sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A pior das imitações

Para grande parte da população brasileira, os Estados Unidos exercem um enorme fascínio, por sua imagem de poder e riqueza. Entre os brasileiros que, desiludidos, pretendem deixar o país, a maioria, provavelmente, aspira ir para a terra do Tio Sam. O destino turístico preferido da classe média alta brasileira é a Disney World. Numa visão míope e irrefletida, os brasileiros vêem os Estados Unidos como o país ideal, buscando, muitas vezes, mimetizar seus valores, e adotando termos em inglês no lugar de vocábulos do seu idioma pátrio. Fruto da ignorância e do analfabetismo funcional de muitos brasileiros, esse comportamento poderia ficar apenas no âmbito do ridículo, não fosse o fato de já se estar imitando até o que há de patológico no modo americano de ser. Foi o que ocorreu numa escola em Goiânia, onde um garoto de apenas 14 anos, atirou contra os seus colegas, matando dois e ferindo outros. O próprio garoto disse ter se inspirado em fato semelhante ocorrido em Columbine (EUA), e em outro acontecido no subúrbio de Realengo, no Rio de Janeiro, por sinal, de clara inspiração americana. Essa é a pior das imitações. O Brasil já tem mazelas demais para importar comportamentos patológicos de outros países. O autor dos disparos, que é filho de uma policial, alegou que era vítima de bullying por parte de colegas, o que, pelo que se sabe, é verdade, mas, é claro, não justifica o seu ato tresloucado. Aliás, bullying é um estrangeirismo típico da invasão de termos em inglês no vocabulário dos brasileiros. O acontecimento de Goiânia, mais do que chocar, deve levar a que se tomem medidas para prevenir a expansão desse tipo de crime. Deve servir, também, como um argumento contra os que querem rever o estatuto do desarmamento, sob a alegação de que o cidadão tem o direito de se defender. Um dos motivos da proliferação de fatos como esse nos Estados Unidos é a facilidade do acesso da população às armas de fogo. Ainda que a mãe do garoto seja uma policial, arma dentro de casa nunca é algo recomendável.

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