segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mudança indispensável

O historiador Eric Hobsbawm, que faleceu, hoje, aos 95 anos, era um intelectual brilhante, autor de uma vasta bibliografia. Comunista por várias décadas, Hobsbawm  nasceu no Egito, mas devido ao domÍnio, na época, da Grã-Bretanha sobre aquele país, possuía nacionalidade britânica. Desiludiu-se com o regime soviético a partir dos anos 50, mas jamais se postou fora do espectro político de esquerda. Radicado há vários anos em Londres, onde faleceu, Hobsbawm admitia que o socialismo havia fracassado, mas, diante da atual crise econômica internacional, concluíra que o capitalismo também falira. A partir daí, Hobsbawm, num enfoque baseado, mais especificamente, na situação da Grã-Bretanha, mas que se encaixa no panorama econômico mundial como um todo, disse que é necessário que se tomem decisões públicas voltadas para o desenvolvimento social coletivo, que deve beneficiar todas as vidas humanas. Hobsbawm afirmava que essa é a base de uma política progressista, e não a maximização do crescimento econômico e das rendas pessoais. O historiador declarou que, seja qual for o logotipo ideológico que escolhermos para isso, enfrentar essa crise vai exigir um afastamento importante do livre mercado e uma aproximação da ação pública. Dado o caráter agudo da crise econômica, Hobsbawm entendia que essa mudança precisará ser feita em pouco tempo. A análise do grande intelectual traduz o que qualquer pessoa com discernimento pode constatar. O modelo capitalista consumista de nossos tempos chegou a um esgotamento, isto é, como definiu Hobsbawm, faliu. Há que se buscar uma nova alternativa, e ela passa, necessariamente, por uma maior ação pública. O "estado mínimo", a "sociedade de mercado", são conceitos superados pela realidade, que só encontram defensores em publicações comprometidas ideologicamente com as elites predatórias. Os que, ainda hoje, vibram com o fim do "império soviético" relutam em admitir, mas o capitalismo também não deu certo. O novo caminho, a "terceira via", já foi apontado por Hobsbawm. Nele, todos são beneficiados, não apenas alguns.