segunda-feira, 31 de março de 2014

Os 50 anos de um golpe

O dia de hoje, 31 de março, marca a passagem dos 50 anos de um golpe militar espúrio, uma ação liberticida, em que a ordem constitucional e democrática foi pisoteada, e um presidente legitimamente eleito, João Goulart, foi deposto, sendo substituído por quem tomou o poder pelas armas, sem receber um único voto. Foi um acontecimento trágico na história do Brasil. Os 21 anos de duração da execrável ditadura militar geraram efeitos perversos que ainda não se dissiparam de todo, mesmo após 29 anos da restituição da democracia. Os promotores e apoiadores da quartelada justificam suas ações como tendo sido para defender o país da "ameaça comunista". Conversa fiada. Essa "ameaça" nunca existiu. João Goulart não era comunista. O que ele pretendia era fazer as reformas de base que tornassem o Brasil uma país mais justo, menos desigual. A natureza golpista das Forças Armadas, e seu insuflamento pelas elites temerosas de perder seus privilégios, levaram o país a mergulhar nas trevas de uma ditadura militar assassina. Políticos foram arbitrariamente cassados, professores perderam suas cátedras, militantes de esquerda foram torturados e assassinados, a imprensa e as artes foram censuradas. Ao contrário do que sustentam simpatizantes do golpe, o governo deposto gozava de grande popularidade, e a sociedade, em sua maioria, apoiava as reformas de base. João Goulart caiu por suas virtudes, e não pelos supostos defeitos que seus detratores lhe imputam. Alguns celerados resolveram reeditar, há poucos dias, as famigeradas "Marchas pela família". As tais marchas, realizadas em algumas capitais, foram um absoluto fracasso. Uma prova de que, passados 50 anos, a consciência política dos brasileiros é muito maior, e eles não se deixam mais manipular tão facilmente. A data de hoje deve ser lembrada, sim, mas para que possamos deixar claro que um fato semelhante jamais voltará a ocorrer no país. Nunca mais.