terça-feira, 15 de março de 2011

Entre a ciência e o fatalismo

O terremoto devastador que se abateu sobre o Japão há alguns dias, e que vem sendo sucedido por outros tremores de menor impacto, suscita, como sempre acontece em situações desse tipo, interpretações equivocadas ou fantasiosas. Basta que ocorram terremotos, maremotos, furacões, tufões e outras catástrofes naturais para que dois tipos de intérpretes da situação, imediatamente, surjam. São eles os ecoxiitas, que entendem que toda a manifestação violenta das forças da natureza é resultado de uma ação predatória exercida pelo ser humano sobre ela, e os místicos em geral, que enxergam em tais fatos evidências da proximidade do fim do mundo. No fato em questão, o terremoto do Japão, tudo é perfeitamente explicável cientificamente. Não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último terremoto a se abater sobre o Japão. Isso porque o território do país está assentado sobre falhas geológicas que propiciam tais eventos, de tempos em tempos. O ser humano tem extrema dificuldade em aceitar que causas naturais possam gerar desastres que resultem em milhares de mortos. A estupefação diante do caos que se estabelece nessas ocasiões, leva as pessoas a procurar um responsável a quem atribuir o infausto acontecimento. Culpar o homem e sua ação sobre o ambiente ou atribuir a desígnios sobrenaturais o motivo da ocorrência de tais hecatombes parece ser algo mais confortável, psicologicamente, para algumas pessoas. Difícil, para elas, é aceitar, simplesmente, o óbvio, isto é, de que somos impotentes diante das forças da natureza, de que não podemos domá-la. O terremoto do Japão não é consequência de nenhuma ação predatória humana, nem é resultado de qualquer determinismo místico. Trata-se de um fenômeno natural, ainda que com consequências devastadoras. Como sempre, após tais acontecimentos, cabe, apenas, aos que ficam, lamentar pelos que se foram e reconstruir o que se perdeu. Sem dúvida, é um processo doloroso, mas não há outra alternativa.