sexta-feira, 29 de junho de 2012

Estatuto desrespeitado

A pedido de procuradores do Ministério Público, o Inter teve o seu estádio, o Beira-Rio, que se encontra em obras, interditado para a realização de jogos e espetáculos. Essa medida, responsável e indispensável para a defesa da integridade dos espectadores, foi tomada até com atraso, mas, por incrível que pareça, deflagrou reações absurdas. A imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, em vez de saudar a profilática providência, carregou-lhe de críticas, insinuando que os procuradores seriam gremistas, e, portanto, estariam tentando desfavorecer o Inter! Ora, o Beira-Rio é o único estádio que foi relacionado para a Copa do Mundo de 2014 que não paralisou a realização de partidas. Em todos os outros estádios da Copa, o início das obras levou á suspensão dos jogos. Por que só o Beira-Rio seria exceção, pondo em risco as pessoas que o frequentam? O Inter alega prejuízos financeiros e esportivos caso não possa jogar em seu estádio, mas, como muito bem argumentou o procurador Fábio Sbardelotto, tais razões não tem de ser levadas em conta pelo Ministério Público. O festival de sandices prosseguiu com o técnico do Inter, Dorival Júnior, pronunciando-se a respeito do fato, dizendo que tinha convicção de que a medida seria revertida, e apelando para que não tirassem do seu clube o direito de ser campeão brasileiro. Uma declaração em tudo disparatada e inadequada, quanto mais não seja, por que não cabe a um técnico imiscuir-se em assuntos que só dizem respeito aos dirigentes. Afora isso, suas colocações mais parecem uma desculpa prévia para o caso de um fracasso de seu time em campo. O ponto culminante dessa ópera bufa foi dado pela CBF, a instituição que comanda o futebol brasileiro. Desrespeitando o que estabelece o Estatuto do Torcedor, a CBF dilatou, por duas vezes, o prazo de confirmação do local da partida do Inter contra o Cruzeiro, marcada para o dia 7 de julho, permitindo, assim, um tempo maior para que o clube gaúcho busque revogar a decisão judicial que impede jogos no Beira-Rio. Um favorecimento inexplicável. Historicamente, o Inter sempre foi muito bom em ações nos bastidores. Isso se comprovou mais uma vez. Se, contudo, sua força chegar ao ponto de obter a revogação da pertinente medida que suspende os jogos no Beira-Rio, estaremos diante de um absurdo jurídico e da prevalência de interesses particulares sobre os da cidadania.

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