sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Jogo de interesses

Um repórter esportivo de Porto Alegre costuma dizer que o futebol é um bang-bang sem mocinho. A atual crise envolvendo o Clube dos 13, grandes clubes brasileiros e as redes de televisão em função dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014 é uma prova disso. Não há inocentes nessa história, que envolve interesses milionários. O Clube dos 13, que desde sua criação, em 1987, contribuiu decisivamente para que os clubes ganhassem cada vez mais dinheiro com a venda dos direitos de transmissão do Brasileirão, ameaça implodir. O Corinthians anunciou sua saída do orgão, os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro anunciaram uma ruptura parcial e até o Grêmio, clube de origem do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, estaria pensando em abandonar o barco. O triste disso tudo é que tais fatos se dão não pela busca de ideais ou defesas de princípios, mas sim, por interesses financeiros e buscas de vantagens. No caso do Corinthians e dos quatro grandes do Rio de Janeiro, o que se quer é uma fatia maior do montante dos direitos de transmissão. No caso do Grêmio, poderia ser uma retaliação do presidente Paulo Odone contra Fábio Koff, que apoiou a oposição contra o candidato de Odone na eleição para presidente do clube, em 2008. Além disso, é evidente a aproximação de Odone com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, inimigo de Koff, tanto que o presidente do Grêmio chefiou a delegação da Seleção Brasileira no recente amistoso contra a França. Como consequência disso, Odone poderá conseguir que a CBF destitua o Beira-Rio da condição de estádio de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014, passando a atribuição para o novo estádio do Grêmio, que está sendo construído. No meio disso tudo, a poderosa Rede Globo também mexe os seus pauzinhos e sonha com a volta do Campeonato Brasileiro com a fórmula de mata-mata, o que se constituiria num retrocesso absurdo, já que o sistema de pontos corridos é o que de melhor aconteceu no futebol brasileiro em muitos anos. Como se vê, não há nada de nobre em todas essas movimentações de bastidores. O melhor do futebol brasileiro continua sendo visto dentro de campo. Fora dele, é um espetáculo pouco indicado para estômagos sensíveis.

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