sábado, 26 de dezembro de 2015

Críticas pertinentes

O texto divulgado ontem pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, José Aquino Flores de Camargo, com duras críticas ao governo do Estado, expressa uma triste realidade. São críticas pertinentes. Camargo condenou a articulação do governo para adiar a votação na Assembleia Legislativa de projetos de reajustes de servidores, de outros referentes à redefinição do vale-alimentação e a instituição da data base. A nota tem por título "Mensagem do presidente: o Judiciário e os projetos legislativos". Entre vários fatos analisados, Camargo critica a convocação extraordinária da Assembleia no apagar das luzes do ano legislativo, sem diálogo, incluindo na pauta várias dezenas de projetos, muitos deles polêmicos. O presidente do Tribunal de Justiça fez menção direta à proposta de criação da Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, que atingirá todos os poderes, vinculando a concessão de reajuste real a 25% da receita excedente. Para Camargo, a convocação extraordinária é "um perigoso caminho, porque viola regras da vida democrática, abreviando o processo legislativo e tangenciando o necessário debate público". A nota também destaca a desorganização de um Estado sem projeto de crescimento econômico e social, e que, de forma subjacente, insiste na política de desvalorizar seu manancial humano, justamente o maior patrimônio dos gaúchos. As palavras de Camargo foram duras, e extremamente fiéis à verdade dos fatos. O Rio Grande do Sul, por culpa da irreflexão da maioria do eleitorado, está entregue a um governo caótico e demofóbico. Vindas do chefe de um dos poderes do Estado, as críticas ganham mais relevância. Elas não podem cair no vazio. Devem servir para que haja uma mobilização que vise alterar essa rota administrativa tão prejudicial aos interesses da população.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Um Natal mais tranquilo

Pode ser apenas uma impressão, mas o Natal de 2015 me pareceu mais tranquilo. A crise econômica, e a consequente escassez de dinheiro, favoreceram um Natal mais intimista, menos voltado para o consumismo. Mesmo não sendo religioso, percebo o Natal como uma grande festa da família, um momento de aconchego junto às pessoas mais amadas. Nesse sentido, o Natal de 2015 teve uma atmosfera menos estressante. O Natal não é uma festa esfuziante, como o Revéillon. Por suas raízes religiosas e seu apelo familiar, é uma celebração que pede recolhimento. Pode ser um fato isolado, em função da já referida crise econômica, mas seria bom se, daqui por diante, o Natal deixasse de ser uma maratona em busca de presentes,  e retornasse ao tempo em que era, essencialmente, um encontro afetuoso entre pessoas que se querem bem. Uma reunião de paz, e não ruidosa. Um momento de olhar para dentro de si, sem grandes exteriorizações.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Nova derrota

Os ventos não andam soprando favoravelmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A um passo da cassação, ele segue tentando levar adiante o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.  Cunha solicitou um encontro com o presidente do Supremo Tribunal FederaL, Ricardo Lewandowski, para dirimir dúvidas sobre o rito do impeachment, a partir das decisões tomadas a respeito pela corte na semana passada. Na reunião, testemunhada por jornalistas, ao contrário do que desejava Cunha, Lewandowski foi categórico ao dizer que as decisões do STF sobre o assunto não deixaram margens para dúvidas. Sempre insistente, Cunha pretende entrar com embargos às determinações do STF mesmo antes da publicação do acórdão, o que só deverá ocorrer na segunda quinzena de fevereiro. Golpista nato, e megalômano, Cunha pretende morrer atirando. Mesmo com essa nova derrota, não desiste de seus planos maquiavélicos. Porém, o momento de Cunha fazer e acontecer já ficou para trás. O impeachment está cada vez mais improvável, e Cunha, ainda que esperneie, acabará cassado. Depois de um ano difícil na política, finalmente se tem boas notícias nessa área.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Muito azar no sorteio

A Libertadores de 2016 não começou bem para o Grêmio. Ontem, a partir de um ranking com critérios esdrúxulos, não foi concedida ao Grêmio a condição de cabeça de chave para o sorteio dos grupos da competição. Hoje, o Grêmio teve muito azar no sorteio. Coube-lhe o grupo mais difícil, com San Lorenzo, LDU e Toluca (MÉX). San Lorenzo e LDU já foram campeões da Libertadores, e o Toluca representa a necessidade de fazer uma viagem longa. Enfim, antes mesmo da bola rolar, o Grêmio se vê cercado de adversidades, o que é histórico na trajetória de 112 anos do clube. Some-se a isso o fato de que o Grêmio não está conseguindo, até agora, fazer as contratações necessárias para reforçar o seu time, e as perspectivas do clube para o próximo ano já não parecem animadoras. Em suas últimas participações na Libertadores, o Grêmio não tem ido adiante das oitavas de final. Dessa vez, corre um grande risco de não passar da fase de grupos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Os mensalões

Na semana passada, a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage determinou a condenação do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, a 20 anos de prisão em regime fechado por seu envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro público para financiar sua campanha á reeleição em 1998, mal sucedida, por sinal. O esquema ficou conhecido como "mensalão tucano", dado que Azeredo é filiado ao PSDB, sendo, também, ex-presidente nacional do partido, que tem essa ave como símbolo. Em sua "Carta ao Leitor" da edição dessa semana, a revista "Veja" tenta justificar porque dedicou apenas uma página para abordar o assunto, depois de ter feito uma cobertura massiva do chamado "mensalão do PT". Conforme a revista, é uma questão de "senso de proporção". Para "Veja", o único dado relevante que há em comum entre os dois "mensalões" é a presença, no núcleo da engrenagem de ambos, do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Porém, em termos de volume de recursos desviados, alega a revista, a diferença é enorme. Ele seria de 170 milhões de reais no "mensalão petista", e de 3,5 milhões no tucano. Afora isso, "Veja" destaca que 25 dos 38 réus do "mensalão petista" foram condenados de forma definitiva, enquanto Azeredo poderá recorrer da sentença em liberdade. Desculpa esfarrapada. "Se "Veja" dá tratamento desigual aos dois fatos, é por uma questão meramente ideológica, pois a revista faz franca oposição ao PT e simpatiza com o PSDB. O argumento do volume de recursos desviados é patético. A ética não se mensura em cifras. O "mensalão tucano" não é menos grave que o petista por ter movimentado quantias menores de dinheiro, apenas beneficiou-se de uma incrível morosidade da Justiça para julgá-lo. Uma morosidade que acabará por beneficiar Azeredo, já que ele completará 70 anos em 2018, e dessa forma os prazos para a prescrição dos crimes pelos quais foi condenado se reduzirão pela metade. Por mais que "Veja" queira sustentar o contrário, tanto a revista como a Justiça usaram pesos diferentes para tratar casos criminalmente análogos. Essa é a verdade que nenhum exercício retórico poderá encobrir.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Disputa desigual

A decisão do Campeonato Mundial de Clubes, hoje, em Yokohama, no Japão, confirmou o que já se esperava. A goleada de 3 x 0 do Barcelona sobre o River Plate foi uma disputa desigual. O River Plate teve a bravura e atitude típicas dos argentinos, e sua torcida nunca parou de incentivá-lo e de cantar. Porém, tecnicamente, a diferença entre os dois times é muito grande. Para piorar a situação do River Plate, Messi e Neymar, que não participaram do primeiro jogo do Barcelona, por problemas clínicos, hoje entraram em campo. O primeiro gol do Barcelona até que custou a sair, foi aos 36 minutos de jogo. No entanto, logo no início do segundo tempo, o Barcelona ampliou o placar, beneficiado por uma postura mais agressiva do River Plate, em busca do empate, que lhe concedeu espaços generosos. A partir daí, o Barcelona empilhou chances de gol, e ainda marcou mais um. Foi uma vitória tranquila, como não poderia deixar de ser, dada a superioridade do Barcelona sobre qualquer time sul-americano, atualmente. Os europeus ganharam as três últimas edições da competição, e nada sugere que isso possa se alterar nos próximos anos. Sem conseguir segurar seus principais jogadores, a América do Sul tornou-se uma exportadora de talentos, e uma espectadora da festa alheia.

sábado, 19 de dezembro de 2015

A força de Lula

Uma pesquisa do Instituto Datafolha sobre as intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018 revela a expressividade que o nome do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda possui no eleitorado.. Nos dois principais cenários sugeridos, Lula ficou em segundo lugar em ambos. No primeiro cenário, com Aécio Neves como candidato do PSDB, Lula tem 20% das intenções de voto. Nessa simulação, Aécio tem 26%, e Marina Silva, 19%. No segundo cenário, com Geraldo Alckmin concorrendo pelo PSDB, Lula tem 21% das intenções de voto. Nessa hipótese, Marina lidera com 24%, e Alckmin tem 14%. Embora não seja o primeiro colocado em nenhum dos cenários, Lula iria para o segundo turno em ambos. Esse é um dado notável, em se tratando de um nome que vem sendo vilipendiado impiedosamente pela imprensa conservadora. Por mais que os veículos de comunicação se esforcem para convencer a totalidade da opinião pública de que Lula é um corrupto que deve ir para a cadeia, seu apelo eleitoral permanece. O empenho de muitos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff tem como motivação maior o temor de ter que encarar Lula nas eleições de 2018. Numa transição normal de governo, com Dilma cumprindo integralmente o seu mandato, as chances de vitória de Lula são muito significativas. Esse é a perspectiva que tira o sono da oposição e da grande imprensa. A diferença em favor de Aécio no primeiro cenário é pouco significativa e pode ser revertida. No segundo cenário, Alckmin sequer chegaria ao segundo turno, que seria disputado entre Marina e Lula. Como se pode perceber pela pesquisa, a força de Lula junto aos eleitores continua considerável. Para a inquietação de seus detratores.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A queda de Levy

A saída de Joaquim Levy do cargo de ministro da Fazenda, hoje anunciada, era uma questão de tempo. Na verdade, a pergunta em relação a Levy não deve ser a de porque ele saiu, mas quais as razões de ter entrado. Levy sempre foi um corpo estranho no governo. Sua visão da economia em nada se coaduna com a do PT, partido da presidente Dilma Rousseff. Desde o início, sua indicação para o cargo causou profundo desconforto nas hostes governistas, ao mesmo tempo em que era visto pelos mais conservadores como um nome que despertaria confiança nos investidores e no "mercado". Se o governo fosse liderado pelo PSDB, a nomeação de Levy para ministro da Fazenda seria muito natural. Numa administração encabeçada pelo PT, sua presença no cargo era, no mínimo, um exotismo. A comprovação dessa situação insólita se deu logo após o anúncio de sua queda. Diversos nomes da oposição, principalmente do PSDB, criticaram duramente a saída de Levy, e fizeram previsões catastrofistas para o futuro, enquanto lideranças do PT saudaram o fato e revelaram uma expectativa de recuperação da economia do país com o novo ocupante do cargo, Nélson Barbosa. A situação econômica do Brasil é delicada, mas não há porque imaginar que a queda de Levy vá agravá-la. Afinal, em quase um ano como ministro, o receituário aplicado por Levy em nada colaborou para a recuperação econômica do país. Como é sabido, os "remédios amargos" preconizados pelo neoliberalismo, corrente a qual Levy pertence, geram recessão e desemprego. Em vez de recuperarem o paciente, tais remédios o encaminham para a morte. Embora o mau humor da imprensa conservadora e da oposição possam levar alguém a pensar o contrário, não há razões para lamentar a saída de Levy. Ela deve gerar alívio, não inquietação.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A reviravolta no STF

Desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concedeu a admissibilidade de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o país vive fortes emoções no campo político. Até agora, as ações pró-impeachment pareciam em grande vantagem sobre os que são contra o golpe. Essa impressão foi reforçada ontem, no Supremo Tribunal Federal, quando o relator do rito do processo de impeachment, ministro Luiz Fachin, acolheu as principais medidas tomadas na Câmara dos Deputados para a instauração do mesmo, todas elas francamente desfavoráveis ao governo. Hoje, no entanto, houve a reviravolta no STF. Submetido ao plenário, o relatório de Fachin foi derrotado em suas proposições. O plenário rejeitou a formação de uma comissão alternativa, estabelecendo que ela deve ter sua constituição determinada pelas lideranças partidárias. O voto secreto dentro da comissão também foi vetado. Ele terá de ser aberto. A ideia de que, a partir da instauração do processo de impeachment na Câmara o Senado seria obrigado a julgá-lo, também foi rejeitada. Dessa forma, o Senado poderá, até mesmo, arquivar o processo, se assim entender que deva ser feito. As decisões de hoje no STF, na prática, fazem com que o processo de impeachment volte à estaca zero. Com isso, a hipótese de suspensão do recesso parlamentar para que ele fosse julgado foi praticamente afastada. A questão deverá ser retomada, apenas, em fevereiro. Até lá, o governo ganha tempo para se articular e buscar o número de votos necessário para barrar o impeachment. Nada está definido, e a situação do governo ainda é bastante problemática, mas é inegável que as decisões de hoje no STF deram um novo fôlego para os que defendem a continuidade democrática e rejeitam o golpe.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Um modelo a ser revisto

A partir de 2005, após uma primeira experiência frustrante em 2000, a Fifa tomou para si, de modo definitivo, a organização do Campeonato Mundial de Clubes. Anteriormente, de 1960 a 1979, a disputa do título mundial se dava entre os campeões da Libertadores e da Copa dos Campeões da Europa (atual Champions League) em dois jogos, na casa de cada um. A partir de 1980, a disputa passou a ser feita em jogo único, tendo o Japão como sede fixa. A Fifa, ao assumir a organização da competição, resolveu que, por ser mundial, ela precisava ter os campeões de cada continente, e, também, o do país sede, pois esse deixou de ser o Japão de modo permanente. O país asiático voltou a sediar edições do Mundial, inclusive nesse ano, mas ele também já foi realizado no Brasil, nos Emirados Arábes Unidos, e no Marrocos. Porém, esse é um modelo a ser revisto. Com mais jogos, os estádios tem tido pouco público. Afinal, o Auckland City, da Nova Zelândia, Mazembe, do Congo, Al Ahli, do Egito, e América, do México, alguns dos clubes que já participaram da disputa, estão longe de serem atrações de bilheteria. A inclusão do clube campeão do país sede não se justifica do ponto de vista técnico, é uma tentativa demagógica de atrair o público local. Uma competição que vise apontar o campeão mundial de clubes não pode mostrar imagens de estádios com baixa ocupação. Por ser de abrangência mundial, tem mesmo de contar com campeões de todos os continentes. No entanto, é preciso pensar numa solução para que o público prestigie a totalidade dos jogos, não só aqueles mais decisivos ou que contem com a presença do campeão europeu. Uma alternativa talvez fosse fazer as fases preliminares em dois jogos, um na casa de cada clube, reservando-se a sede fixa apenas a partir das semifinais, quando os campeões da Libertadores e da Champions League ingressam na competição. Seja como for, o modelo atual precisa ser modificado, pois deslustra um campeonato cujo título deveria, por óbvio, ser considerado o de maior magnitude no mundo em se tratando de confrontos entre clubes.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Reforços modestos

O Inter apresentou hoje suas duas primeiras contratações para 2016, os volantes Fernando Bob e Fabinho. Os nomes não causaram impacto positivo junto ao torcedor, pois são, inegavelmente, reforços modestos Fernando Bob, de 28 anos, veio da Ponte Preta. Fabinho, de 29 anos, estava no Figueirense. São dois jogadores de currículo pouco expressivo e, pela idade, não se encaixam mais na condição de promessas. O melhor momento da carreira de Fernando Bob, até aqui, foi no Fluminense, onde participou do vice-campeonato da Libertadores em 2008, enquanto Fabinho nunca jogou por um grande clube. Esse tipo de contratação não é, no entanto, exclusividade do Inter. Os grandes clubes brasileiros, em geral, estão contratando pouco, e nenhum dos nomes anunciados é de grande expressão. O Palmeiras trouxe, até agora, três novos jogadores, o goleiro Vágner, do Avaí, o zagueiro Róger Carvalho, do Botafogo, e o volante Rodrigo, do Goiás, todos de pouco ou nenhum renome. O Flamengo fez duas contratações de nível médio, o lateral direito Rodinei, da Ponte Preta, e o volante William Arão, do Botafogo. Os demais grandes clubes sequer apresentaram reforços até o momento, ainda estão apenas na fase das especulações. Esse quadro reflete a escassez de recursos financeiros vivida pelos maiores clubes brasileiros. Para piorar a situação, alguns dos principais jogadores do país poderão tomar o rumo do exterior, em breve, como é o caso do goleiro Alisson, do Inter, que interessa a dois clubes italianos, Juventus e Roma, e do meia Jádson, do Corinthians, que poderá ir para o Tianjin Songjiang,  da segunda divisão da China, onde já está o técnico Vanderlei Luxemburgo. Acostumado, em outros tempos, a ver um desfile de craques pelos campos do país, resta, hoje, para o torcedor dos grandes clubes brasileiros, a opção de assisti-los pela televisão, jogando no exterior. Por aqui, ficam as jovens promessas, que vão embora assim que se afirmam, e os jogadores medianos, que não empolgam ninguém. Pelo visto até aqui, o torcedor brasileiro não terá nenhum motivo para entusiasmo em 2016.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O novo eldorado do futebol

Não se passa um dia sem que os noticiários esportivos anunciem que o futebol chinês está interessado em técnicos e jogadores do futebol brasileiro. Entre os técnicos, Cuca já esteve na China, Felipão está por lá, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes acabam de ser contratados. Muitos jogadores brasileiros já seguiram para a China, e outros tantos deverão ir em breve. Como se vê, a China, de uma hora para outra, tornou-se o novo eldorado do futebol. O futebol brasileiro, que já sofria com o assédio de clubes da Europa e de países árabes, agora tem mais um centro a lhe sugar a mão de obra dos gramados. Tecnicamente, o futebol chinês ainda é inexpressivo no contexto mundial. No entanto, técnicos e jogadores, ávidos por engordarem suas contas bancárias, não levam esse aspecto em consideração. Seria natural que técnicos como Felipão e Luxemburgo, em baixa na carreira, aceitassem de bom grado a chance de forrar os bolsos na China, mas até mesmo um treinador que está longe da aposentadoria, e que, portanto, teria metas esportivas a serem alcançadas, como Mano Menezes, não pensou duas vezes e abandonou um trabalho que iniciava com êxito no Cruzeiro para tornar-se um milionário por lá. Entre os jogadores que foram para a China, muitos ainda estão no ápice de sua forma física e técnica, como Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, por exemplo, mas não hesitaram em ir para um país ainda irrelevante no contexto do futebol, seduzidos pelos altos salários. O futebol virou um grande negócio que se expande por todos os cantos, até mesmo em países onde antes tinha pouca expressão. Bom para os profissionais do futebol, do ponto de vista financeiro. Muito ruim para o torcedor brasileiro, especificamente, que vê, a cada dia, surgirem mais países e clubes para carregar os bons jogadores para longe dos estádios locais. O futebol brasileiro, tristemente, já perde seus talentos até mesmo para quem não tem tradição no esporte das multidões.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Fiasco

Um fiasco. Não há outra definição para as manifestações realizadas hoje, em várias cidades do país, favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. As imagens de televisão não deixaram dúvidas. Em todas as localidades onde ocorreram manifestações, a adesão popular foi baixíssima. Aliás, a cada novo dia de concentrações pró-impeachment, o número de participantes diminui significativamente. Afinal, elas não traduzem um anseio popular autêntico. São fruto de uma ação golpista de grupos bem determinados, de orientação demofóbica. Por sinal, a data de hoje não poderia ser mais exemplificativa das aspirações de tais grupos, pois foi num 13 de dezembro que o país passou por um de seus momentos mais traumáticos, com a edição, por parte da ditadura militar, do Ato Institucional nº 5, que jogou o Brasil nas trevas do autoritarismo e da suspensão dos direitos civis mais basilares. O movimento pró-impeachment não tem sustentação popular, é uma iniciativa de elites fracassadas e ressentidas, incapazes de acatar resultados eleitorais desfavoráveis. Assim, um dos argumentos que se costumam usar para justificar ações de deposição de um governante, o da vontade popular, caiu por terra para os que pretendem a queda de Dilma Rousseff. O povo não é tão incauto como muitos julgam. Nem o imenso esforço de manipulação da opinião pública por parte de veículos de comunicação da grande imprensa foi capaz de inflar as manifestações em favor do impeachment. Se quiserem levar adiante a espúria tentativa de golpe contra uma presidente legitimamente eleita, os promotores dessa canalhice não poderão contar com a voz das ruas. O que se tenta tramar é um abjeto golpe palaciano, sem eco no coração do povo. A maioria dos brasileiros já assimilou que a democracia é inegociável. Golpe, nunca mais.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O centenário de Frank Sinatra

A comemoração do centenário de pessoas ou instituições é algo que se reveste de grande expressividade. Se as datas "redondas" em geral são muito festejadas, um centenário é especialmente relevante. Afinal, um século é um período largo de tempo. A data de hoje marca a passagem dos cem anos de nascimento de Frank Sinatra, um dos maiores cantores de todos os tempos. Sinatra, que faleceu em 1998, aos 83 anos, é um daqueles poucos e brilhantes artistas cuja obra resiste a ação do tempo. Sinatra não compunha, mas era um intérprete notável, que gravou vários standards da música internacional, como "My Way", "Strangers in the Night", "Fly me to the Moon", "Let me Try Again", "New York, New York". Em 1980, levou mais de 100 mil pessoas ao Maracanã, no Rio de Janeiro. Sua ligação com o Brasil, no entanto, não se limita a essa oportunidade. Nos anos 60, gravou um disco em conjunto com Tom Jobim, de grande qualidade, intitulado "Francis Albert Sinatra and Antônio Carlos Jobim". Chamado de "a voz", Sinatra tinha um estilo muito próprio e marcante de cantar. Sua interpretação de "Something", o clássico de George Harrison, é um exemplo disso. Personalíssima, ela difere muito da gravação original, dos Beatles, mas, mesmo assim, é encantadora. Ouvir Sinatra é um sempre um prazer. Numa época em que a música tornou-se algo performático e de pouco conteúdo, Sinatra, a cada vez que o ouvimos, nos recorda que, para que nos deleitemos com uma audição, o essencial é uma composição de qualidade interpretada por uma bela e afinada voz. O centenário de Frank Sinatra merece ser efusivamente celebrado.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Avaliação desastrosa

Se restava ainda, para qualquer pessoa, algum resquício de dúvida do quanto o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) é inepto e incompetente, uma pesquisa publicada hoje pelo jornal "Correio do Povo" mostra que essa é uma verdade inequívoca. A avaliação do governo em si, e de suas principais áreas de atuação, é, simplesmente, desastrosa. Em apenas oito meses, de abril a dezembro, Sartori saiu de uma aprovação de 54,4%, para uma desaprovação de 60,6%. O índice dos que consideram que o governo de Sartori está pior do que era esperado saltou, no mesmo período, de 29,1% para 43,3%. A desaprovação da atuação do governo nas principais áreas da administração é enorme. A educação teve 66,7% de desaprovação. A ação social e o apoio aos carentes, 64,5%. O equilíbrio das contas, 69,4%. A saúde pública, 77, 4%.. A segurança pública, 81,5%! Afora isso, 85,3% das pessoas pesquisadas discordam do aumento do ICMS. Há discordância, também, quanto ao corte de horas extras e outros gastos com o funcionalismo (69, 6%), redução do pagamento de dívidas (51,1%); e venda e privatização de empresas estatais de grande porte (61,9%). Diante de tais números, relativos a um governador que não completou sequer um ano do seu mandato, fica claro que o eleitorado gaúcho se deixou ludibriar pela lavagem cerebral da imprensa conservadora, e por um marketing de campanha que transformou Sartori num sujeito bonachão que ele nunca foi. Por certo, grande parte dos eleitores de Sartori já deve estar profundamente arrependida de seu voto. Agora é tarde. Terão de aturá-lo por mais três anos e alguns dias. Votar de maneira irrefletida tem um custo muito alto.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Conservadorismo

Uma pesquisa publicada pelo jornal "Correio do Povo" revela que se a eleição presidencial fosse hoje, o PSDB venceria no Rio Grande do Sul nos dois cenários propostos, num tendo Aécio Neves como candidato, noutro com Geraldo Alckmin. O conservadorismo tem sido uma marca do eleitor gaúcho ao longo do tempo. O PT chegou duas vezes ao poder no Estado, com Olívio Dutra, em 1998, e Tarso Genro, em 2010. Olívio venceu Antônio Britto (PMDB), que buscava a reeleição, por apenas 80 mil votos de diferença. Tarso teve uma vitória consagradora, vencendo no primeiro turno, mas, quatro anos depois, não conseguiu se reeleger. Se em Porto Alegre e municípios maiores há uma tendência progressista mais evidente, nas pequenas localidades interioranas, o ranço conservador ainda é muito forte. Uma prova disso é que o PP, atual nome da antiga Arena, partido de sustentação do regime militar, que é pouco expressivo no restante do país, ainda possui grande peso político no Estado. Mesmo que seja uma pesquisa sobre uma eleição que está muito distante, a preferência por candidatos como Aécio e Alckmin é absolutamente lamentável, pois revela que os gaúchos ainda não aprenderam a lição, após terem cometido o desatino de elegerem José Ivo Sartori (PMDB) para governador. Por mais frustrações que possam ter tido, eventualmente, com governos de face progressista, os gaúchos precisam aprender, de uma vez por todas, que partidos e políticos de direita nunca são solução para nada. Pelo contrário. Tentar resolver qualquer tipo de crise recorrendo aos adeptos da demofobia é como buscar apagar um incêndio jogando gasolina sobre o fogo. Tomara que essa preferência verificada na pesquisa se modifique ao longo do tempo, já que a próxima eleição presidencial só acontecerá em 2018. O Rio Grande do Sul não merece se tornar um bastião da boçalidade no país.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O vai e vem do impeachment

A admissão da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff serviu para escancarar ainda mais o nível de deterioração da classe política brasileira. A atitude foi tomada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), movido apenas pelo desejo de retaliação, ao saber que três parlamentares do PT votariam contra ele na Comissão de Ética, onde enfrenta um processo. Agora, sucedem-se as manobras para acelerar ou protelar o andamento da ação de impeachment. A oposição queria, inicialmente, a suspensão do recesso parlamentar, para votar a questão o quanto antes. Como o governo manifestou que também gostaria de ver tudo resolvido já, os opositores começaram a rever sua postura, imaginando que uma votação após o recesso potencializaria a crise que o país atravessa, gerando insatisfação popular e facilitando a aprovação do impeachment. Em todo esse vai e vem do impeachment por parte das forças golpistas, fica evidenciada a total ausência de compromisso com o interesse público. A oposição está numa busca encarniçada pelo poder, tentando obter, de modo espúrio, o que as urnas, única maneira legítima de conquista do mando político, lhes negaram. Sigo com a convicção de que o impeachment não irá ocorrer, e, por isso mesmo, entendo que o país poderia ser poupado desse triste espetáculo de politicagem, enquanto há tantos assuntos relevantes que deveriam ocupar o tempo dos parlamentares na defesa dos interesses dos seus eleitores.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

35 anos sem John Lennon

Na data de hoje completam-se 35 anos do assassinato de John Lennon. Uma morte estúpida, causada por um desequilibrado que, como deve ser, está até hoje na cadeia. Lennon é um dos maiores nomes da história da música. Foi o fundador do maior grupo musical de todos os tempos, os Beatles. Criou, em parceria com Paul McCartney ou em composições solo, clássicos atemporais. Sua morte ocorreu quando retomava sua carreira, lançando um novo disco, depois de uma pausa de cinco anos, em que esteve voltado para a vida doméstica. Morreu com apenas 40 anos, e teria, portanto, um longo tempo pela frente para dar continuidade a uma trajetória brilhante. A força de sua música não se perde com o tempo. Assim como os discos dos Beatles, toda a sua obra solo permanece em catálogo, o que também ocorre com seus ex-companheiros de grupo, demonstrando que, em conjunto ou isoladamente, os quatro fabulosos de Liverpool são inigualáveis. Afora os seus antigos fãs, os mais jovens também se encantam com as músicas de Lennon, quando conhecem sua obra. Composições como "Imagine", "Jealous Guy", "Mother", "Working Class Hero", "(Just Like) Starting Over", entre muitas outras grandes criações. São 35 anos sem John Lennon, mas sua música faz com que ele atravesse o tempo, e continue a ser lembrado. Para sempre.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A seleção da Bola de Prata

A "Bola de Prata", da revista "Placar", é a mais prestigiosa premiação do futebol brasileiro. Sua primeira edição ocorreu na Taça de Prata de 1970, a última competição nacional que precedeu o Campeonato Brasileiro, disputado pela primeira vez em 1971. Hoje, dia seguinte ao encerramento do Brasileirão de 2015, foram entregues os prêmios aos melhores jogadores da competição. A seleção da "Bola de Prata", dessa vez, ficou resumida a jogadores dos três primeiros colocados da disputa, Corinthians, Atlético Mineiro e Grêmio. A grande surpresa foi o Grêmio, terceiro colocado, que teve o mesmo número de jogadores que o campeão Corinthians, quatro, e um a mais que o vice-campeão, o Atlético Mineiro. No geral, a escolha foi justa. Marcelo Grohe, do Grêmio foi o goleiro premiado, e teve méritos, mas outros jogadores da posição também se destacaram e poderiam ter sido escolhidos, como Alisson, do Inter, por exemplo. Galhardo, também do Grêmio, foi o lateral direito vencedor. Particularmente, considero esse o grande erro da seleção final. Marcos Rocha, do Atlético Mineiro, é melhor jogador e fez um campeonato mais qualificado. Outro jogador do Grêmio, Geromel, foi um dos zagueiros premiados. Escolha justíssima. Geromel teve um desempenho exuberante ao longo da campanha do Grêmio. Gil, do Corinthians, o outro zagueiro escolhido, também foi merecedor do prêmio. O melhor lateral-esquerdo foi Douglas Santos, do Atlético Mineiro, jovem afirmação numa posição que anda carente de talentos. Os volantes Rafael Carioca, do Atlético Mineiro, e Elias, do Corinthians, foram, inegavelmente, os melhores em suas posições. Os dois meias premiados, Jádson e Renato Augusto, ambos do Corinthians, reuniram muitos méritos, mas Lucas Lima, do Santos, também poderia figurar na seleção final. No ataque, os  escolhidos foram Luan, do Grêmio, e Lucas Pratto, do Atlético Mineiro. Entendo que Ricardo Oliveira, que ganhou a "Bola de Prata" de artilheiro do campeonato e a "Chuteira de Ouro", de maior goleador do ano no país, teve um desempenho melhor que o de Lucas Pratto. A "Bola de Ouro" de melhor jogador da competição foi para Renato Augusto, uma escolha justa. O jogador revelação foi Gabriel, do Santos, que teve seus méritos, embora vários outros jovens talentos tenham se destacado e pudessem ficar com o prêmio. Na média, a seleção final da "Bola de Prata" foi uma escolha criteriosa, que refletiu o que se viu em campo.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Vitória sem a recompensa esperada

O Inter venceu o Cruzeiro por 2 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Foi um dever cumprido, mas uma vitória sem a recompensa esperada. Para se classificar para a Libertadores, não bastava ao Inter derrotar o Cruzeiro, era preciso que o São Paulo perdesse para o Goiás, no Serra Dourada, o que não aconteceu. O jogo do São Paulo permanecia empatado sem gols até o final, o que mantinha a esperança dos torcedores do Inter de que o Goiás pudesse obter a vitória. Porém, já nos acréscimos, o São Paulo fez o gol que garantiu, definitivamente, a sua ida para a Libertadores. Uma grande frustração para a torcida do Inter e, principalmente, para o seu megalômano e boquirroto presidente, Vitório Píffero. Mesmo com uma das folhas de pagamento mais altas do futebol brasileiro, o Inter conseguiu, em 2015, apenas o título do Campeonato Gaúcho. Píffero, que sonhava em conquistar a Libertadores e o Mundial ainda nesse ano, vai ter de se reeleger para fazer uma nova tentativa. Afinal, em 2016, o Inter não estará na Libertadores, e ele encerrará seu mandato. Para piorar a situação do presidente do Inter, o Grêmio, a quem ele não se cansa de alfinetar, estará na principal competição da América do Sul no ano que vem. Os associados do Inter o elegeram por larga margem de votos, sonhando com a volta aos "bons tempos", de conquistas maiores que o Gauchão. Por enquanto, só colheram frustrações.

Despedida digna

O Grêmio venceu o Joinville por 2 x 0, hoje, na Arena Joinville, pelo Campeonato Brasileiro. O que poderia ser uma vitória que levasse ao vice-campeonato, acabou se tornando, apenas, uma despedida digna. Afinal, para atingir seu objetivo, o Grêmio precisava que o Atlético Mineiro não ganhasse da Chapecoense, no Mineirão, mas ele goleou por 3 x 0. A vitória do Grêmio começou a se desenhar cedo, com um gol de Marcelo Oliveira. No segundo tempo, no momento de maior pressão do Joinville em busca do empate, o Grêmio foi ajudado por uma poça d'água que permitiu que a bola se oferecesse para Bobô conduzi-la para o gol vazio e decretar o resultado final. Valeu o esforço do Grêmio, nos dois últimos jogos, em busca do vice-campeonato e de R$ 2 milhões a mais de premiação. Porém, os muitos pontos desperdiçados durante o Brasileirão cobraram o seu preço, e mesmo o Grêmio tendo ganho os dois jogos contra o Atlético Mineiro acabou com um ponto a menos na tabela. Pela enésima vez, o Grêmio não se candidatou ao título da principal competição do futebol brasileiro por perder pontos preciosos contra adversários de menor nível. Resta esperar que, um dia, acabe aprendendo a lição.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Marília Pêra

O Brasil perdeu hoje uma das suas maiores atrizes, Marília Pêra. Era uma atriz completa, e, por isso, brilhou com igual intensidade na televisão, no cinema e no teatro. Afora interpretar, sabia cantar e dançar, o que lhe permitiu estrelar musicais de grande sucesso no teatro. Muito versátil, Marília era capaz de brilhar tanto no drama quanto na comédia. Muitas de sua personagens em novelas tinham uma acentuada veia cômica, como em "O Cafona", "Brega e Chique" e "Cobras e Lagartos", por exemplo, mas em minisséries como "JK", "O Primo Basílio" e "Os Maias" destacou-se em papéis mais densos. No cinema, teve atuações marcantes em filmes como "Pixote, a Lei do Mais Fraco", "Bar Esperança, o Último que Fecha", e "Central do Brasil". Marília ainda pode ser vista no seriado "Pé na Cova", que a Rede Globo exibe às terças-feiras, e cuja atual temporada já estava inteiramente gravada antes do primeiro episódio ir ao ar. Miguel Falabella, seu grande amigo, e autor de "Pé na Cova", disse que, nos últimos episódios da temporada, Marília já gravava sentada, devido às dores causadas pela doença, mas que jamais falava no assunto. Ele ressaltou que viu as grandes atrizes do mundo atuarem, e que Marília era uma delas. Não se pode sequer quantificar o tempo de carreira de Marília, pois ele se confunde com o da sua própria vida. Afinal, ela começou ainda criança e continuou em atividade até poucos meses antes de falecer. O país não perdeu apenas uma grande atriz. Marília Pêra era um ícone da arte de representar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O partido que faz mal ao Brasil

O PMDB está na raiz dos males que assolam o país, é o partido que faz mal ao Brasil. Suas diversas alas estão voltadas para interesses pessoais e de poder, ignorando os valores mais altos que devem nortear a ação política. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por vingança pessoal, deflagrou a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O Secretário Nacional da Aviação Civil, Eliseu Padilha, raposa felpudíssima da política nacional, e homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, pediu demissão do cargo. Ambos são do PMDB. Cunha, atolado em casos de corrupção, acolheu a abertura do processo de impeachment como revanche, pois tomou conhecimento que os três deputados do PT que compõem a Comissão de Ética votariam contra ele no processo a que está sendo submetido. Padilha resolveu sair do governo por, provavelmente, vislumbrar a hipótese da queda de Dilma e da ascensão de Temer ao poder. Essas atitudes são a cara do PMDB, um partido que, desde a volta do pluripartidarismo, perdeu qualquer viés ideológico e se tornou um ajuntamento de políticos em busca de cargos e vantagens. A situação do PMDB é tão singular que, embora seja o partido com maior representação parlamentar, há muito tempo abriu mão de lançar candidato próprio para presidente. Tornou-se um partido que vende o seu apoio a quem estiver no poder, garantindo a "governabilidade" em troca de cargos nos diversões escalões da administração. O PT está pagando, agora, o preço de ter mantido uma aliança com um partido tão espúrio. Seu "aliado" o está apunhalando. Porém, o golpe não será perpetrado. A democracia brasileira é mais forte que os seus detratores.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A aventura do impeachment

O Brasil mergulhou, ontem, na aventura do impeachment. Movido por um sentimento de vingança, já que os três integrantes do PT no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiram votar a favor do andamento do processo contra ele, o presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) encaminhou a abertura de uma ação de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A abertura do processo de impeachment, em si, não é garantia de que Dilma vá ser deposta do cargo. Na verdade, é um gesto desesperado de Cunha, cujo futuro político já está selado. Cedo ou tarde, Cunha terá seu mandato cassado. A oposição, é claro, se mostrou animada com a possibilidade de derrubar Dilma. Porém, essa não é uma boa alternativa. Os detratores de Dilma não tem nenhum plano mágico para resolver os problemas do país da noite para o dia. Sua motivação é meramente golpista, tentando obter o poder na marra, depois de não consegui-lo nas urnas, que é a única forma legítima de alcança-lo. Num país com uma classe política tão desclassificada como a é a brasileira, tudo pode acontecer, inclusive o pior, mas o impeachment não deverá se confirmar. Se a ação tresloucada de Cunha ganhar corpo, não será com um desenrolar passivo diante das forças democráticas e dos setores populares. Haverá forte resistência, e o país poderá enfrentar sérios distúrbios. Para o bem do Brasil, o impeachment não deverá passar, e Cunha terá de ser cassado o quanto antes.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Vitória do menos cotado

O título da Copa do Brasil de 2015 é do Palmeiras. Na noite de hoje, num Allianz Parque que bateu o seu recorde de público, com quase 40 mil pessoas presentes, o Palmeiras venceu o Santos por 2 x 1, resultado que levou a decisão para os tiros livres da marca do pênalti. Numa série de cobranças carregada de tensão, o Palmeiras venceu por 4 x 3, e conquistou o título. Foi, inegavelmente, a vitória do menos cotado. O Santos era visto pela maioria das pessoas como o favorito para ser o campeão. Afinal, no Campeonato Brasileiro sua campanha e, principalmente, o seu desempenho técnico, eram superiores em relação ao Palmeiras. Afora isso, o Santos havia ganho o primeiro jogo, na Vila Belmiro, e bastava-lhe um empate na partida de hoje. Porém, o Santos cometeu um erro que acabou por lhe ser fatal, que foi exercer uma ampla superioridade em casa e vencer por apenas 1 x 0. Foram muitos os gols desperdiçados pelo Santos no primeiro jogo, o último deles já nos acréscimos, o que poderia ter mudado a sorte da competição. Em jogos decisivos, tais erros costumam cobrar um preço muito alto. O Santos é um time bem melhor do que o Palmeiras, mas não soube conduzir-se na decisão. Tropeçou, quem sabe, na soberba de considerar-se campeão antecipadamente. Como deixou de lado o Brasileirão nas últimas rodadas para focar na Copa do Brasil, o Santos, que tinha a chance de obter a classificação para a Libertadores nas duas competições, acabou ficando de fora da disputa continental. Para ser campeão, não basta ser o melhor, tem de haver empenho máximo e humildade.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os descaminhos de Jardel

Um dos grandes ídolos da história do Grêmio, Jardel teve uma passagem breve mas exitosa pelo clube. Exímio goleador, foi um dos maiores nomes do time que conquistou o título da Libertadores de 1995, sendo, inclusive, o artilheiro da competição. Valorizado, saiu do Grêmio e foi para a  Europa, onde brilhou no Porto (POR). Porém, tão rápido quanto subiu, Jardel desceu. Teve um final de carreira decadente, e sua vida depois de parar de jogar se mostrou sem rumo. Jardel tornou-se, em dado momento, um viciado em drogas, o que não só abalou a sua carreira como destruiu o seu primeiro casamento. Os descaminhos de Jardel também fizeram com que ele, mesmo tendo feito grandes contratos, viesse a ter graves problemas financeiros. Sua vida prosseguia como um barco à deriva até que, estimulado pelo deputado federal Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS), ex-goleiro e seu companheiro de time no Grêmio, concorreu nas eleições de 2014. Com a força da idolatria que desperta nos gremistas, Jardel se elegeu deputado estadual no Rio Grande do Sul, obtendo mais de 40 mil votos. Empossado em janeiro desse ano, em abril Jardel rompeu com Danrlei. Na época, Jardel exonerou todo o seu gabinete e os funcionários da bancada do PSD, e se afastou da Assembleia mediante um atestado médico de que estaria com depressão. Agora, Jardel foi afastado do cargo por 180 dias, pelo Ministério Público. Recaem sobre Jardel as suspeitas de crimes como concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também é investigada a possibilidade de financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro desviado da Assembleia. O que ocorre com Jardel, do ponto de vista humano, é muito triste. Vitorioso no futebol, não soube redirecionar sua vida depois que parou de jogar. Precisa ser ajudado. Porém, sua eleição para deputado estadual mostra, de forma exemplar, a maneira equivocada como a política é conduzida no país, por partidos e eleitores. Os que lhe deram legenda para concorrer sabiam de todos os seus graves problemas, mas privilegiaram sua condição de "puxador de votos". Seus eleitores levaram em conta apenas a sua condição de ídolo, e lhe conferiram um mandato pelo que fez como jogador, não por apostarem na sua capacidade como parlamentar. Se provadas todas as acusações que lhe são imputadas, Jardel terá de responder por seus atos. Tomara que isso não signifique a sua derrocada definitiva, mas, sim, o despertar para um novo rumo na vida.