quarta-feira, 10 de junho de 2020

Opção desastrosa

O Brasil, desde o golpe que depôs uma presidente legitimamente eleita, parece ter optado pelo quanto pior, melhor, no meio político. Não há outra conclusão a que se possa chegar diante da declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), de que não é hora de se pensar em impeachment do presidente Jair Bolsonaro, e sim em priorizar o enfrentamento à pandemia de coronavírus que, nos próximos dias, deverá chegar a 40 mil vítimas fatais. Maia está completamente errado. Se o número de vítimas é tão alto, e o Brasil ainda enfrenta um crescimento no índice de infectados pela doença, enquanto outros países já a controlaram, isso está diretamente relacionado ao posicionamento de Bolsonaro quanto à pandemia, sempre contrário às recomendações médicas e científicas. Portanto, sua saída do cargo, ajudaria a salvar vidas. Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, derrubada por alegadas "pedaladas fiscais", Bolsonaro praticou uma série de crimes no exercício do cargo, devidamente tipificados. Sobram motivos para que o ex-capitão seja deposto. Sentar em cima dos vários pedidos de abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro é uma atitude covarde de Maia, mas consentânea com sua inexpressividade política e com o perfil de seu partido, o DEM, herdeiro do antigo PFL. Não é hora de chamar os bombeiros. Pelo contrário, o circo precisa pegar fogo de uma vez para o país começar a reescrever o seu caminho político, livre da ameaça do fascismo. A opção desastrosa de Maia precisa ser amplamente rechaçada. Se o Congresso se omitir, caberá ao Supremo Tribunal Federal assumir a tarefa da deposição de Bolsonaro, livrando o país de um pesadelo, e permitindo a perspectiva de um futuro menos ruinoso do que aquele que se anuncia.