sábado, 2 de julho de 2011

Uma aposta

A contratação de Julinho Camargo para técnico do Grêmio é uma aposta. Julinho ainda não é um nome consagrado no futebol e vinha trabalhando como auxiliar técnico do treinador do Inter, Falcão. As razões que levaram o presidente do Grêmio, Paulo Odone, a escolher Julinho estão longe de serem misteriosas. Em suas passagens anteriores pelo cargo, Odone fez apostas semelhantes, que se mostraram exitosas. Em seu primeiro mandato (1987-1990), o presidente gremista trouxe, em 1987, Luiz Felipe Scolari, então técnico do Juventude, para substituir o uruguaio Juan Mujica, que havia sido demitido em meio ao Campeonato Gaúcho. Luiz Felipe, em sua primeira passagem por um grande clube, conduziu o Grêmio ao título da competição e encaminhou uma carreira vitoriosa em que conquistou todos os títulos possíveis, inclusive a Copa do Mundo, com exceção do Mundial de Clubes, que por duas vezes disputou e perdeu. Já em seu segundo mandato (2005-2008), Odone contratou, quatro meses após assumir o cargo, o técnico Mano Meneses, que estava no Caxias, para o lugar de Hugo de León, que fora dispensado. Apenas cinco anos e quatro meses depois de chegar ao Grêmio, vindo de um clube do interior do Rio Grande do Sul, Mano Menezes era contratado como técnico da Seleção Brasileira. Há ainda outro exemplo nessa direção, ocorrido na administração do ex-presidente José Alberto Guerreiro (1999-2002). Em 2001, Guerreiro contratou o técnico Tite que, no ano anterior, havia sido campeão gaúcho pelo Caxias numa decisão contra o próprio Grêmio. Tite levou o Grêmio a conquista do seu último grande título até hoje, a Copa do Brasil de 2001. Não chegou à Seleção Brasileira como Luiz Felipe e Mano Menezes, mas trabalhou em grandes clubes e é o atual técnico do Corinthians, clube que, no momento, lidera o Campeonato Brasileiro. Esses exemplos, por certo, é que levaram Odone a se decidir por Julinho Camargo. Em vez de trazer um "medalhão " com altíssimo salário, opta-se por um técnico emergente, em busca de uma afirmação definitiva. Deu certo em outras ocasiões, não se pode saber se ocorrerá o mesmo agora. Uma coisa, porém, parece certa. Por ter trabalhado muitos anos nas categorias inferiores de Grêmio e Inter, Julinho certamente investirá mais nos jovens do que seus antecessores. Para dar um exemplo, Julinho já disse que gosta muito de Mithyuê, que foi seu jogador no time júnior do Grêmio e não vinha sendo aproveitado. O fato de ter sido, nos últimos dois meses e meio, auxilar técnico do treinador do Inter, não deve servir para que se menospreze sua contratação. Há algum tempo se diz que Julinho vem demonstrando ser um técnico de futuro. Agora, chegou a chance de prová-lo. Boa sorte, Julinho Camargo.

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