terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A legitimação dos títulos

Nada pode ser mais absurdo, no futebol, do que se tentar alterar a legitimidade de um resultado obtido no campo de jogo. A legitimação dos títulos tem estado em evidência, ultimamente,  e duas notícias que circularam hoje trouxeram o assunto novamente para as rodas de conversa e redes sociais. Uma postagem no Twitter da Fifa referindo que o Grêmio irá disputar o seu primeiro mundial em Abu Dhabi gerou revolta entre seus torcedores. Como se sabe, em outubro, a Fifa, a partir de uma solicitação da Conmebol, reconheceu as disputas anteriores ao atual formato por ela promovido, como sendo, igualmente, a do título mundial de clubes. A postagem, portanto, representa uma gafe, que gerou a compreensível reação de repúdio dos torcedores do Grêmio. Também hoje, o Superior Tribunal de Justiça considerou, mais uma vez, que o campeão brasileiro de 1987 foi o Sport. A decisão leva em conta tecnicalidades jurídicas, mas qualquer pessoa com um mínimo de discernimento sabe que o verdadeiro campeão foi o Flamengo. Afinal, o clube carioca enfrentou os clubes da primeira linha do futebol brasileiro, enquanto o Sport teve por adversários clubes de Segunda Divisão. Não havia razão para que o Flamengo aceitasse decidir o título com o Sport, ainda que houvesse um acerto firmado entre os clubes dos diversos módulos da competição de que isso acontecesse. A verdade é que o Grêmio é o campeão mundial de 1983, e o Flamengo foi o ganhador do Brasileirão de 1987. Eles foram vencedores dentro de campo, e não serão medidas administrativas de gabinete ou tribunais acarpetados que irão mudar isso. A legitimação dos resultados se dá dentro do campo, não fora dele.