sábado, 31 de maio de 2014

A ética e o pragmatismo

O PT está há 12 anos no comando do governo federal, mas a força do partido reside, basicamente, em dois estados, São Paulo e Rio Grande do Sul. Historicamente, são desses dois núcleos que saem os maiores quadros do partido, em quantidade e qualidade. Porém, o PT gaúcho e o paulista são bem diferentes entre si. O PT paulista é o do "chão de fábrica", das lutas sindicalistas de Luís Inácio Lula da Silva e Vicentinho, entre outros. O PT gaúcho também tem a sua vertente sindicalista, com Olívio Dutra, mas possui uma linha mais intelectualizada, onde são expoentes nomes como Tarso Genro, principalmente, e Raul Pont. A grosso modo, o PT paulista adota uma postura mais prática, o gaúcho fornece a indispensável base teórica. Durante muito tempo, houve uma boa sincronia entre os dois "PT's". O poder, no sentido mais amplo da palavra, sempre pertenceu ao núcleo paulista, até por ser o berço do partido, mas o PT gaúcho nunca deixou de ser valorizado. No entanto, há algum tempo, as diferenças entre um e outro estão ficando mais gritantes. Enquanto o PT gaúcho ainda se mostra um defensor da ética, o paulista decidiu-se por um pragmatismo a qualquer preço. A prova está no noticiário. De um lado, o candidato a senador pelo PT/RS, Olívio Dutra, que em janeiro havia defendido que José Genoíno deveria renunciar ao seu mandato de deputado federal, diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, é um exemplo dignificante. De outro, Lula e outros membros do PT paulista defendem os "mensaleiros" e selam aliança com Paulo Maluf, visando propósitos eleitorais. O PT e Maluf já haviam se aliado em 2012, na eleição para prefeito de São Paulo. Foi uma ação bem sucedida, pois o candidato do PT, Fernando Haddad, elegeu-se. Agora, a parceria é reeditada na eleição para governador do Estado de São Paulo. Tanto em um quanto em outro caso, o que o PT quer são os preciosos minutos a mais no tempo de tv que o PP, partido de Maluf, pode lhe oferecer. Talvez a estratégia seja, novamente, exitosa, mas a busca da vitória a qualquer preço, aliando-se a um político procurado pela Interpol por desvio de dinheiro público, nada tem a ver com o PT nas suas origens. A ala paulista do partido adotou um pragmatismo idêntico ao de outras siglas, que tudo fazem em nome da conquista do poder. O pouco que resta do PT autêntico, com sua defesa da ética na política, está no Rio Grande do Sul, exemplificado na figura de Olívio Dutra.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Torcendo contra

Faltam poucos dias para o início da Copa do Mundo, e, no entanto, não há entusiasmo visível nas ruas pela sua realização. Por motivação política, ou por simples ignorância, milhões de brasileiros estão torcendo contra a Copa. Uma Copa que reunirá, pela primeira vez, todos os campeões da competição, e que tem como sede o país da única seleção a disputar todas as suas edições e a que mais obteve títulos. Alegando gastos excessivos para a construção de estádios e uso de dinheiro público nas obras da Copa, muitos estão empenhados em protestar nas ruas contra a sua realização. Uma estupidez, pois não é a Copa a responsável pela falhas na saúde, segurança, educação, previdência. O Brasil irá sediar a Copa pela segunda vez em siua história. A primeira foi em 1950. Nesses 64 anos decorridos desde então, o país sempre teve problemas nas áreas acima citadas, sem que o futebol tivesse qualquer responsabilidade por isso. Mesmo que o Brasil tivesse desistido de sediar a Copa, isso não traria nenhum efeito prático para essas mazelas. Na verdade, tantos e repetidos protestos contra a Copa parecem mais uma ação orquestrada de cunho político, visando às eleições de outubro. Lastimavelmente, o país que se enfeitava e pintava as ruas quando a Copa acontecia em outros lugares, encara com desprezo a Copa que acontecerá dentro de seu território. Nada temos a ganhar com isso, a não ser o desgaste da imagem do Brasil no exterior. Sempre fui favorável á realização da Copa no Brasil, e não reviso minha posição. Ela não tem nenhuma relação com as mazelas históricas do Brasil. Tomara que, quando a competição começar, tenhamos, finalmente, um clima de Copa do Mundo no país, e possamos fruir o privilégio de sediar a mais importante disputa do futebol.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Um novo fator nas eleições

O cenário das eleições no Rio Grande do Sul sofreu um grande impacto, com um novo fator, capaz de causar uma reviravolta em projeções de resultados que já vinham sendo feitas. O PT conseguiu convencer um dos partdos que integram a sua coligação, o PCdo B, a abrir mão da candidatura a senador, inicialmente destinada a Emília Fernandes, e indicou o nome do ex-governador Olívio Dutra. A novidade sacudiu o meio político. Com a desistência de Pedro Simon (PMDB) de buscar um novo mandato, a eleição para senador parecia se encaminhar para a vitória do jornalista Lasier Martins (PDT). A entrada em cena de Olívio muda radicalmente essa probabilidade. Olívio possui um invejável currículo político. Afora o cargo de governador, exerceu também os de prefeito de Porto Alegre e de ministro das Cidades do governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Sua lisura e honradez são reconhecidas até pelos seus mais ferrenhos adversários. O confronto com Lasier, particularmente, deverá incendiar a eleição, pois o jornalista foi um dos críticos mais severos de sua atuação como governador. Os demais candidatos a senador, Beto Albuquerque (PSB), e Júlio Flores (PSTU), não parecem ter cacife para concorrer com Olívio e Lasier, o que deverá polarizar a disputa. A entrada de Olívio na chapa é, também, um grande reforço para a candidatura a reeleição do governador Tarso Genro (PT). As pesquisas de intenção de voto mostram que a senadora Ana Amélia Lemos (PP) é uma adversária de peso para Tarso, mas a inclusão de Olívio na chapa poderá ter influência, também, nos votos para governador. Durante muito tempo, a candidatura de Olívio parecia, apenas, uma especulação, pois ele não se mostrava disposto a concorrer. Sua resistência, no entanto, foi dobrada, e isso muda todo o cenário que estava sendo projetado para o pleito. Conforme disse Tarso Genro, Olívio vai reforçar o tom da campanha pela recuperação do chamado purismo petista, da época em que o partido foi fundado. Ninguém melhor do que ele para fazer isso. Afinal, como destacou o próprio Tarso, Olívio é símbolo da dignidade política nacional.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Obrigação cumprida

A vitória do Inter sobre a Chapecoense, por 2 x 0, no Francisco Stédile, pelo Campeonato Brasileiro, nada mais foi do que uma obrigação cumprida. Contra um adversário fraco, candidato ao rebaixamento, o Inter não poderia admitir nenhum outro resultado. Não foi uma boa atuação do Inter, que, mais uma vez, apresentou problemas defensivos, mas a vitória é o que importa. Com ela, e auxiliado por resultados paralelos, o Inter subiu cinco posições, do oitavo para o terceiro lugar, e ultrapassou o seu maior rival, o Grêmio, que caiu para o sétimo. Fora de campo, as notícias também são boas, pois o atacante Luque chegou, vindo do Colón, e Aránguiz deverá ser contratado em definitivo. Com o título de campeão gaúcho na bagagem, e títulos de expressão relativamente recentes, o Inter ainda que seu futebol não esteja sendo convincente, pode desfrutar de uma certa tranquilidade. Uma situação bem diferente da do Grêmio, que sofre a pressão de anos de seguidos fracassos.

Decepcionante

O Grêmio, ao empatar em 0 x 0 com o Sport, hoje, na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Brasileiro, foi, mais uma vez, decepcionante. Mesmo jogando contra um adversário fraquíssimo, que mostrou enormes limitações, o Grêmio foi incapaz de alcançar a vitória. Nos minutos finais, inclusive, sofreu intensa pressão do Sport, com Marcelo Grohe, novamente, levando o time nas costas com grandes defesas. Também não há nenhuma novidade no fato de que Pará e Barcos jogaram mal, pois é algo que se repete, cansativamente. Alan Ruiz é um jogador de boa técnica, mas lento e, aparentemente, frio. Nas duas partidas seguidas que fez fora de casa, contra São Paulo e Sport, o Grêmio obteve apenas um ponto, e poderia ter ganho seis. O São Paulo vinha de uma goleada de 5 x 2 para o Fluminense, e não é nem sombra do time forte que foi num passado recente. O Sport, também vinha de uma goleada de 4 x 1 para o Corinthians, e nada mostrou hoje que justificasse qualquer temor por parte do Grêmio. Em apenas duas rodadas, o Grêmio caiu do segundo lugar, com a mesma pontuação do líder, para o sétimo, ficando atrás do seu tradicional adversário, o Inter, que subiu para terceiro. Desde que o ano começou, o Grêmio só faz frustrar os seus torcedores, que há 13 anos não sabem o que é ganhar um grande título, e, nos últimos quatro, não puderam comemorar sequer a conquista do Campeonato Gaúcho. Uma agonia que parece não ter fim.

terça-feira, 27 de maio de 2014

A declaração de Campos

O pré-candidato do PSB a presidente, e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarou que é contra a revisão da Lei de Anistia. Campos disse que a referida lei foi a solução encontrada na época para dar fim ao conflito entre a ditadura militar e os que lutaram contra ela, e que a anistia foi ampla, geral e irrestrita para todos. Lamento profundamente que Campos pense assim, ainda mais em se tratando de um neto de Miguel Arraes, figura tão proeminente da esquerda brasileira, que foi levado ao exílio pela execrável ditadura. Trata-se de um candidato de um partido, o PSB, que leva a palavra "socialista" em seu nome, mas que sempre teve pouca expressão política e, hoje, parece ser apenas mais uma sigla entre tantas. Provavelmente, Campos, que até há pouco era um aliado fiel do PT, esteja buscando uma estratégia eleitoral. Ao se dizer contra a revisão da Lei de Anistia, estaria procurando agradar ao eleitorado mais conservador, para o qual os bravos brasileiros que lutaram contra o espúrio regime militar são apenas "terroristas". Várias vezes coloquei, aqui nesse espaço, minha posição de que o Brasil deveria seguir o bom exemplo de seus vizinhos, Argentina e Uruguai, e punir exemplarmente os agentes da ditadura. Ao posicionar-se em sentido contrário, Campos evidencia que ele e seu partido nada tem de "socialistas", e não se mostra a altura da trajetória de seu avô. Na ânsia de retirar o PT do poder, Campos é, apenas, mais um candidato "sem sal", buscando um discurso pragmático para agradar eleitores que rejeitam posturas "radicais". O Brasil não precisa de discursos "conciliadores", propondo que se varra sua sujeira para debaixo do tapete. O argumento de que é preciso olhar para a frente e deixar as feridas do passado para trás, tão ardorosamente brandido por alguns, nada mais é do que um convite à impunidade. Campos demonstra que é um candidato preocupado somente com o resultado das urnas. Deseja ganhar a eleição, mas não tem uma visão de estadista.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A glória e o infortúnio

O futebol, como a vida, é feito de altos e baixos. Muitos dos que experimentam a glória nos gramados, são surpreendidos, mais tarde, pelo infortúnio. Nos últimos dias, o Brasil perdeu dois ex-jogadores que tiveram seus momentos de fama e reconhecimento: Joel Camargo e Washington. Em comum a ambos, um final de vida ditado por doenças graves e, no caso de Washington, extremamente precoce para os padrões atuais. Joel Camargo era zagueiro do Santos nos anos 60, e titular da Seleção Brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, sob o comando do técnico João Saldanha. Com a saída de Saldanha, o novo técnico, Zagallo, o convocou para a Copa, mas não o utilizou em nenhum jogo. Com o prêmio dado aos jogadores pela conquista da Copa, Joel comprou um Opala "vermelhão", como ele mesmo dizia, um carro de destaque para os padrões da época. Aí começariam seus problemas. No mesmo ano de 1970, na madrugada do dia 22 de novembro, um acidente marcaria a sua trajetória. O carro de Joel chocou-se contra um poste, e duas mulheres que o acompanhavam morreram no acidente. Condenado a um ano e oito meses de prisão por homicídio culposo e lesões corporais, Joel cumpriu a pena em liberdade, mas ficou marcado. Como jogador, nunca mais foi o mesmo. Saiu do Santos e foi para o Paris Saint-Germain, mas não teve sucesso. Voltou para o Brasil e jogou por clubes de pouca expressão. Encerrou sua carreira em 1973, com apenas 29 anos, e, desempregado, afundou-se no álcool. Desfez-se de todo o patrimônio que havia amealhado e até das medalhas que ganhara com o futebol. Passou a ser estivador. Trabalhou na estiva por mais de 20 anos, até se aposentar, aos 55. Magro e abatido, Joel, pouco antes de falecer, aos 70 anos, ainda se recuperava de uma cirurgia que lhe amputou um dos dedos dos pés por causa do diabetes. Viúvo ha cinco anos, morava sozinho. Dizia que jogara quase 10 anos pelo Santos, vira Pelé fazer mais de 1.000 gols, rodara o mundo, mas não ganhara dinheiro com o futebol. Em 2013, recebeu do governo federal o prêmio de 100 mil reais concedido a todos os jogadores que foram campeões mundiais pela Seleção Brasileira. A quantia lhe ajudou a pagar a cirurgia, mas, conforme Joel, chegou tarde. Poucos dias antes de sua morte, Joel perguntava: "A essa altura da vida, sem poder sair de casa, o que é vou fazer com esse dinheiro"? Washington teve um final de vida ainda mais triste. Atacante, seu grande momento na carreira ocorreu no Fluminense, onde foi campeão brasileiro e tricampeão estadual. Teve, também, breves passagens pela Seleção Brasileira. Goleador, formou com o meia Assis, no Atlético Paranaense e no Fluminense, o chamado "Casal 20", alusão a um seriado de tv da época. Faleceu com apenas 54 anos, vitimado pela esclerose lateral amiotrófica, uma grave doença neurológica que o acometera há anos. Seu aspecto alquebrado em nada lembrava o vigor dos tempos como jogador. Necessitava do auxílio permanente de enfermeiros. A vida pós-futebol de Joel Camargo e Washington mostra como a fama e a glória são fugazes. Num dia, estádios lotados, reconhecimento público, títulos, prêmios. Depois, a solidão, a doença, o ostracismo, as dificuldades financeiras. Para os amantes do futebol, fica a lembrança de dois jogadores que cumpriram muito bem o seu papel em campo.

domingo, 25 de maio de 2014

Realidade

O Inter vem se debatendo, nos últimos anos, pelo confronto da ficção com a realidade. Na ficção, criada por uma imprensa local sempre dócil e simpática aos seus interesses, o Inter é um permanente candidato a todos os títulos, por possuir, no entender de tais analistas, um time e grupo fortes. A realidade, no entanto, teima em se impor. Fora do reino encantado do Campeonato Gaúcho, onde a tabela lhe favorece escancaradamente, e seus jogos são comandados pelos melhores árbitros, enquanto seu maior rival, o Grêmio, tem em suas partidas apitadores inexperientes ou em fim de carreira, o Inter só faz fracassar. Esse ano, pela enésima vez, o Inter foi avaliado como um dos principais candidatos ao título do Campeonato Brasileiro. Porém, novamente, as previsões não estão se confirmando. O Inter chegou a ser líder invicto da competição, mas, com a derrota de hoje, por 3 x 1, para o Cruzeiro, de virada, no Francisco Stédile, caiu para o oitavo lugar, e perdeu sua invencibilidade. Chegou a sair na frente no placar, mas perdeu de forma inapelável. Nem mesmo os desfalques servem como justificativa. Ainda que não contasse com Alex e Alan Patrick, o Inter teve a volta de seu maior jogador, D'Alessandro, a presença de Valdívia, tido como a grande revelação do clube no momento, e titulares como Dida, Juan, Fabrício e Williams. O problema do Inter reside no fato de que suas qualidades tem sido superestimadas, o que resulta em expectativas acima do potencial do time, redundando em repetidas frustrações.

sábado, 24 de maio de 2014

A torcida não merece

A torcida do Grêmio, que já acumula frustrações há 13 anos, não merece o tipo de derrota sofrida, hoje, para o São Paulo. Contra um adversário que nem de longe lembra o poderio de anos anteriores, o Grêmio tropeçou na própria ineficiência, e nos seus problemas crônicos, que insiste em não resolver. Pará teve mais uma atuação lastimável, em que chegou, até, a pisar na bola. Barcos perdeu um gol feito no último segundo de jogo, e Marcelo Grohe, depois de ser pedido por alguns para a Seleção Brasileira, levou um frango, depois de já ter falhado no gol do Botafogo no jogo anterior. Tal e qual a alegria  de pobre, como expressa o ditado, o contentamento dos gremistas dura pouco. A satisfação pelo segundo lugar no Campeonato Brasileiro, com o mesmo número de pontos do líder, o Cruzeiro, não durou mais que uma rodada. O Grêmio termina o dia de hoje em terceiro lugar, e dependendo dos resultados de amanhã, poderá cair para sétimo. Para os gremistas, as frustrações são longas, os momentos de comemoração são escassos. Uma longa e triste rotina, que a torcida não merece.

Crueldade

A forma como o título da Champions League escapou do Atlético de Madrid foi cruel. A torcida já esperava o apito do árbitro para comemorar a vitória por 1 x 0 que daria o título, quando, aos 48 minutos do segundo tempo, o Real Madrid empatou. O jogo foi para a prorrogação, mas o Atlético não tinha mais condições físicas e psicológicas, e acabou goleado por 4 x 1. Seria o seu primeiro título da competição. Em 1974, também chegou na decisão, mas foi derrotado pelo Bayern de Munique. O Real Madrid, por sua vez, chegou ao seu décimo título da Champions League, sendo recordista absoluto de conquistas nessa disputa. Um time que tem Cristiano Ronaldo e Bale, afora tantos outros grandes jogadores, reúne condições suficientes para conquistar um título dessa magnitude, mas a forma como aconteceu foi muita dura para o Atlético. Entre as razões para o desfecho negativo, estão a cera demasiada de Felipe Luís, que levou o árbitro a dar cinco minutos de acréscimo, o excessivo recolhimento do time no segundo tempo, tentando garantir a vitória parcial, e as entradas de Marcelo e Isco no Real Madrid, que tornaram o time muito mais ofensivo. Perder é do jogo, mas ver um título escapar aos 48 do segundo tempo é doloroso demais.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Repetição

A cada ano, um fato se repete no Rio Grande do Sul, em relação ao Campeonato Brasileiro. Invariavelmente, o Inter é apontado, pela crônica esportiva local, como um dos favoritos ao título. O Grêmio, por sua vez, é visto com reservas por muitos, e apontado até, por alguns, como um dos participantes do Brasileirão que correm riscos de rebaixamento. Como expressa o dito popular, no entanto, a teoria, na prática, é outra, e, com a bola rolando, as previsões insistem em não se confirmar. Nas últimas oito edições da competição, o Grêmio ficou cinco vezes entre os quatro primeiros colocados, enquanto o Inter fez campanhas bem mais modestas. Nos dois últimos anos, essa diferença foi flagrante. Em 2012, o Grêmio foi 3º colocado, o Inter, 11º. Em 2013, o Grêmio foi vice-campeão, o Inter ficou em 15º lugar, correndo riscos de rebaixamento até a última rodada. Eis que chega 2014, e se verifica a repetição das previsões, que, mais uma vez, não se confirmam. Bastaram seis rodadas para que o Inter, até então líder da competição, caísse para o 4º lugar, ao empatar com o Coritiba em 1 x 1, no Couto Pereira,  e o Grêmio, ao vencer o Botafogo por 2 x 1, no Alfredo Jaconi, subisse para o 2º, com o mesmo número de pontos que o líder Cruzeiro, para quem perde, apenas, no saldo de gols. Poucas vezes se viu teimosia tão grande, tamanha insistência em impor conceitos que se chocam com a realidade. Como se costuma dizer, o papel aceita tudo. Pena, para tais teóricos, que o futebol, dentro de campo, seja indiferente às suas análises.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ativismo

Um dos elementos que está mais presente em nossos dias é o ativismo social. Os ativistas são pessoas que se propõem a mudar o mundo para melhor, conforme seus próprios conceitos. Em princípio, suas ideias são carregadas de bom senso, mas eles incorrem no exagero. A todo o momento, surge um ativista para propor proibições, ou para impedir obras, sempre em nome da defesa de causas nobres, como, por exemplo,  a preservação da natureza, da saúde, da vida humana, e da proteção aos animais. O vereador, de Porto Alegre, Marcelo Sgarbossa (PT), pelo visto, é um deles. Sgarbossa já havia proposto que todos os semáforos de Porto Alegre tivessem um tempo de 30 segundos para a travessia de pedestres. Testada na prática, a medida se revelou um desastre, trancando a cidade com enormes engarrafamentos, e o prefeito, que pretendia sancioná-la, sensatamente, voltou atrás. Agora, Sgarbossa quer que, em um dia por semana, os refeitórios ligados à prefeitura de Porto Alegre sirvam refeições sem carne. O projeto visa incentivar a alimentação vegetariana. O vereador, a propósito, declarou o seguinte: "Com a apresentação desta proposição, pretende-se discutir duas questões: o compromisso ético relativo ao direito dos animais e ao seu bem-estar, e o consumo excessivo de carne e suas implicações na saúde humana e no planeta". Sgarbossa argumenta que as últimas pesquisas médicas demonstram que carnes vermelhas estão associadas a doenças crônicas como obesidade, enfermidades cardiovasculares, diabetes e vários tipos de câncer. As alegações do vereador são ponderáveis, mas seus projeto não se justifica. As pessoas tem o direito de consumir o alimento que quiserem. A defesa dos direitos dos animais não implica em que o ser humano deixe de utilizá-los em sua alimentação, como sempre fez. Um projeto como esse, especialmente em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, estado que é a terra do churrasco, vai de encontro aos hábitos da população. Em vez de tentar "salvar o mundo" com suas propostas excêntricas, Sgarbossa faria melhor uso de seu cargo se tratasse de questões mais práticas, como a superlotação de hospitais, o avanço da criminalidade, entre outras. Os eleitores não desejam que seus representantes reformem a sociedade e seus valores, apenas que ajudem a tornar sua vida menos árdua e espinhosa.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Despropósito

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao longo do tempo em que exerce o cargo, não tem se destacado por uma atuação brilhante, e, vez por outra, dá declarações "fora de órbita". Num momento em que os gastos com estádios para a Copa do Mundo são criticados  por um grande número de pessoas, Rebelo defende a ideia de que o governo poderá ajudar o Flamengo a ter o seu próprio estádio, a exemplo do que fez com o Corinthians. A declaração do ministro é inoportuna e desastrada. Rebelo parece desconhecer que o auxílio governamental à construção do Itaquerão foi muito mal recebido pela opinião pública. Nesse caso, no entanto, havia uma justificativa. Afinal, o São Paulo não aceitou as imposições da Fifa para a reforma do Morumbi, estádio inicialmente escolhido para abrigar os jogos da Copa do Mundo na capital paulista. Como seria inconcebível São Paulo ficar de fora da Copa, houve a necessidade de construção de um novo estádio que pudesse atender o "padrão Fifa". O Corinthians aproveitou-se dessa oportunidade e, com o auxílio do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, torcedor declarado do clube, realizou seu antigo sonho de um estádio próprio, contando para isso com recursos públicos. No caso do Flamengo, esse motivo inexiste. Rebelo argumentou que um clube como o Flamengo, que tem a maior torcida do Brasil, precisa ter seu próprio estádio, e que isso ajudaria o clube a recuperar o seu prestígio internacional. As afirmações do ministro são válidas, mas não tornam aceitável que se use dinheiro público para a consecução do objetivo. Se quiser ter seu próprio estádio, o Flamengo deverá fazê-lo com a colaboração de parceiros privados. Rebelo revelou que tais recursos poderiam ser obtidos por meio dos programas de incentivo ao esporte já mantidos pelo Ministério, mas nem isso parece razoável. Afinal, os recursos desses programas deveriam ser usados para o estímulo ao esporte na base, não para auxiliar clubes profissionais a erguerem estádios. Rebelo perdeu uma grande oportunidade de ficar calado, pois, num momento de questionamento quanto aos gastos com a Copa e de críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, sua declaração soa como um despropósito.

domingo, 18 de maio de 2014

Campanhas diferentes

Grêmio e Inter estão nas primeiras colocações do Campeonato Brasileiro. O Inter é o líder, o Grêmio está em terceiro lugar. Porém, é preciso analisar os detalhes de cada campanha, antes de decretar que o Inter está melhor. São campanhas diferentes. O Grêmio, em cinco rodadas, jogou três partidas fora e duas em casa. O contrário se deu com o Inter, que jogou três em casa e duas fora. Nos dois jogos que fez como visitante, o Inter apenas empatou, enquanto o Grêmio já obteve uma vitória fora de seus domínios. Nos jogos de hoje, o Grêmio, mesmo sem fazer uma grande partida e tendo em seu goleiro a melhor figura em campo, com, pelo menos, três grandes defesas, venceu o Fluminense por 1 x 0, na Arena. O Inter não passou de um empate em 0 x 0 com o Criciúma, no Heriberto Hülse. Em princípio, empates fora de casa, numa competição difícil como o Brasileirão, são bons resultados, mas não é o caso, em se tratando do Criciúma, que está na zona de rebaixamento. Para quem deseja ser campeão, é fundamental não perder pontos para os times mais fracos. O empate bastou ao Inter para manter-se como líder isolado da competição, mas é uma vantagem frágil. O Inter tem 11 pontos, apenas um a mais que o segundo, terceiro e quarto colocados, Cruzeiro, Grêmio e Goiás, respectivamente. O Grêmio obteve sua terceira vitória em cinco jogos e, mesmo sem grandes atuações, repete as boas campanhas dos anos anteriores. Com uma tabela muito mais dura que a de seu maior rival, tendo de enfrentar seis grandes clubes nos nove jogos antes da parada para a Copa do Mundo, está em terceiro lugar. Com um número maior de jogos realizados fora de casa, e enfrentando adversários de melhor nível técnico, a campanha do Grêmio, embora ainda inferior em pontos, é mais consistente que a do Inter.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A compra da Arena

Em meio a tantas desilusões, os torcedores do Grêmio estão, nos últimos dias, tomados pelo entusiasmo quanto a possibilidade de o clube ficar com a Arena só para si, e não mais em parceria com a construtora OAS. Claro que isso não vai acontecer de uma hora para a outra, pois envolve muito dinheiro, mas, ao contrário do que muitos possam pensar, não se trata de um sonho delirante. A razão para isso é bastante simples. Os estádios, por mais modernos e multiuso que sejam, como é o caso das novas arenas do futebol brasileiro, não são empreendimentos altamente rentáveis. Eles até podem dar algum retorno financeiro, mas nunca na medida sonhada pelas empreiteiras que firmaram parcerias com clubes ou com o poder público, no caso dos estádios municipais e estaduais. Por falta de familiaridade com o futebol, tais empresas julgaram poder fazer dos novos e confortáveis estádios uma verdadeira "mina de ouro", essa sim uma visão delirante. Voltadas, prioritariamente, para atividades que nada tem a ver com o futebol, e confrontadas com a frustração de suas expectativas iniciais quanto à rentabilidade dos estádios, novos ou reformados, a tendência é que, com o tempo, todas as construtoras abandonem as parcerias estabelecidas. Desse modo, os estádios particulares voltariam a pertencer unicamente aos clubes, e os demais voltariam a ser inteiramente públicos. Não será da noite para o dia, e a mudança exigirá muita negociação e dinheiro, mas me parece ser um desfecho inevitável. Empreiteiras são empresas que visam grandes lucros, e já perceberam que os estádios, como empreendimento, estão longe de proporcioná-los. Os gremistas não estão vibrando em vão. Seu sonho tem tudo para se tornar realidade.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O mesmo receituário de sempre

A revista "Veja" continua sempre empenhada na disseminação dos conceitos neoliberais. Com a proximidade das eleições, então, o proselitismo direitista da publicação torna-se ainda mais sistemático. A ladainha é sempre a mesma, isto é, a de que um país, para acertar na condução da sua economia, precisa adotar medidas "dolorosas" e "imprescindíveis", pois só elas podem levar ao "crescimento sustentado". Dessa vez, a revista utilizou-se do exemplo de Portugal para sustentar suas ideias. Conforme "Veja", Portugal vive o seu melhor momento na economia desde 2010. Isso seria resultante de medidas tomadas pelo governo português como o combate a gastos em obras desnecessárias, corte de benefícios sociais de quem não precisava recebê-los, redução de encargos trabalhistas e abertura da economia. O curioso é que a mesma matéria que apregoa tais "acertos" revela que sete em cada dez portugueses reprovam o governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. A própria revista afirma que o caminho para a recuperação de Portugal ainda está longe do fim e continuará doloroso para os seus cidadãos, mas expressa a convicção de que a "esperança", depois de muitos anos, está erguida sobre bases sólidas, e que o desafio é não ceder à "tentação populista" nas eleições de 2015. Esse é o mesmo receituário de sempre, por parte da publicação e dos neoliberais como um todo. Os investidores e empresários precisam de "bases sólidas" para fazerem a economia crescer e "gerar empregos". Para os demais cidadãos, resta acreditar em dias melhores e viver de esperança. Não é por acaso que os defensores de tais teorias se empenhem tanto em derrubar o atual governo brasileiro. Eles não aguentam mais esperar pela volta de um governo que venda patrimônio público em troca de moedas podres, favoreça os mais bem situados financeiramente, estimule a "meritocracia" e que se proponha a "modernizar" a legislação trabalhista. Os portugueses já deixaram claro o que acham de tal política econômica. Os brasileiros, também, e haverão de reafirmá-lo nas eleições de outubro.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O Brasil está fora da Libertadores

Com  o empate de 1 x 1 do Cruzeiro com o San Lorenzo, hoje, no Mineirão, o Brasil está fora da Libertadores de 2014. O Brasil começou a competição com seis clubes, e todos já foram eliminados. Um fracasso rotundo, que chama a atenção. Afinal, as últimas quatro edições da Libertadores haviam sido ganhas por clubes brasileiros. Afora isso, é a primeira vez nos últimos 23 anos que nenhum clube brasileiro chegou sequer às semifinais. Esse mau desempenho na Libertadores, somado ao baixo nível técnico que tem se verificado nas competições em âmbito interno no país, mostram que o futebol brasileiro passa por um preocupante período de entressafra. Uma outra evidência disso é que a Seleção Brasileira que irá defender o pais na Copa do Mundo tem apenas um jogador de exceção, Neymar. Um contraste com seleções como as de 1958 e 1970, recheadas de craques. Por força da Copa, temos muitos estádios bonitos e modernos, entre novos e reformados, mas os jogadores que neles se apresentam deixam a desejar. Se, por um lado, os ingressos encarecem, como consequência de estádios menores e mais confortáveis, por outro, o futebol praticado no país empobrece. Enquanto o modesto Nacional, do Paraguai, classificou-se para as semifinais da Libertadores, gigantes do futebol brasileiro como Grêmio, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo ficaram pelo caminho. No momento, o futebol no Brasil prima mais pela forma, com seus belos estádios, do que pelo conteúdo, dada a reduzida qualidade da maioria dos jogos. Uma possível conquista da Copa poderia injetar um novo ânimo no futebol brasileiro. Caso contrário, a tendência é termos estádios bonitos e com pouco público, afugentado pelos preços altos e pela precariedade técnica das partidas.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Diferenças

Convencido, finalmente, de que precisa de um lateral direito, e de que ainda não encontrou o meia-armador de que necessita, o Grêmio estaria buscando no exterior a solução para tais problemas. As informações dão conta de que os jogadores desejados seriam o lateral direito Rodriguez, do Sampdoria, e o armador Fernandez, da Fiorentina. Ambos são argentinos, com passagem pelo futebol chileno, e viriam por empréstimo até o final do ano. Rodriguez tem 28 anos, e Fernandez, 27, são reservas em seus clubes e estão insatisfeitos. Esse tipo de contratações, caso elas venham a se concretizar, apenas confirmariam que o Grêmio não aprende com os próprios erros, e segue repetindo ações equivocadas que fazem com que viva um exasperante jejum de títulos. Vejamos a comparação com o seu maior rival, e ficará claro porque o Grêmio não acha o caminho das conquistas. As diferenças são evidentes. O Inter contratou Aránguiz, de 24 anos, titular absoluto da seleção do Chile, por empréstimo até a metade do ano. Como o jogador mostrou enorme qualidade, está tratando de adquiri-lo em definitivo. Agora, irá trazer Luque, uma jovem revelação argentina, de 21 anos, do Colón. Enquanto o Inter contrata jogadores jovens, afirmados como Aránguiz e promissores como Luque, o Grêmio busca resolver carências do seu time com jogadores obscuros e rodados. A probabilidade de que fracassem, claro, é muito grande. Assim, a tendência é que o Grêmio continue a carecer de soluções para a lateral direita e para a armação. A justificativa dada por muitos, de que o problema do Grêmio é a falta de recursos financeiros, é inconvincente. Afinal, quem alega ter pouco dinheiro não poderia gastar mais de R$ 1 milhão por mês apenas com os salários de Kléber e Barcos. Sem quebrar esse círculo vicioso de iniciativas que só levam ao fracasso, o Grêmio seguirá perdendo por muitos anos, para desconsolo do seu torcedor.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Voto obrigatório

Uma pesquisa do Instituto Datafolha revela que 61% das pessoas consultadas são contra o voto obrigatório, o maior índice já verificado no Brasil. Embora possa parecer contraditório para um livre pensador e defensor da liberdade individual, acho que o fim do voto obrigatório seria um desastre para o Brasil. A própria pesquisa sobre o assunto me parece mais uma das tantas tentativas da direita brasileira de moldar o cenário eleitoral aos seus interesses. Antes de sair por aí dando discursos contra a obrigatoriedade do voto, por ser algo supostamente antidemocrático, pensemos, objetivamente, que vantagem teríamos com a adoção do voto facultativo? No meu entendimento, nenhuma. A "qualidade" do voto não se tornaria maior pelo fato dele ser opcional. O que aconteceria é que as classes mais privilegiadas economicamente, ciosas da defesas dos seus interesses, continuariam a votar. Os demais deixariam de fazê-lo, favorecendo a elitização das eleições. Afora isso, muitos eleitores pobres e despolitizados passariam a vender seus votos, dispondo-se a sufragar o nome de qualquer candidato, em troca de dinheiro. Convenhamos, também, que votar não exige nenhum sacrifício. As seções eleitorais são sempre próximas das residências dos eleitores, os que tem deficiências recebem tratamento especial, e, para os que tem mais de 70 anos, o voto já é facultativo. Não há nada que justifique alguém querer eximir-se do ato de votar, a não ser uma enorme ignorância política. O Brasil tem muito mais com o que se preocupar do que em discutir a obrigatoriedade do voto. O voto obrigatório é garantia de pleitos mais abrangentes, concedendo aos eleitos maior legitimidade. Sua extinção só favoreceria as elites predatórias. Para o bem do Brasil, a obrigatoriedade do voto jamais deveria ser revogada.

domingo, 11 de maio de 2014

Vitória indispensável

Em campeonatos de pontos corridos, é indispensável, para os clubes grandes, e com maiores pretensões, que vençam os adversários mais fracos, independentemente se o jogo for em casa ou fora. Nesse sentido, a vitória do Grêmio por 2 x 1 sobre a Chapecoense, hoje à tarde, pelo Campeonato Brasileiro, foi um dever cumprido. O Grêmio não chegou a fazer uma grande atuação, alguns jogadores tiveram desempenhos pálidos, mas o time ganhou, e isso é o que importa. O grande destaque do jogo foi Barcos, autor dos dois gols do Grêmio, que, dessa forma, atenua, em parte, as críticas que vem recebendo quanto à sua produção em campo. A Chapecoense tem um time modesto, e é forte candidata ao rebaixamento. Por isso, em condições normais, talvez o Grêmio devesse ter uma vitória mais afirmativa do que a obtida hoje. Porém, nas atuais circunstâncias, com o Grêmio enfrentando uma crise técnica e de confiança, foi o suficiente. Tendo jogado apenas uma partida em casa, e três fora, o Grêmio faz uma boa campanha, em  termos de números, no Brasileirão, e já está em sétimo lugar. Os resultados estão sendo melhores que o futebol praticado pelo time, é verdade, mas isso é um bom sinal. Afinal, se conseguir evoluir tecnicamente, o Grêmio tende a crescer ainda mais na competição.

sábado, 10 de maio de 2014

Vitória previsível

A vitória do Inter por 2 x 1, de virada, sobre o Atlético Paranaense, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, é o que se pode chamar de previsível. O Inter foi beneficiado pela tabela nas nove rodadas antes da Copa do Mundo. Desses jogos, faz cinco como mandante, e quatro como visitante. Só duas dessas partidas serão contra clubes grandes. O maior rival do Inter, o Grêmio, faz quatro jogos como mandante e cinco como visitante. Nesses jogos, o Grêmio enfrentará seis clubes grandes. Com uma tabela tão camarada, seria de se esperar que o Inter alcançasse a liderança, como de fato aconteceu. Hoje, o Inter dormirá líder do Brasileirão. Se, amanhã, Corinthians e Cruzeiro não ganharem os seus jogos, o Inter terminará a rodada como líder isolado da competição. Será, sem dúvida, um fator de estímulo e confiança para o grupo, mas a tabela não vai ajudar sempre. Depois da Copa é que tudo irá se decidir.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Cinema brasileiro

Não são poucos os brasileiros que desdenham do cinema produzido no país. Alegam que ele é de má qualidade, que não se compara ao que é feito em outros países. Essa é uma visão falsa e preconceituosa. A produção cinematográfica brasileira é, hoje, bastante expressiva em termos quantitativos. Ainda que grande parte desses filmes sejam comédias de fácil assimilação, há também obras de maior fôlego. Um exemplo disso é o filme "Getúlio", que está em cartaz há duas semanas, em todo o país. Ele aborda os últimos 19 dias de vida de Getúlio Vargas, o maior presidente brasileiro. No ano em que se completam 60 anos da morte de Vargas, o filme se debruça sobre esse importante momento da vida política brasileira, em que um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda resulta na morte do major da Aeronáutica Rubens Tolentino Vaz, e em seu desdobramento leva Getúlio ao suicídio. O filme tem atuações marcantes de Tony Ramos, como Getúlio, e Drica Moraes, como sua filha, Alzira. Um filme que mostra a capacidade brasileira de fazer bom cinema, como já foi demonstrado tantas vezes anteriormente. Certamente, quem o assistir, se convencerá de que o cinema brasileiro é capaz de fazer trabalhos de grande nível. O  fantasma das limitações técnicas, que resultavam num péssimo áudio, por exemplo, ficou no passado. O cinema brasileiro merece ser prestigiado.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Jair Rodrigues

O Brasil perdeu, hoje, Jair Rodrigues, um de seus artistas mais carismáticos. Jair gravou seu primeiro disco há exatos 50 anos, e logo alcançou o sucesso. Sua interpretação de "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros, no festival da TV Record, em 1966, é uma das mais antológicas da televisão brasileira. Em dupla com Elis Regina, fez sucesso em disco e na televisão. O auge de sua carreira foi nos anos 60, mas ele jamais saiu de cena. Mesmo que já não tivesse, nos últimos anos, a mesma exposição na mídia de épocas anteriores, continuava com uma extensa agenda de shows e lançando novos trabalhos. Encantava pela sua alegria e espontaneidade. Exibia um permanente bom humor. Jair Rodrigues era o tipo de pessoa que colecionava amigos. Vários deles, aliás, disseram, ao saber de seu falecimento, que tinham a impressão de que ele jamais morreria. Marcou sua presença, também, pela versatilidade, cantando vários gêneros musicais. Seus dois filhos, Jair Oliveira e Luciana Mello seguiram a carreira do pai, e também tornaram-se cantores. Num mundo de tanta negatividade, pessoas como Jair Rodrigues são indispensáveis, pela alegria e positividade. Por isso mesmo, quando morrem, a lacuna que deixam é imensa. No caso de Jair Rodrigues permanecem, no entanto, na memória das pessoas, os grandes sucessos que atravessam os anos, e a simpatia que contagiava a todos.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Convocação coerente

A convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo, divulgada hoje pelo técnico Luiz Felipe Scolari, foi bastante coerente. Com exceção de Henrique, cujo nome era pouco aventado pela imprensa, os demais jogadores chamados estão dentro do que era esperado. Ao contrário de outras Copas, dessa vez não havia nenhum jogador cuja convocação fosse reclamada pela opinião pública, como Romário em 2002, e Neymar em 2010. Em contraste com seu antecessor no cargo, Mano Menezes, que convocou 102 jogadores, Felipão, desde que reassumiu a Seleção, chamou, apenas, 49. Sua convocação final para a Copa, portanto, não poderia mesmo ter grandes surpresas. A Seleção possui um único jogador de exceção, Neymar. De resto, é uma equipe mediana, o que não lhe tira a possibilidade de ser campeã. A zaga talvez seja, mesmo, o setor mais discutível. Miranda vive grande fase no Atlético de Madrid, e poderia ter sido chamado. Henrique também é bom jogador, afora ser versátil e homem de confiança de Felipão, com quem trabalhou no Palmeiras. Nesse caso, Felipão poderia ter deixado Dante de fora, pois, embora sempre tenha sido convocado pelo técnico, parece bem inferior aos outros dois. Seja como for, a convocação, no geral, foi justa e equilibrada. A sorte está lançada. Agora, é tudo com Felipão e seus 23 convocados.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A ausência de Mário Quintana

O dia de hoje marca mais uma data "redonda", a dos 20 anos da morte de Mário Quintana. Apenas quatro dias depois da morte de Ayrton Senna, um dos seus maiores ícones do esporte, o Brasil perdia um dos seus grandes poetas. A perda, é claro, tocou ainda mais de perto o Rio Grande do Sul, e Porto Alegre, cidade em que Quintana residia e que foi objeto de um dos seus poemas mais conhecidos. Num país com tão pouco gosto pela leitura, os poetas exercem um ofício ingrato, sendo prestigiados por poucos. Raros são os que conseguem atingir o reconhecimento público, pois se os livros, em geral, vendem pouco, os de poesia, tem uma comercialização ainda menor. Mesmo assim, há poetas que rompem essa barreira, e se tornam populares, com poemas que permanecem na memória das pessoas, atravessando o tempo e as gerações. Trata-se de um grupo seleto, de poucos integrantes, e Mário Quintana, certamente está entre eles. Grupo que tem, entre outros membros, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira. Poetas que romperam o limite estreito do academicismo e dos círculos literários e chegaram até o coração do público. A ausência de Quintana é apenas física, pois ele segue vivo junto aos leitores. Em sua longeva e solitária existência, Quintana foi um homem de poucas viagens. Sua poesia brotava de seu mundo interior. Natural de Alegrete, radicou-se em Porto Alegre, e estabeleceu com a cidade e seus habitantes um afeto recíproco. Num país de muitos iletrados e analfabetos funcionais, marcou sua presença de forma indelével escrevendo poesias. Um feito admirável, que poucos conseguem alcançar.

domingo, 4 de maio de 2014

Campanha enganosa

O Inter está, pelos critérios, em terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, mas com o mesmo número de pontos do primeiro e do segundo colocados. Porém, essa é uma campanha enganosa, que resulta mais do nivelamento por baixo verificado, atualmente, no futebol brasileiro, do que por um grande desempenho em campo. Na tarde de hoje, o Inter venceu o Sport, por 2 x 1, no Beira-Rio. No primeiro gol, o chute de D'Alessandro desviou no ombro de um adversário, enganando o goleiro. O segundo gol, de Aránguiz, foi em impedimento, dando prosseguimento à rotina histórica do Inter de ser beneficiado pelas arbitragens. O Sport ainda marcou um gol, e por pouco não chegou ao empate. Os pontos vão sendo somados, mas o futebol do Inter está longe de agradar. Seus dois últimos jogos em casa foram vitórias magras contra o Vitória, na estreia do Brasileirão, e, hoje, contra o Sport, dois times modestos. Fora de casa, empatou com o Botafogo, depois de fazer 2 x 0, e, pela Copa do Brasil, ficou no 1 x 1 com o Cuiabá. Costuma-se dizer, com razão, que futebol é resultado, mas se ele não vem acompanhado de uma atuação satisfatória, as perspectivas de conquistas ficam diminuídas. Não basta vencer, é preciso convencer, o que, decididamente, o Inter não tem conseguido.

sábado, 3 de maio de 2014

Empate razoável

Para um time que tinha sido eliminado da Libertadores, sua competição prioritária no ano, três dias antes, e anteriormente havia sido derrotado na decisão do Campeonato Gaúcho sofrendo uma goleada de seu maior rival, o empate de 0 x 0 do Grêmio com o Santos, hoje, pelo Campeonato Brasileiro, é um resultado razoável. Afinal, enfrentar o Santos na Vila Belmiro nunca é tarefa fácil, tanto que o Grêmio só tens duas vitórias em jogos oficiais naquele estádio. Esse empate fora de casa se segue a uma vitória, com um time reserva, sobre o Atlético Mineiro, na Arena, o que já remete o Grêmio para uma posição intermediária na tabela. A atuação do time, mais uma vez, não foi boa. Aliás, o jogo, em si, foi de péssima qualidade. Basta dizer que, durante toda a partida, houve uma única chance concreta de gol, de Dudu, do Grêmio, logo aos 7 minutos do primeiro tempo, uma daquelas oportunidades que não podem ser desperdiçadas. No restante da partida o que se viu foram dois times sem criatividade e poder ofensivo. Barcos e Leandro Damião, atacantes sobre os quais recaem as expectativas de marcarem os gols de que seus times necessitam, foram, novamente, inoperantes. O técnico do Grêmio, Enderson Moreira, acertou ao colocar Zé Roberto no banco, dando a titularidade para Alan Ruiz, mas continua a insistir com Pará. Dudu, mesmo desperdiçando uma chance de gol imperdível, foi o único jogador a se salvar, do meio para a frente, no Grêmio. A agradável surpresa ficou por conta de Geromel que, a despeito da desconfiança em torno do seu futebol, foi, pelo terceiro jogo consecutivo, quase irrepreensível na sua atuação. Há muito a se fazer para o que o Grêmio possa tornar-se um time confiável e capaz de conquistar grandes títulos, mas o resultado de hoje ameniza um pouco a desolação vivida pelo clube e sua torcida nos últimos dias e abre a perspectiva de mais uma boa campanha no Brasileirão, como tem sido comum nos últimos anos. Para a grandeza do Grêmio, isso ainda é muito pouco, mas já é uma luz no fim de um túnel que se prenunciava muito escuro.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Modernizações

Vivemos numa época de acelerado avanço tecnológico, em que a obsolescência de tendências, posturas, comportamentos e modismos é constante. Para a chamada "indústria cultural", isso é uma fonte de permanente preocupação. Afinal, no contexto capitalista e consumista, tudo é submetido a uma lógica de mercado. Jornais, emissoras de rádio e tv, sites de internet, e toda e qualquer forma de difusão da informação, são reféns da busca por vendagens, audiência, número de visualizações. Dentro dessa linha de pensamento, é preciso identificar o que o público quer e, principalmente, o que ele rejeita. Num tempo em que o áudio-visual sobrepuja a palavra escrita, temos uma evidente prevalência da forma sobre o conteúdo. O importante não é o que se informa, mas, sim, de que isso seja feito de um modo "atrativo". Os jornais e revistas, particularmente, enfrentam dificuldades, já que o interesse pela leitura vem decaindo. Para que ainda consigam atrair leitores, tais veículos apostam em constantes modernizações em seu aspecto visual. A intenção declarada é tornar a leitura mais agradável e fácil, com uma diagramação mais leve e atraente. Em geral, no entanto, o que se vê é que, a cada reformulação do gênero, o volume de informações parece se tornar mais escasso, e o conteúdo do que é transmitido fica mais ralo. A recente reformulação gráfica de um jornal de Porto Alegre confirma essa impressão. O jornal apostou numa simplificação visual que o tornasse mais sedutor aos olhos do leitor. Não há como negar que, na forma, a publicação rejuvenesceu. O que não chega a ser tão meritório. Jornais impressos, por natureza, são mesmo um tanto sisudos, e uma certa imponência, nesse caso, é muito mais virtude do que defeito. Porém, como a superficialidade é uma característica dos tempos atuais, os proprietários de jornais querem adequá-los ao gosto do público, para que sejam comercialmente viáveis. Assim, voltando ao exemplo do rejuvenescido jornal de Porto Alegre, ele se tornou menos "pesado" visualmente. O problema é que, em termos de conteúdo, ele também perdeu peso. Ha pouca informação, ou seja, é, incrivelmente, um jornal para quem não gosta de ler. Sem dúvida, um dado emblemático dos tempos atuais, em que a comunicação de massas, em vez de esclarecer e promover o desenvolvimento do senso crítico do público, colabora para o seu empobrecimento cultural e intelectual..

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Empate constrangedor

A expectativa do Inter e de sua torcida era a de vencer o Cuiabá, hoje, na novíssima Arena Pantanal, pela Copa do Brasil, por dois ou mais gols de diferença, eliminando a necessidade do segundo jogo. Em vez disso, o que se viu foi o modesto Cuiabá, integrante da terceira divisão do futebol brasileiro, sair na frente no placar e perder mais dois gols feitos, antes que o Inter empatasse o jogo, já aos 42 minutos do segundo tempo. Dentro das circunstâncias da partida, portanto, foi até um bom resultado para o Inter. Porém, não é possível deixar de classificar esse empate como constrangedor. A goleada no Gre-Nal da decisão do Campeonato Gaúcho fez com que muitos superestimassem a potencialidade do Inter. Repetindo o que vem acontecendo há vários anos, logo surgiram prognósticos de que o Inter é um dos favoritos para ganhar o título do Brasileirão. Previsões que nunca se confirmam. Nos dois primeiros jogos pela competição, o Inter não passou de um magro 1 x 0 sobre o Vitória, no Beira-Rio, e um empate em 2 x 2 com o Botafogo, no Maracanã, numa partida em que chegou a estar vencendo por 2 x 0. Agora, o empate com o Cuiabá, em outra competição de nível nacional, na qual havia estreado goleando o Remo, fora de casa, por 6 x 1, inflando ainda mais o entusiasmo dos seus torcedores, mostra que, fora do Gauchão, com suas tabelas favoráveis e seus árbitros complacentes, a vida do Inter é bem mais dura.

Vinte anos sem Ayrton Senna

A impressão que se tem é de que o tempo não apenas transcorre, mas voa. Não parece, mas hoje completam-se 20 anos da morte de Ayrton Senna. Um dos maiores ídolos esportivos do Brasil em todos os tempos, Senna não foi o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de Fórmula 1. Antes dele, Émerson Fittipaldi e Nélson Piquet já haviam conquistado o título da maior competição do automobilismo mundial. Émerson, por duas vezes, Piquet, por três, mesmo número de títulos que seria alcançado por Senna. Porém, nenhum deles se tornou tão popular quanto Senna. O estilo arrojado de Senna, sua obstinação pela vitória, fizeram com que ele se tornasse um símbolo do que o Brasil gostaria de ser. As manhãs de domingo passaram a ter, como programa obrigatório, as corridas de Fórmula 1 pela tv. A cada chegada de Senna em primeiro lugar, ouvia-se a "Marcha pela vitória", que tornou-se conhecida por todos os brasileiros. A morte colheu Senna com apenas 34 anos. Não se sabe se ele ainda ganharia outros títulos, mas teria, certamente, muitos campeonatos pela frente. Desde que ele se foi, o máximo que o Brasil conseguiu na Fórmula ! foram vice-campeonatos, com Rubens Barrichelo e Felipe Massa. Muitos brasileiros deixaram de acompanhar as corridas da categoria. Senna deixou uma lacuna que ainda não foi preenchida. Poucos esportistas encarnaram tão bem a imagem que os brasileiros gostariam que fosse a do próprio país. A imagem de um lutador incansável, obstinado, audacioso e, mais do que tudo, vencedor.