Um tiro no pé

Desde que assumiu, em janeiro, o seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, o histriônico Donald Trump tem presença permanente nos noticiários com suas fanfarronices. Porém, a mais recente atitude de Trump está se revelando um tiro no pé. Trump decidiu taxar em 50%, a partir de agosto, todos os produtos brasileiros. Na nota em que anunciou a medida, Trump alegou falta de reciprocidade nas relações comerciais entre os dois países, e déficit dos Estados Unidos nas transações bilaterais, o que não é verdade, e manifestou sua inconformidade com a "perseguição" movida pelo governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. A taxação, caso seja confirmada, trará muitos prejuízos ao Brasil, mas seu anúncio gerou uma repercussão muito negativa por parte de analistas políticos e econômicos, que a reprovaram, energicamente. O economista americano Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia de 2008, por exemplo, considerou a atitude de Trump "maligna" e "megalomaníaca", e destacou o fato de que foi tomada por motivação política, para pressionar o governo brasileiro por estar processando Bolsonaro. Krugman afirma que, se os Estados Unidos ainda tivessem uma democracia funcional, o ato de Trump contra o Brasil já seria suficiente para que sofresse um processo de impeachment. O gesto arbitrário de Trump conseguiu ser repudiado, em editorial, até pelo jornal "O Estado de São Paulo", bastião do conservadorismo brasileiro. Se pretendia agradar a direita brasileira, Trump obteve o efeito contrário.