quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ministros em queda livre

Ao se fazer um balanço do governo Dilma Roussef até os dias de hoje, não se poderá acusá-lo de levar o observador ao tédio. Não passa dia sem que estourem novos escândalos e denúncias envolvendo figuras dos mais variados escalões. Até aí, não chega a ser algo muito diferente de outros governos. A diferença está em que, no governo Dilma, os envolvidos em tais fatos ou são exonerados ou levados a pedir demissão. Dessa forma, em apenas oito meses de administração, quatro ministros já deixaram seus cargos, sem contar os funcionários de escalões inferiores. O mais recente a cair foi o ministro da Agricultura, Wágner Rossi. Envolvido em uma série de denúncias, Rossi se viu forçado a entregar o cargo. Seu substituto será o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS). Ainda que tamanha profusão de casos de corrupção seja uma evidência de um modelo de governabilidade inviável, o afastamento dos envolvidos dá a idéia de que a presidente Dilma se recusa a ser conivente com esse estado de coisas. As reações em contrário já surgiram, afinal os partidos e seus protegidos não estão acostumados com esse procedimento. O PR, em protesto pela demissão do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e de outros integrantes do partido, resolveu entregar todos os seus cargos no governo. Outros partidos da base aliada ameaçam obstruir a pauta de votações de assuntos de interesse do governo, como forma de pressionar Dilma Roussef a abrandar seu tratamento em relação aos acusados de corrupção. Até o momento, Dilma tem procurado ser hábil para evitar uma crise, mas sem abrir mão de afastar os que são flagrados em atos incorretos. Faz muito bem. A presidente surpreende positivamente ao adotar uma prática diferente, em que os deslizes éticos por parte dos membros do governo não estão sendo ignorados. Claro que Dilma não vai resolver todos os problemas que afetam a máquina do governo. Longe disso. Porém, o que está sendo feito já é estimulante. A partir do que vem acontecendo, fica a expectativa pelo que ainda virá, e de quantas cabeças rolarão até o fim do mandato da presidente.