segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma total inversão de valores

Constantemente tenho, nesse espaço, abordado a elitização do futebol e a sua transformação num negócio milionário que, cada vez mais, se sobrepõe à paixão despertada por esse esporte. Isso não aconteceu por acaso. Gradativamente, os dois mais importantes elementos do futebol, os clubes e os torcedores, foram sendo deixados de lado em favor de federações, confederações, "empresários" e outras figuras que só enxergam no futebol um meio de satisfazer sua sede de ganhos financeiros e de obtenção de vantagens de toda a ordem. Uma notícia de que tomei conhecimento hoje, mostra que esse processo atingiu o auge. Chelsea e Benfica, que decidirão a Liga Europa na próxima semana, receberam, cada um, apenas 9,8 mil ingressos para vender aos seus torcedores. O restante das entradas será destinado a patrocinadores, organizadores e parceiros da Uefa. A verdade, lastimável, é que, com as quantias milionárias pagas pelas redes de tv para a transmissão das competições, e com o aporte de recursos de grandes patrocinadores, a bilheteria deixou de ser um fator relevante no futebol. Dessa forma, os estádios encolheram, os ingressos encareceram, e os favores aos parceiros das instituições que comandam o futebol aumentaram. O público da decisão da Liga Europa será formado por uma maioria de convidados, em detrimento dos apaixonados torcedores dos dois clubes. O mais espantoso é que o presidente da Uefa é Michel Platini, um dos maiores jogadores da história, e que, como tal, deveria zelar pelos valores mais basilares do futebol. A ganância, ao longo do tempo, sempre levou o ser humano, em todos os seus campos de ação, à ruína. O futebol, infelizmente, parece estar indo por esse mesmo caminho.