quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Invasão estrangeira

O mercado do futebol brasileiro se abriu, como nunca antes, para técnicos e jogadores de outros países. A invasão estrangeira atingiu o seu auge na recém encerrada "janela" de contratações. Antes restritas aos jogadores de países sul-americanos, as contratações dos clubes brasileiros não apresentam mais qualquer limitação de origem geográfica. Se a contratação do atacante dinamarquês Breithwaite pelo Grêmio já foi considerada excêntrica, outras seguem na mesma linha. O Santos foi ainda mais ousado, trazendo o atacante gambiano Yusupha. O São Paulo contratou o lateral esquerdo norte-irlandês Jamal Lewis. O Vasco trouxe o meiocampista suiço Maxime Dominguez. Os exemplos são abundantes. A CBF foi autorizando, progressivamente, o aumento do número de estrangeiros permitido por clubes, embora haja limitação a quantos podem ser relacionados por jogo. O Grêmio é o recordista de jogadores estrangeiros no grupo, com um total de nove. Os motivos para a vinda de tantos jogadores de fora são os mais variados. O futebol brasileiro, atualmente, é dominante na América do Sul, esportiva e economicamente. O Campeonato Brasileiro, com fórmula idêntica às dos principais congêneres europeus, tornou-se mais atrativo fora do país. Porém, como todo fenômeno, a invasão estrangeira no futebol brasileiro merece uma análise mais ponderada quanto aos seus efeitos. Em médio prazo, as consequências poderão ser negativas, pois a crescente ocupação por estrangeiros retirará espaço dos jogadores locais. Muitas jovens revelações poderão ter suas oportunidades bloqueadas por quem vem de fora. Como se não bastasse isso, a maioria dos estrangeiros chega no Brasil com uma idade avançada, quando não interessam mais ao mercado europeu. Paralelamente, jovens recém revelados pelos clubes brasileiros logo tomam o rumo do exterior, numa troca claramente desvantajosa. Em termos de Seleção Brasileira, a situação também não é favorável, pois os principais jogadores do país atuam no exterior, enquanto estrangeiros chegam aos magotes nos clubes do país, o que retira a identificação do torcedor com a equipe canarinho. O ideal seria que os clubes brasileiros pudessem reter seus jovens de grande nível por mais tempo, sem recorrer aos estrangeiros com tanta frequência.