terça-feira, 23 de agosto de 2022

Boa retórica

Na entrevista que concedeu hoje ao Jornal Nacional, o candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) reafirmou uma qualidade que é amplamente reconhecida. Ciro tem uma boa retórica, é eloquente. Por vezes, chegou a proferir palavras mais rebuscadas, de difícil compreensão pelo eleitorado médio. O candidato se mostrou pródigo em proposições para as mais diversas áreas. Garantiu que, caso vença a disputa nas urnas, não concorrerá a reeleição. Sua ideia de governar sem coalizões pareceu pouco factível, num Congresso dominado pelo Centrão. Em termos gerais, apresentou propostas interessantes, mas de discutível viabilidade política e econômica. Seu costumeiro temperamento truculento dessa vez não apareceu. Procurou mostrar serenidade e equilíbrio. Suas colocações foram preponderantemente objetivas, sem "enrolações". Para muitos, Ciro seria o candidato ideal como "terceira via", ou seja, a alternativa para fugir à polarização entre Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Simone Tebet (MDB), outra opção nesse sentido, nunca conseguiu decolar nas pesquisas. Porém, por mais que tenha se saído relativamente bem na entrevista, Ciro não se tornará um candidato capaz de romper a polarização, ainda que colunistas como Merval Pereira, do jornal "O Globo" sustentem o contrário.