A vantagem dos menos cotados

A definição das semifinais da Copa do Brasil com os confrontos Flamengo x Corinthians e Atlético Mineiro x Vasco fez com que muitos considerassem que a decisão da competição já estaria encaminhada entre o rubro-negro carioca e o representante mineiro. O sorteio da ordem dos mandos de jogo, realizado hoje, resultou com a vantagem dos menos cotados, alterando, ao menos em parte, a tendência de favoritismo. Corinthians e Vasco serão os mandantes dos segundos jogos dos confrontos, e isso poderá ter um peso decisivo para a classificação. Afora isso, Flamengo e Atlético Mineiro, os pretensos favoritos, vivem momentos turbulentos. Ambos perderam o primeiro jogo de seus enfrentamentos pelas quartas de final da Libertadores, e irão para o tudo ou nada na segunda partida. Caso sejam eliminados da competição, chegarão abalados aos jogos pela Copa do Brasil. O Corinthians, embora esteja seriamente ameaçado de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, tem conseguido avançar nas Copas do Brasil e Sul-Americana. O Vasco melhorou significativamente a sua campanha no Brasileirão, e não está em nenhuma outra competição, o que lhe dá uma maior tranquilidade para encarar o confronto. Em termos conceituais, pela maior qualidade dos seus grupos de jogadores, Flamengo e Atlético Mineiro seguem sendo os favoritos. Porém, com a condição de decidirem os confrontos em casa, aumenta a possibilidade de que Corinthians e Vasco venham a "comer o mingau pelas beiradas".

O Flamengo não engrena

Depois de 11 meses no Flamengo, já se pode dizer que o trabalho do técnico Tite não é bom. O Flamengo não engrena sob a orientação de Tite, o que ficou claro, novamente, após a derrota de hoje para o Peñarol, por 1 x 0, no Maracanã, pelas quartas de final da Libertadores. Embora tenha muitos desfalques por lesões, com jogadores que só retornarão no ano que vem, o Flamengo deveria estar rendendo mais. Seu grupo de jogadores é qualificado e numeroso e, portanto, capaz de suprir ausências. O Flamengo tem jogado menos a cada partida, o que não é aceitável para um clube que tem a mais alta folha de pagamento do futebol brasileiro. A derrota de hoje complica as chances de classificação para as semifinais, pois o segundo jogo será fora de casa, e para o adversário bastará um empate. A torcida, frustrada, vaiou Tite. Claro que o Flamengo poderá vencer em Montevidéu e reverter o quadro. Porém, pelo futebol que o Flamengo está jogando, isso parece pouco provável. Dependendo do que acontecer no segundo jogo, a demissão de Tite é uma possibilidade que, certamente, será cogitada..

Retranca

Uma velha conhecida de quem acompanha o futebol apareceu com destaque em importantes jogos de hoje. A retranca se fez presente, com eficiência, nos jogos Manchester City x Inter de Milão, pela Champions League, e Botafogo x São Paulo, na Libertadores. Ambos terminaram empatados em 0 x 0. O badalado Manchester City, do técnico Pepe Guardiola, não conseguiu furar o bloqueio defensivo do Inter de Milão, mesmo jogando em casa. Um resultado frustante para a estreia de um clube apontado como um dos favoritos para o título da competição. A marcação intensa do visitante não arrefeceu durante todo o jogo, e impediu que o dono da casa chegasse à vitória. Na Libertadores, não foi diferente. O São Paulo, decidido a transferir a definição do confronto para o segundo jogo, em seu estádio, buscou o empate, e alcançou o seu objetivo. Porém, sua solidez defensiva não foi tão grande quanto à do Inter de Milão. No primeiro tempo, o Botafogo teve muitas chances de gol, e parou nos erros de acabamento nas conclusões e nas grandes defesas do goleiro Rafael. O ímpeto do Botafogo caiu um pouco no segundo tempo, o que favoreceu os planos do São Paulo. No final, o Botafogo aumentou a pressão, mas o São Paulo conseguiu resistir. Com o resultado obtido, o Inter de Milão dá um grande passo visando à classificação para as oitavas de final da Champions League. Ao arrancar o empate pretendido, o São Paulo inverte o favoritismo do Botafogo, e aumenta significativamente suas chances de classificação para as semifinais da Libertadores. A retranca não é agradável para quem busca ver um grande espetáculo nos jogos de futebol. Porém, para quem joga "com o regulamento debaixo do braço", é um recurso usual e, muitas vezes, bem sucedido.

Perdendo fôlego

Na hora em que as competições caminham para a sua definição, o Fortaleza, de tantas boas campanhas nos anos mais recentes, começa a mostrar dificuldades. Com a derrota de hoje para o Corinthians por 2 x 0, pelas quartas de final da Copa Sul-Americana, no Castelão, o Fortaleza evidencia que está perdendo fólego, justamente quando as competições que está disputando se aproximam de suas fases mais decisivas. No Campeonato Brasileiro, o Fortaleza disputava a liderança com o Botafogo, mas perdeu no confronto direto com o clube carioca e, na sequência, também foi derrotado pelo Inter, e foi ultrapassado pelo Palmeiras, caindo para o terceiro lugar na classificação. A derrota de hoje, que suscitou vaias de torcedores, foi especialmente dolorosa, pois o Fortaleza não perdia um jogo no Castelão desde março último. Afora isso, o placar do jogo, 2 x 0, torna muito difícil uma reversão na segunda partida, que será no Itaquerão. O Fortaleza tem um bom técnico, o argentino Juan Pablo Vojvoda, que conseguiu montar um conjunto competitivo com um grupo de jogadores limitado. Porém, há momentos em qye a qualidade técnica pesa muito. Com jogadores mais modestos que os de boa parte de seus adversários, o Fortaleza começa a bater no teto de suas possibilidades.

Resultado previsível

Foi uma vitória protocolar. O Inter goleou o Cuiabá por 3 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, um resultado previsível. Não se poderia esperar nada diferente do jogo entre um Inter em ascensão contra um Cuiabá que entrou na zona de rebaixamento há muitas rodadas e de lá não consegue sair. O jogo foi muito fácil para o Inter, que abriu o placar logo aos 10 minutos, de pênalti, com Alan Patrick. Aos 40, Gabriel Mercado fez um golaço, ampliando para o Inter. Borré, aos 27 do segundo tempo, completou o marcador. O Cuiabá não ofereceu resistência, foi facilmente batido. Wesley, mais uma vez, foi um atacante insinuante, incomodando a defesa adversária e criando lances perigosos em favor do Inter. O momento do Inter é bom. Resta saber se o Inter conseguirá manter o atual rendimento até o final do Brasileirão.

Erro imperdoável

Os jogos do Grêmio tornaram-se torturantes para o torcedor. O Grêmio empatou em 2 x 2 com o Red Bull Bragsntino, hoje, no Nabi Abi Chedid, pelo Campeonato Brasileiro, num jogo que ficou marcado por um erro imperdoável do lateral esquerdo Reinaldo. O Grêmio vencia por 2 x 1, jogando melhor que o adversário, quando, aos 17 minutos do segundo tempo, Reinaldo perdeu o controle da bola que caiu nos pés do atacante Vinicinho. O atacante dominou a bola e passou por Reinaldo como se estivesse desfilando numa passarela e, ato contínuo, avançou para área e chutou no canto, empatando o jogo. Foi o maior dos itens do festival de horrores que o torcedor do Grêmio teve de suportar, e que já começou com a escalação. Rodrigo Caio, que não apresenta boas condições físicas e só havia jogado poucos minutos contra o Palmeiras, foi escalado, em detrimento do jovem Natã Felipe. A conta não tardou a chegar, e Rodrigo Caio cometeu dois pênaltis. Para sorte do Grêmio, o primeiro foi ignorado pela arbitragem. As substituições seguiram sendo um filme de terror. A saída de Breithwaite para a entrada de Diego Costa é injustificável. Retirou-se um jogador que fazia uma boa partida, e colocou-se em seu lugar um outro fora de forma, que mal conseguia se mover. Pela enésima vez, Monsalve e Cristaldo foram substituídos ao mesmo tempo, tirando os dois jogadores de criação do Grêmio de uma só vez. No caso de Monsalve, sua saída é injustificável, pois ele era o melhor jogador da partida e, como tem apenas 20 anos, não poderia estar cansado. Dessa forma, com erros absurdos e substituições desastrosas, o Grêmio desperdiçou cinco dos últimos seis pontos que disputou, e ainda não abriu uma margem de distância larga da zona de rebaixamento. Menos mal que, ao contrário da rodada anterior, dessa vez os resultados paralelos foram favoráveis ao Grêmio. Porém, com tantos erros praticados a cada jogo, o sofrimento do Grêmio na competição deverá ir até o final.

A dramática situação do Corinthians

Um quadro que se agravou ainda mais. A dramática situação do Corinthians no Campeonato Brasileiro mostra que a possibilidade do rebaixamento vai se tornando cada vez mais concreta. Com a derrota de hoje para o Botafogo, por 2 x 1, no Engenhão, o que já era ruim ficou aimda pior. O Corinthians tem apenas 25 pontos em 26 jogos disputados. Para chegar aos 45 pontos que, em tese, seriam necessários para escapar da queda, terá de somar 20 nos 12 jogos que lhe restam. Uma tarefa hercúlea e pouco viável. O primeiro critério de desempate, caso se iguale a um adversário em pontos, o número de vitórias, também não favorece o Corinthians. Até agora, o Corinthisns obteve apenas cinco vitórias. O Vitória, por exemplo, que também está na zona de rebaixamento, já venceu sete jogos. Curiosamente, o Corinthians ainda está vivo em outras duas competições, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Porém, por mais sedutora que seja a possibilidade de ganhar o título de uma delas e obter classificação para a Libertadores, manter-se na Primeira Divisão deveria ser a prioridade absoluta do Corinthians. O rebaixamento tem um efeito deletério para um grande clube, em termos de perda de prestígio e dinheiro. Está na hora de o Corinthians voltar o seu foco inteiramente para garantir sua permanência na Série A.

O Brasil arde em chamas

As queimadas que estão devastando áreas das regiões Centro-Oeste e Sudeste do país não são resultado de um desastre natural. O Brasil arde em chamas pela ação criminosa do chamado "agro", o setor da economia que reúne os latifundiários. A publicidade do "agro" o coloca como sendo um pilar da economia brasileira, que muito faz pelo país. A realidade é bem diferente. Os grandes proprietários de terras só protegem os seus interesses. A comida que alimenta os brasileiros vem, na verdade, dos pequenos e médios proprietários. O fogo que se alastra pelas áreas rurais destrói muitos hectares de terras, causa danos terríveis à flora e a fauna, e espalha uma fumaça tóxica em grande parte do território do país e até em nações vizinhas, prejudicando a saúde das pessoas. Os incêndios resultam de uma ação orquestrada que visa a desestabilização do governo. Derrotada em 2022, a direita não se conforma, e lança mão de todos os meios sórdidos possíveis para tentar voltar ao poder. Cabe ao governo não se deixar intimidar, e responsabilizar criminalmente os autores das queimadas.

Semifinais definidas

Dois confrontos de camisas pesadas. A Copa do Brasil está com suas semifinais definidas. Flamengo x Corinthians e Atlético Mineiro x Vasco farão quatro jogos com estádios lotados e a promessa de muita emoção. Os quatro clubes somam, juntos, dez títulos da competição. Em princípio, Flamengo e Atlético Mineiro surgem como os favoritos. O confronto mais desigual, tecnicamente, é Flamengo x Corinthians, pois o clube carioca possui o melhor grupo de jogadores do país, enquanto seu adversário luta para fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Embora menos desequilibrado, o outro confronto tem como favorito o Atlético Mineiro diante do Vasco. O clube mineiro não teve o desempenho que se esperava ao longo do ano, mas seu grupo de jogadores é superior ao de seu oponente. O Vasco vem em ascensão, e já está na primeira página da classificação do Brasileirão, mas possui evidentes limitações de qualidade, e seu técnico, Rafael Paiva ainda tem o rótulo de interino. Porém, sejam quais forem os classificados para a grande decisão, ela envolverá clubes de grande tradição, garantindo um final digno para a competição que paga as mais altas premiações no país.

Apito amigo

Um erro escandaloso e imperdoável. O Inter venceu o Fortaleza por 2 x 1, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, mais uma vez, com a ajuda do apito amigo. No segundo gol do Inter, há uma falta claríssima de Gabriel Mercado sobre Brítez. Mais grave que o árbitro não ter marcado, foi o VAR não o ter chamado. Para tornar a injustiça ainda mais revoltante, Brítez foi expulso por reclamação. A arbitragem brasileira segue de mal a pior. O Inter saiu na frente com Alan Patrick aos 20 minutos, mas o Fortaleza empatou ainda no primeiro tempo, com Titi aos 46, resultado que expressava mais corretamente o que se via dentro das quatro linhas. O jogo seguia equilibrado no segundo tempo, até que a arbitragem decidiu a partida em favor do Inter. O Fortaleza, que se vencesse assumiria a liderança do Brasileirão, foi prejudicado. Foi um resultado injusto, que não espelhou o que se viu no jogo.

Atuação desanimadora

Uma equipe desarticulada, burocrática. Na derrota da Seleção Brasileira por 1 x 0 para o Paraguai, hoje, no Defensores del Chaco, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, pior que o resultado foi a atuação desanimadora. A Seleção teve mais posse de bola que o Paraguai, mas não levou perigo ao gol adversário durante todo o jogo. As individualidades, mais uma vez, não conseguiram se destacar. Vinícius Júnior teve outro desempenho decepcionante. Rodrygo se manteve apagado. Endrick pouco participou do jogo, e foi substituído no intervalo. Outro que saiu no intervalo foi Bruno Guimarães, que não reproduz na Seleção o bom futebol que demonstra em seu clube, o Newcastle. O técnico da Seleção, Dorival Júnior, perdeu o seu primeiro jogo desde que assumiu o cargo, mas seu trabalho, até agora, nada mostrou em termos de consistência. Hoje, a Seleção perdeu para um adversário que só havia marcado um gol nas Eliminatórias, e que, mesmo assim, chegou a despertar gritos de "olé" de sua torcida. A cada jogo, mais o torcedor se frustra, e aumenta o seu distanciamento com a Seleção Brasileira. As perspectivas da Seleção não são nada entusiasmantes. Até agora, desde o início do ciclo para a próxima Copa, nada se viu de positivo na Seleção.

Escolha acertada

Um episódio constrangedor, em que o governo federal mostrou agilidade na resolução. Após a demissão do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, acusado de assédio sexual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma escolha acertada para sua substituição no cargo. Lula nomeou a deputada estadual de Minas Gerais Macaé Evaristo (PT), mulher negra e professora desde os 19 anos. Macaé Evaristo foi secretária municipal de Educação de Belo Horizonte de 2005 a 2012. Em 2013 e 2014, ocupou cargo no ministério da Educação. No período de 2015 a 2018 foi secretária estadual de Educação de Minas Gerais. Em 2020 foi eleita vereadora de Belo Horizonte e, em 2022, deputada estadual. Como mulher, negra, e educadora com respeitável currículo, Macaé Evaristo é nome qualificado para um dos ministérios mais representativos do governo. As atribuições da pasta de, entre outras mazelas sociais, combate ao racismo e feminicídio, por exemplo, não podem desacelerar em função da rumorosa demissão de Sílvio Almeida. Com a nomeação de Macaé Evaristo, a relevância do trabalho desenvolvido pelo ministério está garantida.

Momentos distintos

A parada forçada da Data Fifa está sendo experimentada de formas diferentes por Grêmio e Inter. Em função dos últimos resultados antes da paralisação, os dois clubes vivem momentos distintos antes de retomarem a rotina de jogos. A patética derrota de virada sofrida pelo Grêmio para o Atlético Mineiro, no dia em que voltava a jogar na Arena, convulsionou o ambiente do clube, que voltou a se aproximar da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Como se não bastasse, a polêmica gerada sobre a suposta atitude do técnico Renato de se oferecer para o Cruzeiro, visando o ano de 2025, tumultuou ainda mais a situação. Diferentemente do Grêmio, o Inter é só confiança após a vitória sobre o Juventude, no Alfredo Jaconi. Antes preocupado com um possível rebaixamento, o Inter começa a sonhar com melhores posiçòes na classificação. O retorno do Inter aos jogos se dará antes, será na quarta-feira, no Beira-Rio, contra o Fortaleza, em jogo atrasado do primeiro turno do Brasileirão. Um jogo difícil, mas que o clube encara com muito otimismo. O mesmo não se pode dizer do Grêmio, que só jogará novamente no próximo domingo, contra o Red Bull Bragantino, fora de casa. A forma como ocorreu a derrota no último jogo, minou a confiança que vinha sendo obtida com uma sequência de bons resultados. O longo período sem jogos permitirá ao técnico Renato fazer muito treinos, condição que o calendário, normalmente, não permite, o que já lhe retirará, de antemão, uma das desculpas que mais usa para justificar maus resultados. Resta esperar pelo retorno dos jogos para se saber se a realidade confirmará ou não as expectativas e apreensões em torno de um e de outro.

A demissão de Sílvio Almeida

Foi uma enorme decepção, vinda de quem não se esperava. A demissão de Sílvio Almeida, que ocupava o cargo de ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, é um duro baque para todos que confiavam no seu trabalho, referendado por uma trajetória brilhante em sua área de atuação. Formado em Direito e Filosofia, Sílvio Almeida tem uma sólida atuação na abordagem do racismo estrutural no Brasil, inclusive com vários livros publicados sobre o assunto. Entre os integrantes do ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era uma das figuras mais representativas. Porém, o ministro foi alvo de denúncias por assédio moral e sexual. Após reunir-se com Sílvio Almeida, o presidente Lula decidiu-se pela sua demissão. Entre outros fatores, Lula não gostou de Sílvio Almeida ter se utilizado da máquina do governo para se defender das acusações. Obviamente, a demissão de um ministro, e as razões que levaram ao seu desligamento, serão muito exploradas pela oposição. No entanto, o presidente agiu com a celeridade necessâria, mostrando que não compactua com deslizes desse tipo. Resta desejar que o próximo ocupante do cargo seja um nome capaz de dignificar áreas tão relevantes e sensíveis como são as abrangidas pelo ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

Mais uma atuação decepcionante

Uma situaçào que se repete de forma entediante. Em mais uma atuação decepcionante, a Seleção Brasileira venceu o Equador por 1 x 0, no Couto Pereira, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, chegando a receber vaias de uma parte dos torcedores. O primeiro tempo da Seleção, período em que saiu o gol de Rodrygo, aos 29 minutos, foi apenas razoável. O segundo foi muito fraco. A má atuação coletiva fez com que não aparecessem grandes destaques individuais. Vinícius Júnior, novamente, frustrou as expectativas quanto ao seu desempenho. O pouco tempo para treinar pode explicar, em parte, a falta de conjunto da equipe. Porém, mesmo assim, a Seleção teria de mostrar mais futebol. O único fato positivo do jogo foi a vitória, que fez a Seleção subir para o quarto lugar na classificação das Eliminatórias. O público que esteve presente no estádio, e pagou preços elevadíssimos pelos ingressos, merecia uma apresentação bem melhor da Seleção.

O futuro de Renato

Um assunto tem sido dominante desde domingo no meio esportivo do Rio Grande do Sul. O futuro de Renato, técnico do Grêmio, tornou-se a grande discussâo do momento, após a patética derrota para o Atlético Mineiro. Renato, que já vinha acumulando erros que levaram o Grêmio a ser desclassificado de duas competições num espaço de poucos dias, fez, no jogo contra o Atlético, substituições desastradas que transfornaram uma vitória parcial de 2 x 0, mesmo com um jogador a menos, numa dolorosa derrota de virada, que trouxe, como consequência, a reaproximação com a zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Foi a gota d'âgua que fez transbordar o copo. A crescente impaciência de grande parte da torcida com as atitudes de Renato atingiu o ápice. A falta de leitura de jogo por parte de Renato, sua insistência com jogadores que não apresentam rendimento técnico em detrimento de outros bem mais qualificados, a demora no aproveitamento de jovens revelações e de novos contratados, suas substituições desastrosas durante as partidas, fizeram com que a irritação dos torcedores fosse se ampliando. A verdade é que o trabalho de Renato no Grêmio está muito desgastado. Porém, cogita-se de que o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, deseja manter o técnico para 2025, pois julgaria arriscado abrir mão de Renato no ano em que o Grêmio tentará conquistar o octacampeonato estadual, e que será o último de seu mandato. Guerra, ao que se diz, temeria tirar Renato do cargo num ano em que será realizada uma eleição para presidente do clube. No entanto, o quadro atual demonstra que o encerramento do ciclo de Renato como técnico do Grêmio seria uma boa solução para todas as partes. A dependência entre os dois dá claros sinais de esgotamento, e não é benéfica para ninguém.

Invasão estrangeira

O mercado do futebol brasileiro se abriu, como nunca antes, para técnicos e jogadores de outros países. A invasão estrangeira atingiu o seu auge na recém encerrada "janela" de contratações. Antes restritas aos jogadores de países sul-americanos, as contratações dos clubes brasileiros não apresentam mais qualquer limitação de origem geográfica. Se a contratação do atacante dinamarquês Breithwaite pelo Grêmio já foi considerada excêntrica, outras seguem na mesma linha. O Santos foi ainda mais ousado, trazendo o atacante gambiano Yusupha. O São Paulo contratou o lateral esquerdo norte-irlandês Jamal Lewis. O Vasco trouxe o meiocampista suiço Maxime Dominguez. Os exemplos são abundantes. A CBF foi autorizando, progressivamente, o aumento do número de estrangeiros permitido por clubes, embora haja limitação a quantos podem ser relacionados por jogo. O Grêmio é o recordista de jogadores estrangeiros no grupo, com um total de nove. Os motivos para a vinda de tantos jogadores de fora são os mais variados. O futebol brasileiro, atualmente, é dominante na América do Sul, esportiva e economicamente. O Campeonato Brasileiro, com fórmula idêntica às dos principais congêneres europeus, tornou-se mais atrativo fora do país. Porém, como todo fenômeno, a invasão estrangeira no futebol brasileiro merece uma análise mais ponderada quanto aos seus efeitos. Em médio prazo, as consequências poderão ser negativas, pois a crescente ocupação por estrangeiros retirará espaço dos jogadores locais. Muitas jovens revelações poderão ter suas oportunidades bloqueadas por quem vem de fora. Como se não bastasse isso, a maioria dos estrangeiros chega no Brasil com uma idade avançada, quando não interessam mais ao mercado europeu. Paralelamente, jovens recém revelados pelos clubes brasileiros logo tomam o rumo do exterior, numa troca claramente desvantajosa. Em termos de Seleção Brasileira, a situação também não é favorável, pois os principais jogadores do país atuam no exterior, enquanto estrangeiros chegam aos magotes nos clubes do país, o que retira a identificação do torcedor com a equipe canarinho. O ideal seria que os clubes brasileiros pudessem reter seus jovens de grande nível por mais tempo, sem recorrer aos estrangeiros com tanta frequência.

Atitude exemplar

O técnico da Seleção da Holanda, Ronald Koeman, tomou uma decisão que poderá gerar polêmicas, mas merece elogios. A atitude exemplar de Koeman se deu após o técnico tomar conhecimento de que o atacante Bergwijn , de 26 anos, transferiu-se do Ajax para o Al Ittihad, da Arábia Saudita. Koeman disse que Bergwijn, que já disputou duas Copas do Mundo, encerrou sua trajetória na seleção, pois, aos 26 anos, um jogador deve priorizar a questão esportiva, não a financeira. O técnico tem toda a razão. O futebol saudita atrai técnicos e, mais recentemente jogadores estrangeiros, oferecendo salários muito altos. Porém, em termos técnicos, o país continua irrelevante no contexto do futebol mundial. Ao decidir aceitar a transferência para a Arábia Saudita, Bergwijn mostra que deixou de lado, muito cedo, a busca de seu aprimoramento técnico, privilegiando, apenas, a questão monetária. Na Arábia Saudita, Bergwijn estará apartado da competitividade e relevância do futebol europeu. Com isso, perderá a condição de um jogador num ambiente de alto rendimento esportivo, como o que frequentou até então. O futebol, ao longo do tempo, foi se transformando num grande negócio para todos os envolvidos, mas um jogador de uma seleção de expressão no contexto mundial deveria buscar outros objetivos acima de acumular fortuna.

Decisão reconfortante

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, restituiu a validade do julgamento que condenara à prisão os quatro réus indiciados pelo incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no ano de 2013, que causou a morte de 242 pessoas. Sem dúvida, é uma decisão reconfortante, que alivia o sofrimento das famílias das vítimas. Marcelo de Jesus dos Santos, Elissandro Calegaro Spohr, Luciano Bonilha Leão e Mauro Londero Hoffmann, foram condenados, em dezembro de 2021, ao cumprimento de penas que variavam de 18 a 22 anoa de prisão, mas o julgamento foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em agosto de 2022. Em setembro de 2023, a sexta turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a anulação. O caso foi, então, para o STF. Em maio de 2024, a Procuradoria Geral da República pediu ao STF o reestabelecimento da condenação dos réus. A decisão de Dias Toffoli evita que se mantenha a impunidade num caso de repercussão mundial, onde tantas vidas foram ceifadas. A dor dos familiares das vítimas é eterna, mas seria ainda mais dilacerante se os réus continuassem soltos.

Boa fase

Os tempos ruins estão ficando para trás. O Inter venceu o Juventude por 3 x 1, hoje, no Alfredo Jaconi, pelo Campeonato Brasileiro, e começa a viver uma boa fase, como há muito tempo não acontecia. O empate diante do Cruzeiro, na quarta-feira, fora de casa, com um jogador a menos desde os 32 minutos do primeiro tempo, parece ter dado a confiança que o grupo de jogadores buscava. O técnico Róger Machado começa a dar ao conjunto a organização que Eduardo Coudet nunca conseguiu. Afora isso, a competitividade, antes ausente, agora se faz notar e, certamente, isso é reflexo da presença de D'Alessandro no vestiário, como gerente de futebol. Na reta final do ano, o Inter começa a engrenar. Resta saber se, como aconteceu tantas vezes, não será, apenas, fogo de palha.

Derrota vergonhosa

Um resultado vexatório, para o qual não há desculpa. O Grêmio perdeu por 3 x 2, de virada, para o Atlético Mineiro, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro, uma derrota vergonhosa. Foi a volta do Grêmio ao seu estádio, após mais de cem dias, em função dos danos causados pela enchente. Aos 20 minutos de jogo, o Grêmio sofreu o seu primeiro grande prejuízo, com a expulsão de Gustavo Martins. O árbitro Raphael Claus (SP), exagerou no rigor, num lance que merecia, apenas, o cartão amarelo. Ainda assim, o Grêmio conseguiu abrir dois gols de vantagem, com Braithwaite, aos 32 minutos, e Cristaldo, aos 41. Na volta do intervalo, o Atlético fez substituições arrojadas. Como tinha um jogador a mais, o técnico do Atlético, Gabriel Milito, retirou seus dois volantes, e os substituiu por atacantes. Foi aí que o técnico do Grêmio, Renato, começou a destruir a vitória que estava sendo obtida. Renato retirou Braithwaite e Monsalve, colocando Natã Felipe e Edenílson, com o claro propósito de segurar o resultado. Saíram um atacante que fazia boa atuação e um dos homens de criação, para darem lugar a um zagueiro e um volante. Era tudo que o Atlético precisava, um adversário entrincheirado sem capacidade de contragolpear. Não satisfeito, Renato retirou Cristaldo, seu outro homem de criação, para a entrada de Nathan Fernandes. O objetivo, claro, era aproveitar a velocidade de Nathan Fernandes para fazer rápidas escapadas. Porém, a ideia não funcionou. O garoto vive péssima fase, e acabou substituído antes do final do jogo. Aos 27 minutos, a conta dos desatinos de Renato começou a chegar. O árbitro marcou um pênalti, inexistente, em favor do Atlético, supostamente cometido por João Pedro. Ainda assim, o Grêmio conseguia sustentar sua vitória, até que, aos 47 minutos, João Pedro cometeu outro pênalti. Veio o empate, e na sequência aos 50 minutos, o gol da virada. Em sua entrevista pós-jogo, Renato se eximiu totalmente de responsabilidade, e colocou a culpa, inteiramente, nos jogadores que, conforme suas palavras, cometeram erros infantis. Na verdade, o maior artífice da derrota do Grêmio foi Renato, com suas substituições desastrosas.