sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Simulacro democrático

O Brasil sofreu um golpe político atroz, e está sendo dirigido por um governo ilegítimo. Sabedores de que tem as costas quentes, pois chegaram ao poder por um conluio de forças que incluiu os magistrados e a grande imprensa, os governantes de plantão abriram o seu saco de maldades, e a cada dia anunciam mais medidas carregadas de demofobia. Utilizando-se do surrado discurso de uma terrível situação econômica que exige medidas de "austeridade", partem para a construção do seu tão sonhado estado mínimo. Em nome da necessidade de "apertar os cintos", as leis trabalhistas são atacadas, a terceirização é aceita até na atividade específica das empresas, a educação é reformada para se tornar ainda pior do que é, os gastos essenciais do país são congelados por 20 anos. Tudo isso ocorre com o apoio de setores imbecilizados da classe média que, movidos pelos preconceitos, são presas fáceis para a lavagem cerebral feita pela mídia. O que temos hoje, no Brasil, é um simulacro democrático. Com o argumento cínico de que não houve golpe porque todos os ritos democráticos foram observados no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, os conspiradores fingem que o país está numa situação de normalidade. Não está. O momento atual é grave porque, ao contrário da ditadura militar, cuja condição de regime de exceção era flagrante, o governo golpista sustenta um discurso de que possui legitimidade e que as instituições do país estão "sólidas". O Brasil vive um processo de terrível retrocesso, cuja duração ainda é desconhecida, e que resulta em efeitos sociais devastadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O autor se reserva o direito de moderar os comentários. Textos com conteúdo ofensivo ou linguajar inapropriado não serão publicados neste espaço.