sexta-feira, 23 de março de 2012

Soberania

O Brasil é um país que se empenha em colocar-se em situações constrangedoras e, até mesmo, ridículas. Nossos parlamentares, que estão longe de serem exemplos de virtude, resolveram fazer uma média com a opinião pública, cujo único resultado é expor negativamente a imagem do país no exterior. Refiro-me aos sucessivos adiamentos na votação da Lei Geral da Copa. A propensão da classe política para a demagogia, somada à uma visão distorcida de soberania por parte de integrantes da imprensa, estão fazendo com que, nesse caso, a razão seja atropelada. Alguém precisa lembrar aos nossos nacionalistas enfurecidos que a Fifa não obriga nenhum país a sediar uma Copa do Mundo. São os países que se apresentam como candidatos a realizar a competição. Ora, quem se dispõe a sediar uma Copa sabe que terá de atender a uma série de exigências da Fifa. Se não estiver de acordo com elas, cabe ao país não se candidatar, ou, caso o tenha feito de maneira inadvertida, desistir. O que não se pode admitir é essa manifestação rasteira de uma falsa noção de soberania. Dizer que a Fifa não pode se sobrepor às leis do país, para, por exemplo, tentar proibir a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa, é algo que beira o surrealismo. A Fifa possui entre seus apoiadores uma fabricante de cervejas, e isso é de conhecimento público. Em todas as Copas do Mundo há consumo de bebidas de álcool nos estádios. Porque só no Brasil seria diferente? Aliás, a proibição do consumo desse tipo tipo de produto nos estádios brasileiros é um dos tantos equívocos praticados por nossos legisladores. A medida é inócua, pois proíbe a venda no interior dos estádios, mas não pode impedir a comercialização nas cercanias dos mesmos. O Brasil parece esforçar-se, cada vez mais, para fazer da Copa do Mundo de 2014 um grande fracasso. A postura de grande parte da imprensa, que faltando pouco mais de dois anos para a competição, insiste em sua posição mal humorada contra a sua realização, só agrava a situação. Está na hora de deixar de lado essa versão capenga de soberania, aprovar, de uma vez por todas, a Lei Geral da Copa, e tentar evitar, enquanto ainda é possível, um enorme fiasco perante o mundo.

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