quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Debate desigual

O último debate antes das eleições costuma ter pouca influência no resultado das urnas. Na eleição para governador do Rio Grande do Sul, tanto faz, também, pois os dois candidatos que foram para o segundo turno são do mesmo espectro ideológico. Ainda assim, o que se viu, hoje à noite, foi um debate desigual. Afinal, poucas vezes um candidato mostrou tamanho despreparo quanto o atual governador José Ivo Sartori (MDB), que concorre à reeleição. Sartori, cuja derrota é praticamente certa de acordo com as pesquisas, mostrou-se tenso e inseguro o tempo inteiro, e preso ao roteiro que seus assessores lhe impuseram. Seu adversário, Eduardo Leite (PSDB), não deixou escapar esse detalhe, e, em dado momento, chegou a dizer que, ao contrário do seu oponente, não iria ler um texto previamente elaborado. Nada disso deve surpreender ninguém. O espantoso não é que Sartori esteja muito abaixo de Leite nas pesquisas, mas sim que tenha conseguido chegar ao segundo turno da eleição. Nunca, em tempo algum, o Rio Grande do Sul teve um governador pior do que Sartori. Nenhum outro foi tão inepto e incapaz. Na verdade, o que Sartori fez foi um desgoverno. Durante todo o seu mandato limitou-se a pagar o funcionalismo público com atraso e reclamar das condições financeiras precárias que encontrou quando assumiu o cargo. Afora praticar crueldades contra o funcionalismo e queixar-se da falta de recursos financeiros, Sartori nada fez em termos práticos para resolver qualquer um dos muitos problemas do Estado. Seu adversário, Eduardo Leite, cuja vitória é praticamente certa, não representa nenhum alento, pois segue a mesma cartilha neoliberal de Sartori, mas nada é pior que o atual governador. No debate, Leite mostrou uma fala articulada, ao contrário de Sartori, que tinha dificuldade para se expressar e só dizia o que o roteiro que lhe foi dado estabelecia. Leite não traz nenhuma esperança de dias melhores para o Rio Grande do Sul, mas a saída de cena de Sartori, por si só, será um alívio para o Estado.