sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fórmula Indy em Porto Alegre

O Rio Grande do Sul é um estado com muitas singularidades. Os gaúchos adoram falar de suas raízes, sua história, seus feitos. Gostam também de exaltar o que chamam de "tradicionalismo" , um culto a um passado pretensamente glorioso que mistura, como se fora tudo verdade, fatos concretos, mitos delirantes e distorções históricas. Já quando se trata de agir para impulsionar o presente e projetar o futuro, os gaúchos são bem mais reticentes. Enquanto no Rio de Janeiro e em São Paulo, os eventos e acontecimentos ocorrem de maneira febril, dando a impressão de um movimento incessante, em Porto Alegre as coisas andam em passo de tartaruga. Isso porque, fiéis ao seu gosto pela polêmica e por discutir questiúnculas em vez de se deter nos aspectos mais grandiosos de uma proposição, os gaúchos postergam ou inviabilizam projetos e iniciativas que dariam um grande impulso para que o Estado e sua capital rompessem com o seu conhecido marasmo. O projeto Cais do Porto, por exemplo, que visa a fazer do porto da capital gaúcha algo semelhante ao realizado em Buenos Aires, até hoje não saiu do papel, vitimado por disputas políticas. Agora, eis que surge a oportunidade de Porto Alegre sediar uma corrida do Campeonato de Fórmula Indy, num circuito de rua. A idéia, espetacular em todos os aspectos, logo se viu bombardeada por questionamentos quanto aos custos, uso do dinheiro público e até do porquê não realizar a prova num autódromo. Sem dúvida, é o que se pode chamar de vocação para a mediocridade. Enquanto São Paulo abraçou a proposta imediatamente, montando um circuito de rua no sambódromo do Anhembi, onde realizou a corrida já no ano passado, aqui, onde a primeira prova ocorreria em 2012, encontram-se resistências à ideía. De minha parte, não me interessa saber o montante dos custos, quanto será gasto de dinheiro público ou outros detalhes dessa natureza. O ganho para a cidade em visibilidade, em exposição internacional, será imensurável. Porto Alegre deixaria de ser uma remota capital de um estado brasileiro para, definitivamente, entrar no mapa. Isso é algo que não pode ser medido em números, daí porque minha indiferença para com os aspectos burocráticos que envolvem a realização da corrida. Não é possível que uma ideia como essa deixe de se concretizar. Se isso acontecer, o Rio Grande do Sul e Porto Alegre estarão optando, definitivamente, pelo provincianismo e pelo marasmo, condenando-se a uma rotina tediosa e exasperante, enquanto a vida pulsa em outros centros.

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