domingo, 4 de dezembro de 2016

Não foi um acidente

Pior do que uma tragédia que vitimou 71 pessoas, é constatar que ela foi o resultado da inconsequência e da negligência. O que aconteceu com o avião que transportava a delegação da Chapecoense e profissionais de imprensa para Medellín não foi um acidente. O avião só caiu porque o piloto Miguel Quiroga, que também era um dos proprietários da empresa aérea, arriscou-se a fazer um vôo cujo percurso equivalia a autonomia do aparelho. Para obter o máximo de lucro e não ter despesas adicionais, Quiroga não reabasteceu o avião, o que ocasionou sua queda. O piloto já havia corrido o mesmo risco em vários outros vôos, mas, dessa vez, não pôde contar com a sorte. Com sua inconsequência, somada à negligência dos que lhe permitiram decolar com um plano de vôo inaceitável para os padrões da aviação, Quiroga carregou dezenas de pessoas para a morte, inclusive ele mesmo. O que aconteceu foi um crime, uma ação homicida. Por isso mesmo, não se pode aceitar a tentativa de eximir Quiroga de culpa, empreendida por Ximena Suarez, comissária de bordo que sobreviveu ao desastre, e pelos familiares do piloto. Miguel Quiroga foi, sim, o grande responsável pela tragédia, o que a torna ainda mais dolorosa e revoltante.

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