sexta-feira, 6 de julho de 2012

Os inimigos das leis

As classes patronais não costumam  gostar de leis e regulamentos na área trabalhista. Na sua visão muito particular, tais instrumentos retiram competitividade das empresas, aumentam custos, prejudicam o "sistema produtivo". Isso fica evidente, mais uma vez, pela reação das empresas transportadoras de cargas em relação à denominada "Lei do Motorista". A referida lei estabelece que, a exemplo de grande parte das categorias profissionais, também os motoristas transportadores de cargas devam cumprir uma jornada diária de trabalho de oito horas de duração. Assim, esse é o tempo máximo que um motorista poderia permanecer ao volante, a cada dia. A medida já deveria ter sido tomada há muito tempo, pois sabe-se que esses profissionais são submetidos a jornadas de trabalho desumanas, apelando para drogas que os mantenham acordados, tornando-se mais propensos a acidentes que colocam em risco as suas próprias vidas e as de outras pessoas. Tudo para que possam cumprir um exíguo prazo de entrega de cargas vencendo enormes distâncias. Nada disso sensibiliza os proprietários de empresas transportadoras. Para eles, só interessa o lucro. Por isso, a federação e os sindicatos das transportadoras de cargas estão veiculando anúncios nos jornais em que afirmam que a "Lei do Motorista" diminui a competitividade da economia, já que torna necessário que mais caminhões sejam utilizados para o mesmo transporte e mais motoristas façam a mesma viagem, e eleva o custo operacional na transferência de mercadorias. Conforme os transportadores, isso ocasiona menor eficiência na "cadeia logística" e menos resultados para o sistema produtivo. A preocupação   com a preservação da saúde dos motoristas, da diminuição do número de acidentes causados pelo stress desses profissionais, pelo visto, não existe para as transportadoras. Como toda a manifestação de organismos patronais, o único fator levado em conta é a maximização dos lucros. Os anúncios das transportadoras são apenas um esperneio que não deverá ter maiores consequências. A nova lei é muito oportuna e é mais uma sinalização de que o Brasil, ainda que menos velozmente do que seria desejável, avança em suas relações sociais. O tempo dos abusos contra as classes trabalhadoras vai ficando cada vez mais distante, felizmente. Mesmo com a contrariedade de grupos acostumados a fazer prevalecer seus interesses..

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