As dificuldades da esquerda

As eleições municipais de 2024, hoje encerradas com o segundo turno em várias localidades, teve ampla vantagem da direita. As dificuldades da esquerda, no Brasil, são evidentes, mas culpar candidatos e partidos, e cobrar uma mudança de práticas e discursos, é uma postura simplista e equivocada. Ao contrário da direita, a esquerda não vê a política como um vale-tudo onde qualquer recurso é válido para vencer. Conceitos, ideário, uma visão profunda das mazelas sociais, a busca de uma melhor distribuição de renda, são caracteríscas inarredáveis da esquerda. Porém, influenciados por fake news e narrativas que visam desacreditar a esquerda, os eleitores votam em candidatos bolsonaristas, ou seja, agem como bois que se encaminham, por vontade própria, para o matadouro. Nada pode ser mais estúpido do que privilegiar pautas de "costumes" em detrimento de questões objetivas sobre economia, saúde, educação, segurança. A enorme abstenção verificada em ambos os turnos da eleição também é uma demonstração de desilusão de grande parte do eleitorado para com a política. No entanto, omitir-se não é uma solução. Se os que deixaram de votar cumprissem com seu dever cívico, as eleições poderiam ter um resultado diferente, e menos desolador. Como expressa o ditado, quem corre por gosto não cansa. Os eleitores que deram maioria de votos para a direita comprometeram não apenas as suas próprias vidas, mas de todos os demais, num amargo custo da democracia. Tomara, um dia, se livrem de sua cegueira.