quinta-feira, 16 de março de 2017

Um estranho conceito de liberdade

O "Fórum da Liberdade", iniciativa do Instituto de Estudos Empresariais, realizado anualmente em Porto Alegre, terá a sua trigésima edição em 2017. O referido fórum constitui-se num conjunto de palestras, durante dois dias, em que personalidades convidadas fazem uma ode ao capitalismo, á "livre iniciativa", ao Estado mínimo e às "virtudes" do mercado. O tema da edição desse ano, a ser realizada nos dias 10 e 11 de abril, é "O Futuro da Democracia". Entre os participantes do fórum estarão o prefeito de São Paulo, João Doria Júnior, o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o filósofo Luiz Felipe Pondé. No lançamento da programação do fórum, o presidente do Instituto de Estudos Empresariais, Rodrigo Tellechea, saiu-se com a seguinte frase: "Entendemos que o futuro da democracia depende justamente da compreensão da sociedade sobre a limitação da sua utilidade como modelo de tomada de decisões coletivas". Fiquei impactado com a frase. Rodrigo Tellechea, que carrega o sobrenome de uma conhecida família de latifundiários gaúchos, quer que a sociedade entenda que as decisões que afetam a coletividade devem ser tomadas por um grupo reduzido de "sábios e iluminados" e não pelo povo? Ah, deve ser aquela história de tomar medidas "amargas e impopulares" que os neoliberais dizem ser tão necessárias para salvar o país. Um estranho conceito de liberdade caracteriza o pensamento de Tellechea e sua turma. Eles desejam liberdade para "empreender". Para isso, sonham com redução de impostos para as empresas, o fim da Justiça do Trabalho, a "livre negociação salarial" entre empregadores e seus funcionários, entre outras "perolas" do pensamento de direita. A liberdade que desejam é a de ganhar muito dinheiro sem serem incomodados, e não tendo de reverter nada para a sociedade. Para que Tellechea e os que partilham de suas ideias alcancem a liberdade que aspiram, o povo deve se tornar escravo.

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