terça-feira, 22 de agosto de 2017

A irritação da CBF

A CBF, conforme informação que andou circulando pelos meios de comunicação nas últimas horas, estaria irritada com o Grêmio pelo fato do clube utilizar times reservas em vários jogos do Campeonato Brasileiro. No entender da CBF, isso desvaloriza a competição e gera insatisfação nos patrocinadores. O diagnóstico da instituição é correto, e a opção do Grêmio em privilegiar outras disputas já foi reiteradamente criticada por mim, nesse espaço. A irritação da CBF tem a sua razão de ser, mas ela não assume a sua parcela de culpa nessa situação. Não apenas o Grêmio, mas também Botafogo, Flamengo, Palmeiras e Atlético Mineiro pouparam titulares em alguns jogos do Brasileirão por estarem envolvidos em competições paralelas. A parcela de culpa da CBF está no fato de que o Brasileirão tem o mesmo número de clubes, e, por conseguinte, de rodadas, que campeonatos como o inglês, espanhol, italiano e francês, mas é disputado num tempo menor, o que leva ao acúmulo de jogos. Enquanto nos campeonatos citados as 38 rodadas se desenrolam ao longo de nove meses, no Brasil isso se dá em seis meses e meio. A razão disso é a permanência no calendário dos campeonatos estaduais, que retardam o início do Campeonato Brasileiro. Se os estaduais, que são competições anacrônicas e sem atratividade, fossem extintos, o Brasileirão poderia começar antes, e ter a mesma duração dos principais campeonatos nacionais da Europa. Em vez de se preocupar em criar mecanismos que dificultem a colocação de reservas por parte dos clubes, como a limitação no número de jogadores inscritos, por exemplo, a CBF deveria era fazer a sua parte, retirando os estaduais do calendário e ampliando a duração do Campeonato Brasileiro que, dessa forma, poderia ter rodadas apenas nos finais de semana. Uma medida simples e eficaz, mas que a CBF não se propõe a tomar porque depende dos votos dos presidentes de federações para manter a sua atual estrutura de poder.

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