terça-feira, 10 de março de 2020

A morte de um jornal

Recebi, com grande tristeza, a notícia de que o jornal "Agora", de minha terra natal, Rio Grande (RS), circulou, hoje, pela última vez. A morte de um jornal deve sempre ser lamentada. Entre os principais meios de comunicação, o jornal impresso é o mais antigo. Surgiu muito antes que os avanços tecnológicos permitissem o aparecimento do rádio e da televisão. No Brasil, por exemplo, o rádio ainda não completou o seu centenário , e a televisão, em 2020, atingirá os 70 anos. Os jornais impressos, no entanto, já existiam, ainda que de forma precária, com baixas tiragens, e num país onde as taxas de analfabetismo eram altíssimas. Com o tempo, os jornais se modernizaram, a sociedade ampliou seus horizontes, e a imprensa escrita consolidou o seu papel. Em relação ao jornal "Agora", testemunhei, quando adolescente, a sua fundação. Lembro que, em seus primeiros números, trazia informações sobre os planos ambiciosos do Sport Club Rio Grande, o mais antigo do Brasil. O clube havia vendido o seu estádio e adquirido um terreno onde pretendia erguer um novo e bem maior, cercado de outras obras e comodidades. Com o tempo, infelizmente, tais planos ficaram apenas na intenção e, atualmente, o Rio Grande vive uma realidade modesta, disputando a Terceira Divisão estadual. O "Agora", ao contrário, foi consolidando-se na comunidade riograndina, aumentando sua qualidade de impressão e apresentação, incluindo a versão on line. Seu futuro parecia garantido, até por já estar com 45 anos de existência. Porém, as condições estruturais e econômicas do país acabam por causar mais uma vítima. Uma cidade como Rio Grande, de enorme expressão histórica e relevância econômica, não pode prescindir da existência de um jornal impresso. O desaparecimento do jornal "Agora", de tão marcante trajetória, deixa uma lacuna imensa na sociedade riograndina e na imprensa estadual.