quinta-feira, 16 de julho de 2015

Coincidência espantosa

Ghiggia, o autor do gol que deu ao Uruguai o título da Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã, contra a Seleção Brasileira, faleceu, hoje, aos 88 anos. Numa coincidência espantosa, Ghiggia morreu no dia exato em que seu grande feito completou 65 anos. Poucas vezes uma vida esteve tão atrelada a uma data. O dia 16 de julho de 1950 foi o passaporte de Ghiggia para a posteridade. O gol que marcou, inundando de tristeza 200 mil pessoas no Maracanã e causando um trauma histórico no futebol brasileiro, transformou-o numa celebridade. O jogo ficou conhecido como o Maracanazo, pois a Seleção Brasileira precisava apenas do empate para ser campeã, saiu na frente no placar, e sofreu a virada. Até à vergonhosa derrota de 7 x 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, o Maracanazo era o maior trauma do futebol brasileiro. Se Ghiggia transformou-se num herói uruguaio, Barbosa, o goleiro da Seleção naquele dia tornou-se o vilão oficial do episódio, sendo injustamente marcado para o resto da vida. Ghiggia, o "carrasco" da Seleção na Copa de 50, era um senhor afável e simpático, que gostava do Brasil e sempre foi muito bem recebido pelos brasileiros. Era o último jogador que restava vivo da Seleção do Uruguai que disputou a competição. Dentro de campo, deixou seu nome marcado na história do futebol. Fora dele, mostrou-se um grande ser humano. Merece ser lembrado para sempre.

O fim da reeleição

Ao que parece, o fim da reeleição para cargos executivos é um item da chamada "reforma política" que não sera modificado. Algumas medidas, como a mudança na duração dos mandatos, foram alteradas, e voltaram ao que eram anteriormente, ou seja, as modificações caíram por terra. Porém, a manutenção da reeleição foi rejeitada. Considero esse fato um grande erro, e um casuísmo político. A reeleição ainda é recente entre nós. Foi instituída no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em proveito próprio. Aliás, esse dado é sempre desprezado pela imprensa conservadora, como se fosse normal uma alteração desse tipo vir em benefício do seu proponente. Fernando Henrique até poderia ser o mentor da mudança, mas só visando futuros governos, nunca a sua própria administração. Afora isso, o ex-presidente valeu-se de pagamento de propina para cerca de 200 parlamentares, a fim de obter a maioria necessária para a aprovação da medida, sem que a grande imprensa, sempre tão "zelosa" pela ética na política, qualificasse o fato de "escândalo", que é do que, efetivamente, se tratou. Considerações à parte, o fato é que a reeleição foi implantada e, passadas apenas duas décadas de sua entrada em ação, já se decide extingui-la. Essa decisão caracteriza um casuísmo político, que visa atender interesses menores, e não os do país. O  mais espantoso é que a direita brasileira, notória admiradora de tudo o que se refere aos Estados Unidos, agiu para revogar um instrumento do ordenamento político americano, que é, justamente, o instituto da reeleição. A extinção da reeleição, no Brasil, até poderia vir a ocorrer, no futuro, se fosse o caso, mas nunca com tão pouco tempo de aplicação. Não há nenhum benefício para o país com tal medida, só oportunismo político.