O futebol sob ameaça

Um problema que só cresce, e ê varrido para baixo do tapete. O envolvimento de ârbitros e jogadores com apostas em sites especializados coloca o futebol sob ameaça, cada vez maior, quanto a sua credibilidade. O escândalo mais recente ocorre na Turquia, onde seis árbitros for presos e mais de mil jogadores estão sendo investigados. Os campeonatos da terceira e quarta divisões do país, onde atuam mais de 900 jogadores investigados, foram suspensos por duas semanas pela Federação Turca de Futebol. Afora isso, o presidente do Eyüpspor, clube da primeira divisão, em conexão com as investigações, teve a sua prisão ordenada. A influência das apostas no futebol é um fenómeno mundial, favorecido pela explosão dos sites especializados que, inclusive, patrocinam competições, como é o caso, por exemplo, do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Assim como na Turquia, no Brasil o maior número de casos se concentra nas divisões inferiores, onde a visibilidade midiática é menor. Porém, também há casos envolvendo jogadores de grandes clubes. O mais notório deles é o do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, que informou a um parente o jogo em que forçaria o recebimento do terceiro cartão amarelo. A exemplo do que acontece na sociedade brasileira como um todo, Bruno Henrique, por ser famoso e jogar num grande clube, apesar das evidências de sua culpa, ainda não foi penalizado. Outros jogadores, sem a mesma condição, sofreram penas severas, como suspensões de um ano ou mais do futebol. As chamadas "bets" também são as principais patrocinadoras das camisas de grande parte dos clubes brasileiros. Esse avanço repentino e milionário dos sites de apostas no futebol coloca em xeque a credibilidade das competições. Está na hora de a Fifa e as confederações continentais e nacionais agirem com rigor em relaçào ao assunto. O interesse financeiro não pode se sobrepor ao zelo pela lisura do esporte.

Uma vitória jogada fora

Foi de revoltar o mais pacífico dos torcedores. O Grêmio empatou em 1 x 1 com o Fortaleza, hoje, no Castelão, pelo Campeonato Brasileiro, no que foi uma vitória jogada fora, pela forma como ocorreu o resultado. O Grêmio, numa falha de Kannemann em saída de bola, levou um gol muito cedo, aos 4 minutos, marcado por Bareiro. Porém, Carlos Vinícius, numa falha ainda maior do goleiro Brenno, empatou aos 13 minutos. Aos 31, em boa jogada do próprio Carlos Vinícius, Marlon virou o placar para o Grêmio. Na volta do intervalo, o Fortaleza veio com modificações que o tornaram mais ofensivo, enquanto o Grêmio manteve a mesma escalação. O panorama do jogo mudou, com o Grêmio ficando muito retraído, proporcionando o crescimento do adversário. Mesmo assim, a vitória ia sendo mantida até que, aos 19 minutoa, Thiago Volpi tomou um frango numa falta cobrada por Mateus Pereira. Pelo segundo jogo consecutivo fora de casa, Thiago Volpi falha gravemente, e tira pontos preciosos do clube na classificação. Gabriel Grando, que o substituiu no período em que esteve lesionado, teve atuações bem mais seguras, e saiu no "carteiraço", quando Thiago Volpi se recuperou. Afora isso, pela enésima vez, o Grêmio adotou cedo demais uma postura defensiva na tentativa de garantir uma vitória parcial. A insistência de Mano Menezes em manter a titularidade de Edenílson, cuja resposta dentro das quatro linhas é nenhuma,e a colocação de Cristaldo no segundo tempo de todos os jogos, sempre com péssimo rendimento, são escolhas injustificáveis do técnico. As concepções defensivistas de Mano Menezes fazem, também, com que Monsalve, um jogador de grande qualidade, seja preterido pelo técnico, por não marcar, condição que julga indispensável para quem atua no meio de campo. Por essas e outras é que Mano Menezes não pode permanecer no Grêmio em 2026.

Com requintes de crueldade

O sofrimento da torcida do Inter não tem fim. O Inter empatou em 2 x 2 com o Bahia, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, um resultado que foi construído com requintes de crueldade. Depois de ter um gol mal anulado aos 16 minutos de jogo, o Inter, que atuava bem, abriu o placar aos 24, com Vitinho, e seguiu superior ao Bahia até o final do primeiro tempo. Logo no início do segundo, aos 3 minutos, Vitinho, novamente, com um belo gol, ampliou para o Inter. A vitória parecia encaminhada, mas as substituições feitas pelo técnico Ramón Diaz, e, quem sabe, o desgaste físico, fizeram o Inter decair de produção e permitir a reação do Bahia. Aos 14 minutos, William José descontou para o Bahia, que foi tomando conta do jogo. O empate parecia iminente. O Bahia chegou a ter um chute em que a bola bateu nas duas traves e não entrou. Até que, aos 48 minutos, Tiago empatou o jogo, que terminou aos 53, sem que o resultado tivesse outra alteração. A vitória era fundamental para o Inter, e lhe escapou por entre os dedos. Cada vez mais, o Inter precisará contar com resultados paralelos para evitar o rebaixamento, já que não consegue fazer a parte que lhe cabe.

Sugestão descabida

Vez por outra, surgem ideias de alterações nas regras do futebol, a maioria despropositadas, com o alegado intuito de tornar o jogo mais "interessante". A mais recente sugestão descabida partiu do técnico chileno Manuel Pellegrini, que atua no mercado europeu. Pellegrini pretende que o futebol, inspirado no basquete, proiba que, depois que uma equipe, de posse da bola, avançar para a zona de ataque, não possa mais retorná-la para a defesa. A justificativa do técnico chileno é que a medida tornaria o futebol mais "dinâmico". O futebol, ao longo de sua existência mais que centenária, já realizou pequenas alterações em suas regras, e sempre de maneira parcimoniosa. Essa estabilidade no seu regramento, longe de significar um engessamento, é uma das razões pelas quais o futebol é o mais popular dentre todos os esportes. O argumento de que o futebol precisa se tornar mais dinâmico e interessante para o públici jovem não se sustenta. O futebol continua lotando estádios e assistido pir milhões de telespectadores, no mundo inteiro. Não há razão para mudanças profundas num esporte tão apreciado.

Emoção até o fim

A luta para fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro torna-se mais acirrada a cada rodada. A disputa promete emoção até o fim. As quedas de Sport e Juventude parecem inevitáveis, a do Fortaleza é quase certa, mas a definição de quem será o outro a cair promete tensão até a última rodada. Santos, Vitória e Inter estarão numa briga de foice para tentar evitar o pior. A situação mais desfavorável é a do Santos. O clube, no momento, está na zona de rebaixamento e os jogos que lhe restam são muito difíceis. Entre eles, o Flamengo, no Maracanã, e o Inter, seu adversário direto na luta contra a queda, no Beira-Rio. O Vitória ganhou novo ânimo após vencer o Inter no Barradão, e jogará em casa, novamente, na próxima rodada, o que pode ser um fator decisivo em seu favor. O Inter, embora esteja na frente de Vitória e Santos, vive uma crise técnica terrível, e não marca gols há quatro jogos. Ainda que nivelada por baixo, será uma disputa de tirar o fólego, comprovando que, ao contrário do que tantos dizem, os campeonatos de pontos corridos podem ser muito emocionantes.

Um poço sem fundo

Um sofrimento que se faz presente a cada jogo. O Inter perdeu por 1 x 0 para o Vitória, hoje, no Barradão, pelo Campeonato Brasileiro, e mostrou que caiu em um poço sem fundo. As atuações ruins e, como consequência, os maus resultados, se repetem. Não hâ qualquer sinal de reação. Coletiva e individualmente, o Inter está muito mal. A esperança de evitar o rebaixamento repousa na fragilidade dos que estão abaixo na classificação, já que o Inter não consegue se ajudar. A mudança de técnico não surtiu efeito, mas uma nova troca, faltando seis jogos para o fim da competição, seria uma medida de pouco efeito prático. Um clube sem rumo, é o quadro atual do Inter.

Limites

O resultado foi ruim, a atuação, não. O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o Cruzeiro, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro, num jogo em que ficaram claros os seus limites. O desempenho do Grêmio esteve longe de ser mau, não faltou esforço mas, ainda assim, a derrota aconteceu. A razão para isso é que o Grêmio tem menos qualidade que o Cruzeiro. O jogo estava equilibrado quando Fabrício Bruno fez o gol do Cruzeiro, aos 42 minutos do primeiro tempo. Até o final do jogo o Grêmio buscou a reação, mas esbarrou na sua dificuldade em marcar gols. Alysson teve muitos erros técnicos, Carlos Vinícius não conseguiu superar a marcação, Amuzu se limitou a lampejos, Arthur foi um talento solitário no meio de campo, cercado pelo esforço de Dôdi e a inexpressividade de Edenílson. A defesa, como um todo, esteve bem. O resultado liga um sinal de alerta no Grêmio, pela distância diminuída em relação a zona de rebaixamendo. Resta torcer para que, nos seis jogos que ainda terá, o Grêmio obtenha, o quanto antes, os pontos que faltam para um final de competição sem sobressaltos.

Deselegância

Foram atitudes extremamente constrangedoras. Num fórum promovido pela Federação Brasileira dos Técnicos de Futebol (FBTF), realizado, hoje, na sede da CBF, os ex-treinadores Émerson Leão e Oswaldo de Oliveira primaram pela deselegância. Diante do técnico da Seleção Brasileira, o italiano Carlo Ancelotti, que recebeu uma homenagem da federação, Leão e Oswaldo fizeram críticas candentes contra a presença de técnicos estrangeiros no país. Leão, como sempre, fez um discurso confuso na tentativa de ser eloqüente. Oswaldo foi candente, como se estivesse em um comício. Diferenças de estilo a parte, ambos foram grosseiros em suas manifestações, criando um clima desconfortável para todos os presentes. Submetido a uma situação tão desconfortável, Ancelotti se mostrou imperturbável. Em nota, a FBTF, promotora do encontro, manifestou seu repúdio as declarações de Leão e Oswaldo. Era o mínimo a ser feito. Para todos que assistem as imagens com os pronunciamentos dos dois ex-técnicos, a sensação que fica é a de vergonha alheia.

Convocação irregular

O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, anunciou, hoje, a lista de jogadores convocados para os amistosos contra Senegal e Tunísia, nos próximos dias 15 e 18, no Emirates Stadium, em Londres, e em Lille (FRA), respectivamente. Foi uma convocação irregular. Ancelotti convocou 7 jogadores que atuam no país, justificando a decisão pelo bom nível do Campeonato Brasileiro. Porém, entre os jogadores chamados, há convocações injustificáveis. São os casos dos laterais Danilo e Alex Sandro, ambos do Flamengo, e do centroavante Richarlison, do Tottenham. Danilo e Alex Sandro sempre foram jogadores medianos,e, agora, já com uma idade avançada, sem condições de dar uma resposta adequada na parte física. Richarlison, há muito tempo, não apresenta um rendimento técnico que justifique suas convocações. O lateral esquerdo Luciano Juba, destaque no Bahia, é uma aposta, talvez ainda não esteja preparado para as exigências da Seleção. O zagueiro Fabrício Bruno, do Cruzeiro, depois de desastrosa atuação na última Data Fifa, não merecia ser chamado novamente. O meiocampista Fabinho, do Al Itihad, é outra convocação discutível. A boa novidade foi a convocação de Vítor Roque, do Palmeiras, que está em muito boa fase. No restante, Ancelotti mantém a base do que deverá ser o grupo que irá para a Copa do Mundo.

Crise interminável

Mais uma vez, para o Inter, faltou qualidade. O Inter empatou com o Atlético Mineiro em 0 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, e prossegue na sua crise interminável. Mesmo beneficiado pela expulsão de Vítor Hugo, aos 15 minutos de jogo, o Inter não encontrou soluções, e apenas empatou, em casa, e com 32 mil pessoas no estádio. Nada parece adiantar para tirar o Inter do atoleiro. Reuniões de mobilização, promoções de ingressos mais baratos para atrair torcedores ao estádio, mudanças na escalação, alterações táticas, nada surte efeito. A troca de técnico não trouxe um melhor rendimento. Para sorte do Inter, os resultados paralelos deverão garantir a sua permanência na Primeira Divisão, mas as perspectivas do clube para 2026 são desoladoras.