quinta-feira, 9 de maio de 2024

Tirando o corpo fora

A desfaçatez de certas pessoas não tem limite. Administradores diretamente responsáveis pela tragédia climática que atinge o Rio Grande do Sul estão tirando o corpo fora, ao afirmarem que "não é hora de buscar culpados". As enchentes no Rio Grande do Sul não são uma fatalidade. São a consequência do descaso com o meio ambiente, do afrouxamento das leis de proteção à natureza, da postura negacionista, da aliança espúria entre o poder instituído e o agronegócio. O maior exemplo disso é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Neoliberal de carteirinha, Leite é um ecocida. Seu governo, há dois meses, afrouxou as regras ambientais para permitir a construção de açudes em áreas de reservas, visando projetos de irrigação, favorecendo os interesses do agronegócio. Leite privatizou a Corsan, transformando a água, recurso fundamental para a manutenção da vida, numa fonte de lucros para o setor privado. Sempre atento às ações de marketing, Leite, desde o início das enchentes, aparece com o jaleco da Defesa Civil, no centro de operações, posando de paladino das ações de socorro. Ao dizer que não era de apontar culpados, Leite está tentando evitar sua óbvia responsabilização pelo desastre ambiental. Não vai conseguir. Resta esperar que o eleitor, nos pleitos municipais de 2024, e no estadual de 2026, tenha a sabedoria de afastar das prefeituras e do governo do estado, as figuras nefastas que cortaram verbas da proteção ambiental, abrindo o caminho para a tragédia cujas consequências ainda não podem ser mensuradas.