenção quanto à sua conservação e manutenção, numa evidente demonstração de desleixo com o dinheiro público. Os exemplos se acumulam. O estádio do Engenhão, construído para os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, está fechado há cerca de dois anos, para reformas, depois que foram constatados problemas na sua cobertura. Como pode um estádio, construído a um custo elevado, apresentar problemas estruturais com tão pouco tempo de uso? Mais absurdo do que o caso do Engenhão, é o da Arena Pantanal, construída para a Copa do Mundo de 2014, ao custo de R$ 600 milhões. Apenas seis meses depois do encerramento da competição, na qual sediou quatro jogos, a Arena Pantanal foi interditada pelo governo do Mato Grosso, devido ao péssimo estado de suas instalações, para a realização de reformas. Para piorar a situação, a construtora Mendes Júnior, que ergueu o estádio, alega nunca tê-lo entregue oficialmente, e cobra do governo do Estado mais R$ 70 milhões. No Rio Grande do Sul, a ERS-448, uma rodovia recentemente inaugurada, já mostra uma coleção de buracos na sua pista. Obras, no Brasil, são uma farra com o dinheiro público. Milhões são gastos nas suas construções, com preços, quase sempre, superfaturados. Depois de prontas, impera o descaso e elas são, praticamente, abandonadas. Um crime contra o erário público, que se repete exaustivamente, sem perspectiva de mudança.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Cretinice

Alguns episódios de repercussão pública servem para que muitas pessoas revelem toda a sua cretinice. As redes sociais, e os espaços dedicados por publicações aos seus leitores, tem sido exemplares nesse sentido. Tomadas por uma visão reacionária, essas pessoas estão sempre prontas a vociferar contra bandidos, os quais querem ver, simplesmente, eliminados, e atacam quem defende direitos humanos para eles. Para convencer os incautos a partilharem dos seus pontos de vista, misturam alhos com bugalhos, fazendo comparações indevidas. Foi o que aconteceu no caso da execução do brasileiro Marco Archer na Indonésia, recentemente ocorrido A presidente Dilma Rousseff, acertadamente, tentou, até o último momento, evitar a execução de Archer, o que não conseguiu. Uma ação digna e meritória de Dilma, condizente com a presidente de um país que repudia a pena de morte. Pois bastou esse gesto para que toda a sorte de críticas fossem feitas, entre elas a de que o governo, em vez de tentar salvar a vida de um traficante, deveria preocupar-se com os doentes que morrem nas filas dos hospitais e com a situação aflitiva dos aposentados, com rendimentos cada vez mais minguados. São dois fatos que mereceriam, mesmo, uma atenção especial por parte do governo, mas o que o pedido de clemência para Archer tem a ver com isso? Reacionários, os que se utilizam de tais argumentos, estúpidos e disparatados, tentam impor, para a sociedade como um todo, a sua visão de mundo, que é preconceituosa, violenta, excludente e sectária. Nada impede que o governo combata as iniquidades sociais e, paralelamente, zele pela defesa intransigente dos direitos humanos, incluindo aqueles que são denominados como bandidos. A ideia de que, ao fazer isso, estaria deixando de lado medidas "mais importantes" é uma idiotice que busca, apenas, mascarar o desejo desses críticos de ocasião, o de ter uma política de segurança pública que privilegie o combate sem tréguas aos "bandidos e vagabundos" . Apresentando-se, sempre, como pessoas "dignas" e "honradas", em contraponto aos demais, querem zelar pelos seus direitos suprimindo os dos outros. Por causa de gente desse tipo, o Brasil já vivenciou o terror de uma ditadura militar espúria e assassina. São eles os verdadeiros inimigos públicos, e não os "bandidos" a que tanto se referem.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Triste repetição

O Grêmio fazia uma boa campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior, mas, mais uma vez, ao perder por 2 x 1 para o Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), foi eliminado numa fase intermediária da competição. Uma triste repetição do desempenho histórico do clube na mais importante competição de futebol júnior do Brasil. A melhor campanha do Grêmio numa Copa São Paulo foi no já distante ano de 1991, quando obteve o vice-campeonato, com um time que tinha, entre outros, Darnlei e Róger. Uma campanha digna, mas empanada pela goleada sofrida para a Portuguesa, de Dener, Pereira, Tico e Sinval, na decisão, por 4 x 1. Porém, o mais constrangedor é saber que um clube do porte do Grêmio jamais foi campeão dessa disputa. Seu maior rival, o Inter, já ganhou-a por quatro vezes, o Fluminense venceu-a em cinco oportunidades. O Corinthians, recordista de títulos da chamada "Copinha", foi campeão oito vezes e vice em mais sete oportunidades. Enquanto isso, o Grêmio chegou à decisão uma única vez, e foi derrotado. Esse retrospecto não é condizente com a grandeza de um clube como o Grêmio. Não é por obra do acaso, no entanto, que isso acontece. Em todas as competições de categorias inferiores, o Grêmio apresenta um rendimento inferior ao do Inter, por exemplo, o que se explica por uma diferença de mentalidade entre os dois clubes. Enquanto o Inter privilegia a busca da vitória desde as escolinhas de futebol, o Grêmio cultiva a ideia de que, nas categorias inferiores, o importante é revelar jogadores, não ganhar títulos, como se fossem situações excludentes. Com isso, o Inter forma jogadores vencedores desde a mais tenra idade, e o Grêmio faz os seus se acostumarem com as derrotas. Uma filosofia de futebol lamentável, e que teima em não mudar. Para um clube que vive um jejum de títulos tão grande, é um fato desolador.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Voltando atrás

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), voltou atrás em sua decisão, e renunciou ao aumento do seu salário, o que se estende ao seu vice, José Paulo Cairoli (PSD). Ao explicar sua nova posição em relação ao assunto, Sartori foi tão confuso e inconvincente quanto no momento em que sancionou o aumento, que, por sinal, será mantido para as demais categorias por ele abrangidas, como, por exemplo, secretários estaduais e deputados da Assembléia Legislativa. Na verdade, Sartori assustou-se com a repercussão negativa de sua decisão anterior, pois foi alvo de uma saraivada de críticas, vindas de todos os lados. Nem mesmo a grande imprensa, sua aliada, o poupou. Vendo que, com menos de um mês no cargo, seu capital político começava a se esfarinhar, Sartori recuou. A medida, no entanto, parece a colocação de uma tranca de ferro numa porta já arrombada, como expressa o ditado popular. O arranhão na imagem de Sartori já foi feito. A reconsideração da decisão tomada anteriormente ameniza o quadro, mas não elimina o desgaste. Não há, em tudo isso, nenhuma surpresa. Sartori mostrou, de forma inequivoca, durante a campanha, ser um candidato despreparado para o cargo de governador. Falta-lhe competência e peso político para exercer tão alta função. Sua eleição se deu movida pelo antipetismo fóbico da grande imprensa, sempre disposta a incentivar candidatos conservadores. O início do governo Sartori é exatamente o que se poderia esperar. Uma administração errática, inexpressiva, sem projeto, com ausência de conteúdo, ou seja, um retrato fiel do próprio Sartori.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Início tímido

São apenas os primeiros jogos-treinos e amistosos, e os times ainda estão em pré-temporada, mas o início de 2015 para os grandes clubes brasileiros está sendo tímido. Nos amistosos do fim de semana, o Palmeiras ganhou por 3 x 1, de virada, do Shandong Luneng, da China, no Allianz Parque, mas o Flamengo apenas empatou em 0 x 0 contra o Shaktar Donetsk, no Mané Garrincha, e o Cruzeiro perdeu por 1 x 0 para o Londrina, no Estádio do Café. Nos jogos-treinos, em partidas realizadas em seus locais de pré-temporada, Grêmio, Vasco e Botafogo, também não empolgaram. O Grêmio venceu o Gramadense, clube amador, por 2 x 0, resultado do segundo tempo, com os reservas. Os titulares não saíram do 0 x 0. O Vasco perdeu para o Volta Redonda, por 1 x 0. O Botafogo perdeu, também por 1 x 0, para o Gonçalense, da segunda divisão do Estado do Rio de Janeiro. Resultados pouco animadores, num ano em que os grandes clubes não estão investindo muito. Porém, é cedo para pareceres definitivos. Os próximos amistosos, e os primeiros jogos oficiais é que vão dar a medida da potencialidade dos times para 2015. No entanto, o baixo nível técnico verificado no último Campeonato Brasileiro, e a redução de investimentos por parte da maioria dos clubes, não faz antever um cenário muito promissor.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Execução

Sou absolutamente contrário à pena de morte. Não a admito em nenhuma circunstância. Assim sendo, a execução, na Indonésia, por fuzilamento, do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, é, para mim, rigorosamente inaceitável. Marco Archer foi executado às 15h31min de hoje, pelo horário brasileiro. Ele foi condenado por ter tentado entrar com cocaína no território indonésio. A Indonésia pune com a pena de morte o crime de tráfico de drogas. Os países tem direito a exercer a sua soberania, e isso inclui a feitura de leis que reflitam o seu conjunto de valores. Porém, acima de costumes ou entendimentos geograficamente localizados, existem direitos humanos universalmente estabelecidos. Eles não são uma imposição ocidental às demais culturas, e sim o resultado de um longo processo civilizatório, ao qual não se pode, em hipótese alguma, renunciar. Afora o barbarismo de uma execução, o fuzilamento realizado na Indonésia é ainda mais abjeto pela desproporção entre o ato cometido e a punição aplicada. Marco Archer cometeu um crime, isso é claro, mas não tirou a vida de ninguém. Sua punição, portanto, deveria se dar com uma longa pena de prisão, nunca com a eliminação física. Em alguns estados americanos, a pena de morte é adotada, o que é constrangedor num país que é a maior potência mundial, mas, lá, ela só é aplicada para quem comete crimes de morte. Não justifica a adoção da medida, já que ao Estado, jamais deve ser concedido o direito de matar, mas, pelo menos, há uma proporcionalidade entre o crime cometido e a medida punitiva adotada. Ocorrido poucos dias após o atentado à revista Charlie Hebdo, em Paris, o fuzilamento de Marco Archer evidencia mais uma vez o embate entre civilização e obscurantismo, que está se agudizando. Movidos por interpretações tão singulares quanto primitivas da realidade, geralmente de inspiração religiosa, muitos países afrontam os direitos humanos mais elementares. Não há soberania ou defesa da própria cultura que justifique isso. A porção mais evoluída da humanidade não pode se sujeitar aos barbarismos de povos incivilizados em  nome do respeito a sua autodeterminação. Acima dos usos e costumes próprios de cada país ou etnia, existem direitos humanos basilares que não podem ser transgredidos. Mesmo com vários pedidos de clemência do governo brasileiro em favor de Marco Archer durante o tempo em que durou o seu processo, incluindo um telefonema da presidente Dilma Rousseff ao mandatário indonésio, todos foram negados. O Brasil já ordenou a volta de seu embaixador na Indonésia, para a realização de consultas, o que, no meio diplomático, representa uma clara demonstração de descontentamento e um abalo nas relações bilaterais. Se preciso for, o Brasil poderia, até mesmo, romper relações com a Indonésia, pois, ainda que se respeite a soberania de um país, não se pode aceitar passivamente que ele execute um cidadão brasileiro. Se a Indonésia tem os seus valores, o Brasil também os possui, e o país, historicamente, rejeita a pena de morte.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

As consequências da insensatez

Muito antes do que se poderia imaginar, as consequências da insensatez da maioria do eleitorado do Rio Grande do Sul, que escolheu, para governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), um nome que, claramente, não está a altura das exigências do cargo, já se fazem sentir. Fiel ao receituário neoliberal, Sartori, que assumiu há 15 dias, iniciou seu mandato anunciando a suspensão de pagamentos a fornecedores, e acenou com o congelamento de ganhos das categorias menos remuneradas dos servidores estaduais, como professores e policiais, que sequer tem a garantia do pagamento em dia de seus salários. No entanto, ontem, Sartori sancionou o projeto que concede aumento de salários para governador, vice-governador, secretários estaduais e outras categorias situadas entre as melhor remuneradas do funcionalismo público. Ao fazê-lo, como bem observou a jornalista Rosane de Oliveira, colunista do jornal "Zero Hora", Sartori consumiu boa parte de seu patrimônio político.  Em sua campanha, Sartori bateu na tecla de que o governo de Tarso Genro (PT), que buscava a reeleição, havia quebrado o Estado financeiramente. Sartori se propunha a recuperar as combalidas finanças estaduais, embora nunca dissesse, objetivamente, como iria realizar essa tarefa. Ao assumir o cargo, partiu logo para o anúncio das medidas óbvias preconizadas pela direita, sempre disposta a adotar regras de "austeridade". Deixando-se levar por uma eficiente estratégia de marketing de campanha, que vendeu a imagem de Sartori como a de um sujeito bonachão, pouco ilustrado mas bom administrador, e pelo permanente antipetismo da grande imprensa, o eleitor do Rio Grande do Sul o escolheu para governador. Assim, negou a reeleição para Tarso Genro, um político da mais alta estirpe e um intelectual de grande nível. A repercussão, nas redes sociais, da sanção de Sartori ao projeto que, entre outros, aumenta o seu próprio salário, foi imediata e altamente negativa. Porém, agora é tarde. A irreflexão do eleitor o obrigará a aturar por quatro anos quem já se mostrou desastroso nos primeiros 15 dias. Paciência. Afinal, como expressa  o ditado, quem corre por gosto não cansa.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Iniquidade

Os arautos da sociedade de mercado, expressão eufemística utilizada pelos adeptos do capitalismo selvagem, não cansam de se superar em matéria de iniquidade. A mais recente manifestação nesse sentido foi feita pelo presidente da Nestlé, o empresário austríaco Peter Brabeck Letmathe. Brabeck propõe, descaradamente, a privatização da água! O empresário disse que a água não é um direito fundamental e que as ONG's que sustentam esse princípio são "extremistas". Para Brabeck, os governos deveriam garantir, por dia, para cada pessoa, 30 litros de água, sendo cinco para beber e 25 para higiene pessoal. O restante do consumo teria de ser gerido segundo "critérios empresariais". A opinião de Brabeck torna-se ainda mais repulsiva quando se sabe que a Nestlé é líder mundial na venda de água engarrafada. O oportunismo dos adoradores do "mercado" não tem limites. As crises no abastecimento d'água, verificadas em várias partes do mundo, que devem ser tratadas com a responsabilidade de um assunto de interesse público, servem de mote para a ânsia criminosa de lucros dos defensores do capital. A água é, sim, um direito fundamental do ser humano, não pode ser vista como um produto alimentício igual a qualquer outro, como argumentou Brabeck. Só está faltando, agora, diante da crescente poluição do ar, alguém propor que ele, também, seja privatizado. Para os capitalistas, não existem seres humanos, apenas consumidores, potenciais geradores de lucros.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Reacionarismo

Há um processo em curso na sociedade brasileira de evidente reacionarismo e discriminação com as camadas mais pobres da população. Manifestações essencialmente populares, como o futebol e o carnaval, estão sendo atingidas por medidas que ferem a sua espontaneidade e fruição. O futebol passa por uma evidente elitização, com estádios confortáveis, mas menores, com ingressos caros que afastam os torcedores de pouco poder aquisitivo. Antes verdadeiros caldeirões de emoção, os estádios estão sendo transformados em locais solenes e comportados como teatros. No carnaval, a prefeitura de Porto Alegre estabeleceu regras para os blocos que desfilam pelo bairro Cidade Baixa, estipulando o final das apresentações para às 21 horas, e definindo locais de dispersão, em consonância com a Brigada Militar, que agora se acha no direito de palpitar em tudo. Por trás de tais decisões, está a ação da associação de moradores do bairro, sempre pressurosa em defender o "sossego" dos habitantes da localidade. Bairro essencialmente boêmio, a Cidade Baixa tem sofrido inúmeros prejuízos com a ação repressora movida por tais moradores. Eles fizeram com que as casas noturnas tivessem seus horários reduzidos, e muitas, perseguidas por um furor fiscalizatório, até fecharam suas portas. Por essas e por outras, Porto Alegre é uma cidade sem apelo turístico. Não bastasse a sua absoluta falta de atrativos naturais, seus administradores, insuflados por pessoas infelizes e mal resolvidas, insistem em tornar a cidade cada vez mais chata e opressiva, sem espaço para a alegria e a efusividade. Os jovens e os festeiros em geral não podem se deixar dobrar, é preciso enfrentar essa onda de "caretização" da sociedade brasileira que, na capital do Rio Grande do Sul, particularmente, atinge níveis alarmantes. Abaixo a repressão!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Escolhas justas

As escolhas dos melhores do ano pela Fifa, divulgadas, hoje, numa cerimônia em Zurique, foram, em sua maioria, justas. O gol escolhido como o mais bonito do ano, marcado por James Rodriguez, da Colômbia, em jogo contra o Uruguai, no Maracanã, pela Copa do Mundo, era mesmo o mais belo entre os concorrentes. O prêmio de melhor técnico, dado a Joachim Löw, da Alemanha, também foi justíssimo. Carlo Ancelotti, do Real Madrid, e Diego Simeone, do Atlético de Madrid, igualmente somaram méritos, mas Löw, por ter sido campeão da Copa do Mundo, numa campanha em que goleou a Seleção Brasileira, em casa, por 7 x 1, mereceu a conquista. Sobre a escolha da alemã Nadine Kessler como a melhor jogadora de futebol feminino do mundo, a análise fica prejudicada, já que essa modalidade ainda tem pouca visibilidade. Porém, quanto ao melhor jogador, parece não haver dúvidas sobre a correção do nome escolhido. Cristiano Ronaldo teve um desempenho brilhante, merecendo ganhar o prêmio pelo segundo ano consecutivo, e pela terceira vez no total. Neuer também teve uma trajetória notável, mas ninguém foi melhor que Cristiano Ronaldo. Messi, por sua vez, não teve o mesmo rendimento de anos anteriores. O único reparo fica em relação à seleção dos melhores do ano. Acertada na maioria das posições, ela apresenta, na zaga, a dupla brasileira David Luiz e Thiago Silva. Diante do pífio desempenho de ambos na Copa, essa escolha soa incompreensível.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Surpresa

O atacante Dudu, que jogou por empréstimo no Grêmio em 2014, e que era vinculado ao Spartak, de Moscou, estava tendo sua contratação disputada por Corinthians e São Paulo. Para surpresa de todos, acabou no Palmeiras. Considero Dudu um jogador com muitas limitações, que não justifica tamanho empenho por sua contratação. Porém, ao adquiri-lo, o Palmeiras mostra como deve agir um grande clube, principalmente quando vive uma seca de títulos. Ao correr por fora e trazer um jogador tão desejado, superando dois rivais históricos, o Palmeiras reafirma a sua grandeza e eleva a autoestima do seu torcedor, algo bem diverso do que faz o Grêmio, por exemplo, que vive um enorme jejum de títulos e, mesmo assim, adotou uma política de futebol marcada pela miserabilidade em 2015. O coitadismo não leva a nada, só gera mais derrotas e desalento, afastando o torcedor. A necessidade de cortar custos não pode servir de justificativa para montar um time deficiente, incapaz de dar a um clube grande os resultados de que ele precisa. Todos os clubes brasileiros enfrentam problemas financeiros. O Palmeiras, certamente, não é exceção. No entanto, em vez de consumir-se na autopiedade, o clube busca montar um time qualificado e recuperar o entusiasmo do seu torcedor. Está aí um exemplo a ser seguido pelo presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, em vez de propor idiotices como a volta do formulismo ao Campeonato Brasileiro.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Viés autoritário

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro adotou uma medida bizarra para a disputa do Campeonato Estadual de 2015. Ela irá aplicar multas em clubes, dirigentes e jogadores que fizerem críticas à organização ou à qualidade da competição. As multas poderão ser relevadas caso o autor das críticas se retrate. A absurda resolução é reveladora do país em que vivemos. A experiência democrática é muito recente no Brasil. O viés autoritário da decisão, portanto, é coerente com a índole da sociedade brasileira. Não são poucos os que defendem a volta do regime militar, por exemplo. Numa visão tipicamente autoritária, suprime-se a crítica como se a ausência dela pudesse mascarar a precariedade da competição. Os campeonatos estaduais são, há muito tempo, disputas anacrônicas, de baixo nível técnico e com pouquíssimo interesse por parte do público. Sua continuidade se deve a interesses espúrios dos presidentes de federações, sem levar em conta o bem do futebol. As críticas aos mesmos, portanto, são inevitáveis. Na tentativa de esconder o óbvio, ou seja, a pouca atratividade do campeonato, a Federação apela para a lei da mordaça. Afora ser descabida, a medida será inócua, pois não impedirá que o torcedor se mantenha, como em  anos anteriores, afastado de uma competição com tão pouco apelo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O último apaga a luz

O processo de desmanche do grupo de jogadores do Grêmio, em nome do enxugamento de gastos, prossegue. Depois de renovar contrato com Riveros por dois anos, o Grêmio acertou a ida do jogador para o Olímpia (PAR). Uma atitude incompreensível, num clube que caminha perigosamente para o apequenamento. Em vez de qualificar o time, o novo presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, quer liderar um movimento pela volta do execrável mata-mata ao Campeonato Brasileiro, numa tentativa de ganhar competições favorecido por um espúrio formulismo. Uma confissão de pequenez, incompatível com um clube campeão do mundo. O Grêmio parece ter adotado a prática de que o último apaga a luz, tal é o volume de saída de jogadores. Em contrapartida, fez só duas contratações, Douglas, um quase ex-jogador, e o medíocre Marcelo Oliveira, vindo do Palmeiras, clube de péssima campanha em 2014. A ideia de que se possa fazer um time competitivo com tão pouco material humano qualificado, escorado apenas na aura de vencedor do técnico Felipão, beira a insanidade. Nenhuma estratégia de contenção de gastos justifica uma política de futebol tão pobre. Enquanto isso, o Inter, maior rival do Grêmio faz contratações de bom nível, como a de Nílton, do Cruzeiro, por exemplo. Com a postura que está adotando no futebol, o Grêmio irá afugentar o seu torcedor, o que agravará seus problemas financeiros. Resta ao torcedor do Grêmio esperar que o pior não aconteça, ou seja, um terceiro rebaixamento para a Segunda Divisão. Se isso for conseguido, já terá sido uma conquista. Mais do que isso, nem em sonho.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Higienização

Uma reportagem levada ao ar pelo canal ESPN Brasil nessa semana mostra a realidade por trás da glamourização do futebol inglês e de sua "Premier League", denominação dada ao campeonato da primeira divisão do país. Tido como o mais rico campeonato nacional do mundo, e exaltado por sua competitividade, a Premier League é um fenômeno midiático, mas uma experiência frustrante para quem assiste aos jogos nos estádios. A reforma do futebol inglês, realizada no período de governo da abominável ex-primeira ministra Margareth Thatcher, legou ao país estádios modernos e confortáveis, mas sem calor humano. Antes ocupados por torcedores vibrantes, os estádios ingleses passaram a ter um clima de casa de espetáculos, como um teatro, algo totalmente incompatível com a natureza do futebol. A citada reforma foi feita em função da extrema violência dos "hooligans", torcedores baderneiros que tumultuavam o futebol inglês, e pela precariedade dos estádios, que, velhos e desconfortáveis, causaram tragédias por excesso de lotação. Porém, o remédio adotado não se mostrou adequado. Os estádios passaram a ser inteiramente ocupados por cadeiras, o que aumentou o conforto, mas elevou muito o preço dos ingressos, afastando os torcedores mais pobres. A falta de lugares para que se possa assistir ao jogo em pé, pulando e incentivando o time, inibe os torcedores, o que torna a atmosfera do estádio muito fria. Esse quadro está gerando uma reação na Inglaterra, onde já existe um movimento para que essa situação seja revista. Os ingleses argumentam, com razão, que no bem sucedido futebol alemão os estádios reservam espaços para que se assista o jogo em pé. Um brasileiro que se encontrava na Inglaterra, entrevistado para a reportagem da ESPN Brasil, revelou que imaginava que existiam diferenças entre o clima nos estádios nos dois países, mas não imaginava que elas fossem tão acentuadas. Ele não supunha que os estádios ingleses fossem tão frios, com os torcedores sendo obrigados a permanecer sentados, sob pena de serem advertidos pelos "stewards". Um jornalista inglês, também entrevistado para a reportagem, definiu bem a situação, ao dizer que o futebol local sofreu uma excessiva higienização. O pior é que o Brasil, no embalo dos estádios "padrão Fifa", construídos ou reformados para a Copa do Mundo, está indo pelo mesmo caminho. Futebol, definitivamente, não é teatro. Os estádios abrigam competições, não espetáculos, portanto, devem receber torcedores, não meros espectadores. O futebol, dentro de campo, pode, e até deve, primar pela beleza e plasticidade, mas sem nunca abrir mão da emoção e da participação ativa do público.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Atentado

O atentado á redação da revista "Charlie Hebdo", em Paris, que resultou em 12 mortos, ainda tem muito a ser esclarecido, mas parece claro que a motivação foi o fundamentalismo religioso. Anteriormente, a revista já havia sido alvo de um ataque a bomba após publicar uma caricatura do profeta Maomé. Durante a execução do ato de hoje, os autores do atentado teriam afirmado que estavam vingando o profeta Maomé. Tem se tornado frequentes as manifestações hostis de grupos muçulmanos radicais contra escritores e a imprensa pelo que consideram ofensas a sua fé. Num mundo de notável desenvolvimento científico e tecnológico, é absurdo ter de conviver com bárbaros atentados motivados pelo obscurantismo religioso. A liberdade de expressão, valor fundamental numa democracia, desperta o ódio daqueles que desejam uma sociedade amordaçada e manietada por uma fé irracional. O terrorismo de cunho religioso é uma ameaça á paz entre os povos. Precisa ser combatido com rigor. O respeito à liberdade de fé e de culto não pode incidir na transigência com atos tão vis. Os autores do atentado de Paris devem ser apanhados e severamente punidos. Trata-se de um embate entre civilização e barbárie. A liberdade de escolha permite que cada ser humano opte pela forma como quer viver e quais valores irá cultivar. A ninguém, no entanto, é dado o direito de tentar impor suas ideias aos outros, nem o de cometer atrocidades para defender suas crenças de possíveis ofensas. Viver em sociedade é atuar em pluralidade, e isso inclui, inclusive, absorver a contrariedade diante de opiniões que nos desagradem ou, até mesmo, nos façam sentir agredidos. Caso contrário, ficamos entregues á intolerância.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Calote

O que se prenunciava como ruim, mostrou-se muito pior. O novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), adotou o calote como medida de "austeridade". Os governos conservadores tem obsessão por cortar gastos, como forma de atingir o "equilíbrio" nas contas. Em função disso, Sartori congelou, por seis meses, pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço. Não foi especificado, no entanto, quais os pagamentos que serão suspensos. O nome que se dá a isso é um só: calote. O que será que diria a grande imprensa se essa medida fosse tomada por um governo do PT? Certamente, choveriam críticas. A medida, lamentável e ineficaz para a saúde das contas públicas, é um retrato fiel das administrações conservadoras, cujo único remédio econômico conhecido é o "corte de gastos". Como, de forma brilhante e certeira, declarou o ex-governador Tarso Genro (PT), em todos os lugares onde políticas de austeridade foram aplicadas, os médios e pobres pioraram de vida, e os ricos aumentaram o seu patrimônio. Como diria Aparício Torelly, o "Barão de Itararé", célebre humorista brasileiro, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Sartori, com sua primeira e desastrada medida de impacto, apenas confirma as expectativas de qualquer pessoa dotada de mediana lucidez, ou seja, a de que fará um mau governo. O despreparo e a falta de conteúdo demonstrados por Sartori durante a campanha não deixam nenhuma margem para a hipótese contrária.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Primeiro desencontro

O primeiro desencontro de posturas entre a presidente reeleita, Dilma Rousseff, e um dos membros da sua equipe de governo, o ministro do Planejamento, Nélson Barbosa, não me parece algo negativo. Barbosa, já no primeiro dia de efetivo trabalho do novo governo, declarou que haveriam modificações na fórmula de reajuste do salário mínimo para os anos de 2016 a 2019. A presidente não gostou da fala do ministro e pediu que ele emitisse uma nota retificadora, o que foi feito. Os eternos críticos do governo viram nisso um mau sinal, um indício de que a nova equipe econômica, tão admirada por eles por seu viés neoliberal, não terá a autonomia necessária. Vejo o fato de outra forma. Com sua atitude, Dilma Rousseff pôs os pingos nos "is", mostrando quem é a autoridade maior no governo. Várias vezes já foi dito, em tom de crítica, de que Dilma é a verdadeira ministra da Fazenda, seja quem for o ocupante do cargo, pois ela não abriria mão de impor suas ideias no campo econômico. Não acho isso ruim. A responsabilidade maior na administração é do presidente. Se os defensores do mercado achavam que, com a escolha de uma equipe econômica mais conservadora, Dilma daria um cheque em branco para que a mesma adotasse seus postulados, estão muito enganados. A nova equipe econômica é que vai ter de adaptar-se às exigências da presidente, não o contrário, pois é assim que deve ser. Para o bem do governo, e desconsolo dos neoliberais.

Retorno

Por razões logísticas, o blog ficou sem postagens durante uma semana. Agora, faz-se o retorno às suas publicações regulares.