segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Frustrações olímpicas

Terminada mais uma Olimpíada, o sentimento da maioria dos brasileiros é de frustração. Se é verdade que o  Brasil conquistou 17 medalhas no total, duas a mais que em 2008, obteve apenas três de ouro, contra cinco alcançadas em 2004. Contribuiu para isso, decisivamente, a perda de ouros dados como certos: futebol e vôlei masculinos e César Cielo nos 50 metros livres da natação. Sobre a derrota do futebol masculino, já nos ocupamos. O vôlei masculino foi um tremendo anticlímax, pois vencia o jogo decisivo, contra a Rússia, por 2 x 0, teve dois match points a seu favor e, ainda assim, permitiu a virada. Cielo, que ficou apenas com o bronze, apelou para desculpas esfarrapadas, como a de que teria se cansado por também ter disputado a prova dos 100m. A grande surpresa positiva foi o vôlei feminino. Depois de uma primeira fase fraca, conseguiu chegar à disputa da medalha de ouro, contra os Estados Unidos. Na decisão, depois de perder feio no primeiro set, por 25 x 11, reagiu e ganhou o jogo por 3 x 1, de maneira brilhante. Chama a atenção, também, o fato de que competidores com pouco ou nenhum apoio conseguem resultados tão ou mais relevantes do que o de esportistas e equipes que recebem farto apoio financeiro. Nesse caso estão os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, medalhas de prata e bronze, respectivamente, no boxe. Nele também se enquadra Yane Marques, medalha de bronze no pentatlo moderno. São competidores que não são acompanhados pela imprensa, que só os descobre na época das Olimpíadas, e que carecem de incentivo e de patrocínio. São os verdadeiros heróis do esporte brasileiro, por seu idealismo e abnegação. O Brasil tem muito a fazer se quiser atingir a propalada meta de dobrar o número de medalhas na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. No entanto, não basta gastar um grande volume de recursos. Isso já tem sido feito. Mais do que tudo, é preciso ter critério na aplicação do dinheiro. Em vez de privilegiar determinados competidores e esportes, as verbas devem ser distribuídas de forma mais equilibrada, proporcionando o crescimento técnico de um maior número de modalidades.