sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A crise na música

A música, uma das mais ricas expressões artísticas, passa, já há alguns anos por uma crise de criatividade. Os novos nomes que vão surgindo chamam muito mais a atenção por seus comportamentos bizarros, excêntricos e escandalosos do que pela qualidade do seu trabalho. Belchior já dizia, em sua antológica composição dos anos 70 "Como nossos pais", que "nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam, não". Na falta de nomes consistentes na nova safra de cantores e compositores, apela-se para o que é bom, conhecido e garantido. Não é sem motivo que, ultimamente, discos clássicos da música brasileira e internacional venham sendo lançados em CDs remasterizados. Trata-se de algo muito bom, tanto para os velhos fãs de tais obras, quanto para possibilitar que as novas gerações as conheçam, mas evidencia, por outro lado, a pobreza da produção musical atual. Senão, vejamos. Afora a excelente Maria Gadú, que outro nome surgiu, nos últimos anos, na música brasileira, que tenha vindo para ficar? A crise é tão séria, que até Djavan, um dos melhores e mais prolíficos compositores do Brasil, resolveu, em seu mais recente lançamento, fazer um "disco de intérprete", gravando apenas criações clássicas de outros autores. No que diz respeito a onda de remasterizações, aqui e lá fora, já foram lançadas, recentemente, a obra completa dos Beatles, com grande vendagem, todos os discos da carreira solo de John Lennon, o mais bem sucedido disco solo de Paul McCartney, "Band on the Run", e coleções especiais da Editora Abril com 20 discos da carreira de Chico Buarque e 15 da de Tim Maia. No Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora lançou uma coleção com 25 discos que marcaram época na música brasileira, gravados nos anos 60,70 e 80. São obras de grande qualidade que todos devem conhecer, mas, paralelamente, é preciso que uma nova leva de cantores e compositores de alto nível surja, tanto no Brasil, como no exterior. Há um tempo atrás tivemos, no Brasil, o aparecimento de nomes de qualidade, hoje já passados dos 40 anos, que acabaram se tornando artistas de um público fiel, mas reduzido, como Zélia Duncan, Lenine, Zeca Baleiro, entre outros, que não alcançaram a condição estelar  da geração dos anos 60 de Gal, Bethânia, Roberto, Erasmo, Caetano, Gil, Chico Buarque e Mílton Nascimento. No exterior, nomes como Amy Winehouse, por exemplo, destacam-se muito mais pelo que aprontam fora dos estúdios e palcos, alimentando a imprensa sensacionalista, do que por gravar algo que agrade aos ouvidos. Nossos velhos ídolos da música são muito bons e sua obra é imortal, mas o show não pode parar e é preciso que surjam, logo, novos nomes capazes de nos encantar.

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