terça-feira, 27 de agosto de 2019

Remédio errado

A ideia de combater a homofobia é, mais do que correta, obrigatória. Porém, sua aplicação no futebol brasileiro escolheu um caminho equivocado. Como quase sempre ocorre no Brasil, usa-se um mecanismo coercitivo injusto para tentar solucionar uma atrocidade. A orientação aos árbitros, a partir de agora, é para que relatem nas súmulas dos jogos a eventual prática das torcidas de bradar frases com conteúdos homofóbicos. A partir do relato em súmula, o clube cuja torcida tiver esse comportamento, poderá ser punido com a perda de pontos. A homofobia é um mal que precisa ser combatido, mas, nesse caso, está se buscando fazer isso aplicando o remédio errado. Não se mudam comportamentos coletivos editando leis ou regras.  Esse é um equívoco no qual os brasileiros incidem costumeiramente. A índole de uma população, ou de partes dela, não será modificada por instrumentos de natureza jurídica. Afora isso, o resultado de um jogo dentro de campo não pode ser alterado por fatos acontecidos do lado de fora. Primeiramente, por que é injusto para com os jogadores, que nada tem a ver com o mau comportamento dos torcedores. Em segundo lugar, por que os clubes não têm como controlar as manifestações de suas torcidas. Na tentativa de atacar um grave problema que assola os estádios brasileiros, o que se está propondo é uma medida que vai interferir em resultados de campo e apatifar o andamento de competições. Com os recursos existentes atualmente, os torcedores que se comportam inadequadamente nos estádios podem ser facilmente identificados. Pois então, que eles sejam devidamente punidos. Deixem os resultados dos jogos e os clubes fora disso. 

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