sexta-feira, 7 de junho de 2013

A interdição do Engenhão

Num país em que novos escândalos surgem a cada dia, o do momento é o da interdição do Engenhão. O estádio, construído há, apenas, seis anos, em 2007, para os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, foi interditado em março, por deformações em sua cobertura metálica. Agora, três meses depois, revela-se que a reforma necessária levará um ano e meio, o que fará com que o estádio só venha a ser reaberto em 2015! Cabe lembrar que o Engenhão custou mais de 300 milhões de reais. Como pode um estádio tão novo e caro já apresentar defeitos estruturais que resultem na sua interdição? Não se trata, é óbvio,de uma fatalidade, mas, sim, do resultado de uma construção mal realizada. O curioso é que ninguém assume a responsabilidade pelo ocorrido. O consórcio que construiu o estádio diz que nada teve a ver com isso. Como sempre, ninguém deverá ser responsabilizado. Os clubes do Rio de Janeiro continuarão com o prejuízo de não ter um estádio para jogar, tendo de realizar partidas no interior, ou até, em outros estados. A reforma, por certo, não custará barato, em mais uma farra com dinheiro público. O futebol, é claro, não é uma ilha. Ele reproduz, em seu âmbito, as vicissitudes do país como um todo. O cidadão comum, no caso o torcedor, é o pato da história. Ele encara o futebol com paixão, enquanto outros enxergam esse esporte, somente, como uma oportunidade de ganhos financeiros. A reforma do Engenhão servirá para que as empresas que a realizarem obtenham altas somas pelo serviço, pago com dinheiro público. Até que ela seja concluída, o torcedor e os clubes continuarão privados do uso do estádio, o que lhes causa grandes transtornos. O pior é que sequer há previsão de quando as obras iniciarão. No país da impunidade, uma obra mal construída não é motivo para punição, é apenas mais uma chance de ganhar dinheiro.