terça-feira, 14 de junho de 2011

Sigilo eterno

Já me ocupei anteriormente, nesse espaço, da absurda impunidade aos artífices da macabra ditadura militar instaurada no país em 1964. Trata-se de uma postura vergonhosa, muito diferente da adotada por nossos vizinhos, Uruguai e Argentina, que buscam, ainda hoje, punir devidamente aos que lançaram os dois países em períodos de autoritarismo e violência. Como se não bastasse isso, o governo federal retirou o regime de urgência  do projeto sobre o sigilo de documentos públicos que tramita no Senado. Com isso, os documentos chamados de "ultrassecretos", que teriam de ser divulgados, no máximo, após 50 anos de sua elaboração, poderão ficar mantidos por um sigilo eterno. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defende o sigilo eterno dos documentos ultrassecretos alegando que eles podem "abrir feridas" do passado. O sigilo eterno é um escárnio, uma vergonha! Os arquivos da ditadura tem de ser abertos. Não há problema algum em "abrir feridas", pois só assim será possível desinfectá-las. Muito pior é condenar o país a ver tais ferimentos gangrenarem pela falta da devida reparação aos crimes e atrocidades praticados pelos executores do abjeto golpe militar. Chega de impunidade!

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